Marginalizados, eles não podem mais viver às margens do Atibaia
Os moradores do Beco II não escondiam a revolta com a interdição e demolição das casas da área.

Marco Antonio Pires morava na região há 29 anos e só conseguia lamentar o ocorrido. Segundo ele, com o auxílio-moradia de R$371,00 não haverá condições para permanecer em Sousas. Ele afirmou que já foi retirado quatro vezes do local, mas, por não ter para onde ir, sempre voltou: “Das outras vezes prometeram o auxílio-moradia e nunca pagaram”.
Juliana de Oliveira Godoy teve sua casa demolida no dia 13. Para ela, os moradores de classes sociais mais altas de Sousas comemoraram a retirada das famílias do Beco: “Quando eles precisam de empregada doméstica eles contratam a gente, mas ficam falando que aqui só mora bandido”. Ela também reivindicou uma cópia do pedido do auxílio-moradia. As funcionárias da Secretaria de Habitação informaram que nenhum morador recebeu este documento, apenas um atestado de adesão à retirada lhes foram entregues.
Ao chegar ao cenário de demolição das casas, o subprefeito de Sousas, Lucrécio Raimundo, foi aplaudido ironicamente. Os moradores mostravam-se insatisfeitos com sua administração e reivindicavam melhores condições nos abrigos da Prefeitura.
“Nós queremos nossas casas, mas nos jogaram em um abrigo que nem animais. A gente tem contas, nossas vidas. Eu morava há 12 anos aqui.” disse a moradora Iramar Amorim com lágrimas nos olhos.
No Beco Mokarzel, uma moradora tentava ligar para os Direitos Humanos da OAB: “Como vão tirar 50 famílias daqui, sem dar nenhum aviso prévio. Ameaçaram tirar os filhos das pessoas que não quiserem sair daqui”. Alguns moradores pretendiam queimar colchões como meio de protesto: “Tem que queimar lá na estrada que vai para o San Conrado, para incomodar os ricos”. Após o anúncio de que não seriam retirados naquele dia, houve comemoração: “Nós vamos ficar! Nós vamos ficar!” disse uma moradora emocionada.