Lançado pela Editora Máquina de Livros, “O médico que virou monstro” chega em novembro às principais livrarias e sites do país, no formato físico e também em e-book.
No início da noite de sexta-feira 24 de janeiro de 2003, o cirurgião Farah Jorge Farah recebeu em sua clínica, em São Paulo, a paciente Maria do Carmo Alves. A secretária já tinha ido embora. Ex-amantes, com um relacionamento conturbado, os dois estavam sozinhos. Nas horas que se seguiram, instaurou-se um cenário de horror, que só seria revelado dias depois: Farah matou, esquartejou e tirou as vísceras de Maria do Carmo. Também arrancou as pontas de todos os dedos das mãos e dos pés dela. O corpo foi colocado em cinco sacos plásticos.
Num trabalho minucioso, a jornalista Patrícia Hargreaves revela em “O médico que virou monstro” detalhes até hoje inéditos do crime que chocou o Brasil e resultou numa das maiores investigações policiais da história. Um caso marcado por reviravoltas, com dois julgamentos que mobilizaram grandes advogados do país e com um ato final surpreendente: em 2017, 14 anos após o assassinato, no dia em que seria preso em definitivo, Farah se matou. Ao som de música clássica, cortou a veia femural minutos antes de a polícia invadir sua casa. Para surpresa dos agentes, ele estava vestido com roupas femininas. Na região do peito e dos quadris, tinha silicone injetado, na tentativa de se transformar em mulher.
Para escrever “O médico que virou monstro”, Patricia Hargreaves se debruçou sobre as 10.958 páginas do processo, vasculhou documentos e, principalmente, entrevistou parentes, delegados, advogados, legistas e psiquiatras que trabalharam no caso. O resultado é um thriller eletrizante, real, que leva o leitor à cena do crime, penetra na mente do médico e descreve sua transformação de cirurgião respeitado em assassino monstruoso.
– Estabeleci uma lista de nomes essenciais para construir a narrativa, pessoas que pudessem acrescentar algo que não estava no processo e outras que nunca foram ouvidas formalmente. Revirei também redes sociais, antigas listas telefônicas e assisti aos julgamentos, com o cuidado de anotar tudo o que foi dito no tribunal – conta Patricia.
Jornalista experiente, que iniciou a carreira na coluna de Ricardo Boechat no jornal “O Globo”, Patricia trabalhou nas editoras Caras e Abril, onde foi chefe de sucursal, correspondente em Nova York e publisher. Seu olhar investigativo e detalhista foi fundamental para reconstruir não só a história de um crime brutal, mas também a de Farah Jorge Farah e de outros personagens do caso. O livro, de tirar o fôlego, traz ainda dezenas de fotos e reproduções de documentos.
Lançado pela Editora Máquina de Livros, “O médico que virou monstro” chega em novembro às principais livrarias e sites do país, no formato físico e também em e-book.
ALGUMAS INFORMAÇÕES DO LIVRO:
- Uma das pacientes de Farah Jorge Farah no início dos anos 1990 foi Marisa Letícia, mulher de Luiz Ignácio Lula da Silva. A partir daí, as duas famílias ficaram próximas. Lula chegou a receber o cirurgião e os pais dele em seu apartamento em São Bernardo do Campo, onde cozinhou um peixe na folha de bananeira. Em retribuição, o político e Dona Marisa foram chamados para um banquete árabe na casa dos Farah. O médico também estava entre os convidados da festa de aniversário de 50 anos do ex-presidente.
- A morte de Maria do Carmo foi o primeiro caso no Brasil a ser esclarecido com a ajuda do Luminol. Ao aplicar o produto, a polícia descobriu marcas de sangue em vários cômodos da clínica, que haviam sido minuciosamente limpos por Farah durante a noite e a madrugada. O Luminol permitiu que a polícia refizesse o passo a passo do crime: Maria do Carmo foi morta numa maca, enquanto estava sedada, e seu corpo, arrastado até uma banheira, onde o médico a esquartejou. Farah, durante todo o tempo, nunca explicou o assassinato. Alegava não se lembrar de nada por conta de um “apagão” entre a noite de sexta-feira e a manhã de sábado.
- O médico nunca chegou a ficar em uma penitenciária. Permaneceu preso na 13ª DP, na Casa Verde, e dividiu a cela com outros presos com formação superior. Entre eles, o pediatra Eugênio Chipkevitch, condenado a 114 anos de prisão por abusar sexualmente de seus pacientes.
- Farah foi defendido por uma tropa de elite, que teve à frente Roberto Podval e Antonio Claudio Mariz de Oliveira, dois dos maiores criminalistas do país. Os advogados conseguiram que o cirurgião casse preso por apenas quatro anos e quatro meses. Ele foi solto graças a um habeas corpus do Supremo Tribunal Federal, assinado pelo ministro Gilmar Mendes.
FICHA TÉCNICA:
- Título: Farah Jorge Farah – O médico que virou monstro
- Autora: Patricia Hargreaves
- Editora: Máquina de Livros
- Preço: R$ 44,90 (impresso) e R$ 31,90 (e-book)
- Páginas: 168
- Gênero: Crimes reais, Jornalismo
LANÇAMENTO EM SÃO PAULO:
- Data: 30 de novembro de 2021 (terça)
- Horário: a partir das 18h
- Local: Restaurante Gula Gula
- Endereço: Rua Padre João Manuel 109, Cerqueira César, São Paulo/SP.
LANÇAMENTO NO RIO:
- Data: 8 de dezembro de 2021 (quarta)
- Horário: a partir das 19h
- Local: Livraria da Travessa
- Endereço: Rua Visconde de Pirajá 572, Ipanema, Rio de Janeiro/RJ.