Terroristas bolsonaristas que durante semanas acamparam em frente do Quartel General do Exército em Brasília invadiram e depredaram, neste domingo (8), as sedes dos Três Poderes da República: o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF). Centenas de pessoas que haviam chegado a Brasília de ônibus horas antes também participaram do ataque.
A ação criminosa, que constitui um inaceitável ataque à democracia brasileira e à vontade do povo, que se manifestou nas urnas pela mudança de governo, quase não contou com resistência, uma vez que a Polícia Militar do Distrito Federal não foi mobilizada de acordo com o que a grave situação exigia.
Por isso, o presidente Lula determinou intervenção federal na Segurança Pública do DF (clique aqui para acessar o decreto assinado por Lula) e garantiu que os criminosos, inclusive os financiadores, serão identificados e punidos.
“Eles vão perceber que a democracia garante a liberdade, o direito de livre comunicação, o direito de expressão, mas ela também exige que as pessoas respeitem as instituições que foram criadas para fortalecer a democracia”, disse o presidente (veja vídeo abaixo).
Pouco depois, a Advocacia-Geral da União (AGU) pediu ao STF medidas judiciais contra os atos criminosos. Em seguida, o Ministro do Supremo e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, se manifestou: “Os desprezíveis ataques terroristas à Democracia e às Instituições Republicanas serão responsabilizados, assim como os financiadores, instigadores, anteriores e atuais agentes públicos que continuam na ilícita conduta dos atos antidemocráticos. O Judiciário não faltará ao Brasil”.
A presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, e o líder do governo Lula no Congresso Nacional, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), também denunciaram a omissão do governo do Distrito Federal.
“O Governo do DF foi irresponsável. É um crime anunciado contra a democracia, contra a vontade das urnas e por outros interesses. Governador (Ibaneis Rocha) e seu secretário de segurança (Anderson Torres), bolsonarista, são responsáveis pelo que acontecer”, afirmou Gleisi no Twitter.
“A manifestação terrorista em Brasília já era prevista e contou com a complacência e quase cumplicidade do governador do DF, Ibaneis Rocha. Qualquer coisa que vier a acontecer com a vida das pessoas e ao patrimônio do povo brasileiro, o Sr. Ibaneis Rocha será responsabilizado”, escreveu Randolfe.
O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), também criticou a omissão da polícia do Distrito Federal: “Esses atos criminosos ferem a democracia brasileira. As instituições não servem a um partido, deveriam ser preservadas. A polícia do DF é omissa! Não podemos pactuar com tamanha violência desses vândalos”.
Crime há tempos anunciado
Os atos terroristas deste domingo há muito vêm sendo planejados e estimulados pelo bolsonarismo. Desde o ano passado, Jair Bolsonaro e seus cúmplices seguem um roteiro muito parecido com o adotado pelo trumpismo nos Estados Unidos para atacar a democracia.
Como seu ídolo norte-americano, Bolsonaro atacou sistematicamente o processo eleitoral brasileiro, colocando dúvidas sobre a confiabilidade das urnas, com o claro intuito de, mais tarde, não reconhecer sua derrota.
Após perder nas urnas, Bolsonaro não reconheceu o resultado e, por meio do silêncio, acabou estimulando que golpistas bloqueassem estradas e acampassem em frente a quartéis do Exército em defesa de um golpe de Estado.
Essa mobilização levou a ações terroristas nas ruas de Brasília na noite de 12 de dezembro e um atentado a bomba chegou a ser evitado pela Polícia Civil do DF. O passo lógico seguinte seria o de promover em Brasília um episódio semelhante à invasão do Capitólio nos Estados Unidos. Esse passo foi dado neste domingo.
O deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS), novo ministro da Secretaria de Comunicação do governo Lula, ressaltou, no entanto, que a maioria do povo brasileiro que paz e democracia e nnao apoia o terrorismo, que vem de uma minoria que deverá se ver com a lei.
“Temos certeza que a maioria do povo brasileiro quer nesse momento união e paz para que o Brasil siga em frente. Essa manifestação é de uma minoria golpista que não aceitam o resultado da eleição e que prega a violência. Uma minoria violenta, que vai ser tratada com o rigor da lei”
— Paulo Pimenta (@DeputadoFederal) January 8, 2023
Reação internacional em defesa do Brasil
A farsa bolsonarista e de seus apoiadores terroristas, no entanto, está mais do que evidente não só para as autoridades brasileiras comprometidas com a democracia como também para os líderes mundiais que se opõem ao autoritarismo da extrema-direita em todo o mundo.
Segundo o jornalista Jamil Chade, do portal UOL, entidades internacionais e governos estrangeiros, como os do Chile, do Equador e da Colômbia, rapidamente saíram em defesa da democracia brasileira.
O embaixador da União Europeia, Ignacio Ybánez, afirmou que o bloco mantém “todo o apoio às instituições brasileiras” e indicou que acompanhava com “grande preocupação os atos antidemocráticos” no Brasil.
Já Gustavo Petro, presidente da Colômbia, disse que “o fascismo decidiu dar um golpe” e pediu uma reunião urgente da Organização dos Estados Americanos (OEA).
Da Redação do PT