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segunda-feira, dezembro 1, 2025
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Trump promete apurar ataque no Caribe após denúncias de execução de sobreviventes por forças dos EUA

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Presidente reage a revelações de imprensa que apontam ordem para “matar todos” em embarcação alvo de bombardeio; ONU vê indícios de execução extrajudicial e cobra investigação independente

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que irá investigar relatos de que militares norte-americanos teriam realizado um segundo ataque para eliminar sobreviventes de uma embarcação bombardeada no Caribe, episódio revelado por CNN e Washington Post e que já provoca pressões internacionais e acusações de violação de direitos humanos.

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A declaração veio a bordo do Air Force One, onde Trump disse não ter conhecimento prévio do caso e defendeu o secretário de Defesa, Pete Hegseth, acusado por oficiais de ordenar que “todas as pessoas no barco fossem mortas”. “Vou investigar isso. Não sei nada a respeito. Ele afirma que não ordenou isso, e eu acredito nele”, afirmou.

Nos bastidores diplomáticos, o telefonema entre Trump e Maduro levantou suspeitas sobre negociações paralelas. Foto Molly Riley/Fotos Molly Riley Molly RileyPublicas

O ataque inicial ocorreu em 2 de setembro, quando forças dos EUA bombardearam uma embarcação suspeita de transportar drogas. Segundo reportagens da imprensa norte-americana, após o bombardeio, dois sobreviventes permaneciam agarrados ao casco incendiado. A ordem para eliminá-los teria partido de Hegseth, contrariando protocolos militares internacionais e regras de engajamento das forças dos EUA. Ele nega.

Questionado se autorizaria um ataque adicional para matar sobreviventes, Trump respondeu: “Não, não teria desejado isso. Pete diz que não aconteceu”. A fala, no entanto, contrasta com depoimentos de militares citados pelo Washington Post, que afirmaram que a ordem dada foi explícita: “matar todos”.

Os ataques integram uma operação militar norte-americana no Caribe intensificada nos últimos meses, oficialmente apresentada como ação para conter o narcotráfico venezuelano. Desde setembro, Washington deslocou navios, caças, milhares de militares e um porta-aviões para a região. O governo Nicolás Maduro acusa os EUA de utilizar o combate ao tráfico como pretexto para desestabilizar Caracas.

A operação entrou no radar internacional após o Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, cobrar investigação independente, citando “provas contundentes” de possível execução extrajudicial. O Departamento de Justiça dos EUA sustenta que as ações respeitam a legislação norte-americana e tratados internacionais.

A pressão também cresce na Venezuela. O presidente da Assembleia Nacional, Jorge Rodríguez, anunciou uma comissão especial para investigar os ataques atribuídos aos EUA tanto no litoral venezuelano quanto no Pacífico, com base inclusive nas reportagens do Washington Post.

Além do episódio militar, Trump confirmou ter conversado por telefone com Maduro — informação revelada pelo New York Times —, mas não detalhou o conteúdo da conversa. Segundo o jornal, discutiu-se a possibilidade de uma visita do líder venezuelano aos EUA, mas nenhuma viagem estava marcada.

A investigação aponta semelhanças entre o caso e episódios anteriores envolvendo operações dos EUA em zonas marítimas de monitoramento antidrogas, especialmente no Pacífico. Em 2017 e 2019, advogados de militares norte-americanos denunciaram pressões internas para alterar relatórios sobre mortes de tripulantes de barcos interceptados, alegando “uso excessivo de força”. Nenhum desses casos avançou para processos formais.

Especialistas ouvidos por centros de pesquisa de segurança internacional afirmam que um segundo ataque contra sobreviventes violaria a Convenção de Genebra e protocolos da OTAN sobre regras de engajamento, que determinam que combatentes inimigos feridos devem ser socorridos quando deixam de representar ameaça. Se confirmado, o episódio descrito pela imprensa pode configurar crime de guerra, o que exige investigação externa e não apenas militar, segundo analistas.

A movimentação militar dos EUA no Caribe também coincide com pressão política interna. Congressistas republicanos próximos a Trump defendem postura mais agressiva contra Maduro, enquanto setores do Partido Democrata alertam que a escalada pode levar a confrontos diretos com forças venezuelanas ou até com embarcações civis. Documentos do Pentágono sobre a operação — não divulgados integralmente — geram debate na comunidade internacional sobre o grau de autorização delegada a comandantes de campo.

Outro ponto de contradição está na cronologia. Fontes citadas pela CNN afirmam que o ataque secundário durou apenas alguns minutos e teria sido registrado pelos sistemas de monitoramento da própria Marinha, o que tornaria possível localizar imagens e áudios da ordem controversa. Já o Departamento de Justiça afirma que não há “evidência documental conclusiva” de que o segundo disparo tenha ocorrido. A divergência sugere que parte dos registros pode estar sob sigilo militar ou que relatórios foram produzidos com lacunas.

Nos bastidores diplomáticos, o telefonema entre Trump e Maduro levantou suspeitas sobre negociações paralelas. Fontes do entorno do governo venezuelano afirmam que o diálogo não tratou apenas de uma eventual visita aos EUA, mas de garantias para evitar escaladas militares. O governo norte-americano nega qualquer acordo informal.

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