Na sexta-feira, 21, o secretário de Cooperação nos Assuntos de Segurança Pública, Carlos Henrique Pinto, o secretário de Habitação, André Von Zuben, e o coordenador da Defesa Civil, Sidney Furtado, estiveram mais uma vez no Beco Mokarzel.
O intuito da visita foi convencer os moradores dos locais a deixarem as casas, que estão em Área de Proteção Permanente. Também foram feitas vistorias nas casas. Segundo Sidney Furtado, esta ação é diária: “Apenas uma casa mostra grau de comprometimento preocupante para demolição”.
Os moradores do Beco foram convidados a visitar as casas do “Minha Casa, Minha Vida”, situadas no bairro do Campo Grande. Dois microônibus fizeram o transporte dos interessados em conhecer o local, que possivelmente será a futura residência deles se concordarem em deixar o Beco Mokarzel.
Os moradores estão relutantes em deixar Sousas e seguir para o Campo Grande. A moradora Ana Paula Pires Borges, que reside no Beco há 20 anos, é uma das exceções: “Só de acordar sem preocupação com enchente. Muita gente fala que o bairro lá é perigoso, mas a gente que faz o bairro. Meu marido trabalha aqui, mas pegaria ônibus da empresa, eu estou sem emprego e arranjaria por lá e meus filhos iriam para a nave-mãe”.
Carlos Henrique Pinto reiterou o compromisso, feito no dia anterior, com os moradores de que apenas as casas que estivessem comprometidas serão demolidas e que, por sua vez, em caso de inundações, os moradores deixariam suas casas assim que avisados pela Defesa Civil.
O secretario também deixou claro que a Prefeitura trabalha para manter os moradores em Sousas e que o terreno público, próximo ao Cândido Ferreira, não pode receber as construções do “Minha Casa, Minha Vida” pois a obra está embargada pela justiça.
Para ele, não ocorre nenhum processo de “Higienização Social” em Sousas neste momento: “Eu acho que não existe mais em Campinas esta cultura arcaica de que pobre não pode ficar perto de rico”.
André Von Zuben, secretário de Habitação, concorda com Carlos Henrique: “Qualquer ideologização, falar de Higienização Social, não tem nada a ver. O que está ocorrendo é uma busca pela preservação da vida”. Von Zuben concorda que, com o auxílio-moradia que receberão, os moradores do Beco Mokarzel dificilmente encontrarão lugar para viver em Sousas: “Aqui é uma área muito cara, mas não tem como a prefeitura interferir”.
Para ele, qualquer promessa de construção do “Minha Casa, Minha Vida” em Sousas seria leviano: “Eu não posso prometer agora porque o terreno está embargado, É um processo que está na justiça e pode demorar mais de um ano. Então, é melhor oferecer para estas pessoas as casas do Campo Grande, que será inaugurado em abril, do que oferecer uma casa que não sabemos quando poderemos entregar”.
Von Zuben também esclareceu que o auxílio-moradia serve como comprovação de renda na hora de alugar um imóvel. “Em Campinas existem centenas de pessoas com este benefício, as pessoas já estão acostumadas”.
“Achei engraçadinha, feinha três vezes.”
Os moradores do Beco Mokarzel, que visitaram as instalações do “Minha Casa, Minha Vida”, voltaram menos relutantes para deixarem seus atuais lares. Duas irmãs comentaram com a reportagem do Jornal Local sobre suas impressões do lugar:
“Eu achei engraçadinha, que é feinha três vezes.” disse uma delas. A outra, disse que achou bonita, mas achou o espaço limitado. Esta parecia mais conformada em deixar o Beco e tentava convencer a mãe de que essa seria a melhor solução.