Potabilização da água de reúso. Foi pensando nesta prática já adotada em diversas cidades pelo mundo que a Sanasa recebeu nesta segunda-feira, dia 9 de fevereiro, o professor da Universidade de São Paulo – USP -, e diretor do CIRRA – Centro Internacional de Referência em Reúso de Água -, Ivanildo Espanhol, que é especialista no assunto e está fazendo um estudo para utilização da água de reúso, ou melhor, de uma nova água.
A Sanasa solicitou esse estudo para potabilizar (tornar potável, própria para consumo humano) a água de reúso produzida pela Estação Produtora de Água de Reúso – EPAR Capivari II -, que produz uma água com 99% de grau de pureza. A intenção da empresa de saneamento é jogar essa água, depois de tratada conforme as exigências da Portaria 2914 do Ministério da Saúde, diretamente na rede de abastecimento. Segundo o professor Ivanildo Espanhol, hoje já atingimos uma tecnologia que possibilita essa operação.
“Nós temos tecnologia hoje para produzir uma água de altíssima qualidade a preços competitivos, como também temos tecnologia para certificar essa água, dando total proteção ao consumidor. Hoje, as palavras-chave de gestão, para mim, são: conservação e reúso de água. Nós temos que trabalhar na gestão da demanda e fazer reúso; eu acho que esse é o caminho a partir de agora”, destacou o professor Ivanildo.
A tecnologia para potabilizar água de reúso para distribuir à população já é uma realidade em países como África do Sul, Estados Unidos, Canadá e Austrália. Segundo o professor, na Namíbia, na África, o sistema de disponibilizar água de reúso potabilizada já está disponível para a população há mais de 40 anos. Ele contou que, em uma viagem que fez a este país africano, conheceu as estações de tratamento de água de reúso e. Inclusive. provou da água.
“Eu passei dez dias lá em Namíbia, conheci as estações, inclusive fiz questão de tomar água da rede, e sobrevivi, não tive nenhum problema”, brincou o professor.
De acordo com Ivanildo Espanhol, a Sanasa está na vanguarda em solicitar este estudo, e será a primeira cidade do Brasil a disponibilizar essa ‘nova água’ com qualidade e segurança. “A Sanasa sai à frente em fazer este estudo, e a ideia com esses testes e com esse sistema de tratamento é fornecer à população uma água segura, e o termo segura é mais forte do que potável. A gente sabe que não vai ter uma resposta nem a curto nem a longo prazos na saúde pública do consumidor.
Hoje não existe no Brasil uma legislação que regulamente o reúso da água. Uma portaria antiga, que é do Conselho Nacional dos Recursos Hídricos, a Portaria 54, trata do uso de água não potável, mas estabelece somente onde pode ser utilizada essa água.
Estação Produtora de Água de Reúso – EPAR
A Estação Produtora de Água de Reúso – EPAR Capivari II -, é a primeira estação desse porte na América Latina a utilizar a moderna tecnologia de Biorreatores e Membranas (MBR) para tratamento de esgoto doméstico. O processo utiliza um tipo de tratamento já adotado em outras partes do mundo, principalmente nos Estados Unidos, na Europa e no Japão. O sistema emprega membranas de ultrafiltração com porosidade nominal de 0.04 µm, do tipo submersas, com fibras ocas, fabricadas pela GE Water & Process Technologies.
O início de operação da EPAR Capivari II se deu em abril 2012. A 1ª fase dessa estação tem capacidade para tratar 180L/s de vazão média, ou seja, o suficiente para abastecer aproximadamente 90 mil pessoas. Atualmente, entrou em operação a 2ª fase do sistema de esgotamento sanitário Capivari II, resultando na duplicação da capacidade de tratamento.
Como o resultado do tratamento tem atendido às expectativas, a Sanasa Campinas pretende adotar a mesma concepção para outras estações que planeja construir, de modo a atingir 100% de tratamento de esgoto no município. A empresa também planeja investir para colocar estações que hoje são secundárias operando de modo terciário, com membranas filtrantes.