Falta de pontualidade e quebras constantes de veículos são problemas comuns enfrentados pelos usuários do sistema de transporte público de Sousas.
Além das reclamações à situação precária da Estação de Transferência, do tratamento dispensado pelos motoristas aos passageiros e das condições dos veículos, utilizar ônibus circular em Sousas, exige um pré-requisito importante: paciência.
Pelo menos, esse é o consenso entre usuários dos Distritos de Sousas e Joaquim Egídio, entrevistados pelo Jornal Local. Quando questionados sodê-lo – se antecipa até uma hora.
“Não é possível que precisemos levar até uma hora e meia para percorrer os pouco mais de 15 quilômetros até o Centro da cidade. E o que é pior, muitas vezes em ônibus em péssimas condições de manutenção”, diz a aposentada Maria das Graças Santos, enquanto esperava o ônibus em um ponto a Rua Cabo Oscar Rossim, em Sousas.
Além da falta de pontualidade – e de organização na liberação dos veículos, já que muitas vezes passam todos de uma vez, ficando depois um longo período sem a chegada de outro – a precariedade da frota é outro ponto de descontentamento dos usuários. “Sempre tem ônibus quebrado; com marcha que não entra, que nem sequer consegue subir direito a Avenida Moraes Sales, logo depois do Laurão. Um horror”, conta a auxiliar Administrativa Cecília Pereira dos Santos.
Usuária do transporte coletivo, em especial para levar o marido doente às consultas médicas, Maria Nicéia Maciel, acredita que as condições do transporte em Sousas demonstram o descaso das empresas – e também das autoridades municipais – em relação à população. “Tem de mudar tudo: o preço ainda é alto, a pontualidade é uma tristeza de ruim e a frota, de péssima manutenção”, resume.
Em resposta aos problemas apontados pela população, a Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (EMDEC) informa que, em relação às linhas 3.90 – Joaquim Egídio; 3.91 – Nova Sousas (Inclusivo),3.92 – San Conrado e 3.93 – Cabras / Sousas / Estrada de Sousas – já foram feitas, desde o início do ano, autuações por diversos problemas, como atraso, falta de veículos no horário, corte de itinerário, excesso de velocidade, maus tratos, estado de conservação, campainha quebrada e até limpeza dos ônibus, entre outras. Todas geraram punição financeira à empresa Pádova, responsável pelas linhas.
A EMDEC orienta ainda aos usuários que toda reclamação ou denúncia dos usuários deve ser realizada para o devido levantamento e providências, é importante que as reclamações relacionadas à operação do transporte público coletivo sejam acompanhadas da data e horário da ocorrência, bem como identificação e prefixo da linha. Esses relatos podem ser apresentados pelo próprio usuário ao telefone 118, o Fale Conosco Emdec.
O Jornal Local procurou a empresa Pádova, responsável pela operação das linhas de transporte coletivo nos dois distritos. Mas até o fechamento da edição, a Transurc, que intermediaria as informações não havia ainda respondido aos reclamos da população que se utiliza das linhas.
Situação piora aos fins-de-semana
Também moradores da área rural do Santa Maria, a operadora de caixa Lucivânia Ferreira e a sogra, Maria Aparecida, 54, classificam a situação de esperar por um ônibus como uma “tremenda dor de cabeça”. Lucivânia acrescenta, ainda, que aos fins de semana ou feriados, quando precisa trabalhar, espera uma hora e meia por um ônibus. “Eu tenho que chegar ao supermercado às 6h30, aí vou pro ponto às 4h30, porque se não for assim, chego atrasada”, reclama.
Ônibus trafega com porta quebrada e usuários são expostos a riscos Passageiros de Sousas e Joaquim Egídio se arriscam ao viajarem em um ônibus da empresa Coletivos Pádova, que trafega pelas ruas de Campinas com uma das portas de entrada e saída quebrada. O veículo transita sem manutenção e os passageiros conseguem ver a rua sem qualquer proteção na ala de entrada ou saída.
“É péssimo. Geralmente (o transporte público) nunca foi bom, mas agora está pior ainda. Todo dia quebra ônibus, dificilmente não quebra ônibus. Hoje de manhã mesmo o que eu vim quebrou. Só ônibus velho que eles têm, está tudo arrebentado, tudo quebrado”, reclamou um dos passageiros, que mora em Sousas.
Em nota a Emdec diz que a operação de todas as linhas do transporte público coletivo é acompanhada de forma presencial pelas equipes de fiscalização, presentes em pontos de parada e terminais; e também, de forma remota, pelo Núcleo de Monitoramento dos Transportes (NUMT) da Emdec, que acompanha, em tempo real, cumprimento de horários e itinerários. Constatada alguma irregularidade, a empresa responsável pela operação da linha é acionada.
A empresa informou que está em andamento a nova licitação do serviço de transporte público coletivo de Campinas, cujo edital está sendo revisado pela FIPE (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) para posterior publicação. A nova licitação prevê, entre outros pontos, a completa modernização da frota, com veículos 100% acessíveis, com conexão Wi-Fi e ar-condicionado.