Cerca de 24,6 milhões de brasileiros de 15 anos ou mais fumam derivados do tabaco, ou seja, 17,2% da população nessa faixa etária. O dado, referente a 2008, é um dos destaques da Pesquisa Especial de Tabagismo (Petab), que o IBGE, em parceria com o Ministério da Saúde, divulga neste Dia Nacional de Combate ao Câncer.
Este é o primeiro e provavelmente o mais detalhado levantamento sobre tabagismo no país. A pesquisa contou com uma amostra de 51 mil residências da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2008. O levantamento segue modelo da Gats (Global Adult Tobacco Survey), que está sendo adotada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em outros 13 países, como China, Rússia e Turquia.
Como a metodologia usada é diferente de outras pesquisas sobre fumo no Brasil, não há como fazer comparações com anos anteriores. No entanto, pesquisas domiciliares divulgadas pelo Ministério da Saúde indicam que a prevalência de fumantes na população acima de 18 anos diminuiu de 34,8%, em 1989, para 22,4%, em 2003.
Já o estudo “Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) mostrava, em 2008, um percentual de 15,2 de adultos fumantes.
Mais homens
De acordo com o Petab, o tabagismo é mais frequente entre os homens: 14,8 milhões do total de fumantes são do sexo masculino, contra 9,8 milhões de mulheres. O comportamento se repetiu em todas as regiões do país.
O grupo etário de 25 a 44 anos é o que tem a maior concentração de fumantes (42%). Entre os 45 e 64 anos, o percentual cai para 35,7% e, acima dos 65, é de 7,8%. Na população jovem, de 15 a 24 anos, o percentual de fumantes é de 14,4%.
A maior parte dos usuários começou a fumar com 17 a 19 anos de idade. Entre as pessoas sem instrução ou com menos de um ano de estudo, a proporção dos que começaram a fumar antes dos 15 anos de idade chega a 40,8%.
Além do cigarro
A grande maioria, ou 99,5% do total de usuários de tabaco fumado, consome cigarros industrializados. O restante usa cigarro de cravo e de palha ou enrolado a mão. Quando se inclui o uso de produtos não fumados, como rapé, fumo de mascar e “snuffs”, a proporção de usuários de tabaco no país aumenta para 17,5% da população de 15 anos ou mais.
Regiões
A pesquisa também mostra que o maior percentual de usuários de tabaco (fumado ou não) encontra-se na Região Sul (19%) e os menores, no Sudeste (16,7%) e no Centro-Oeste (16,6% cada).
Entre as unidades da federação, a maior concentração de fumantes foi observada no Acre (22,1%), no Rio Grande do Sul (20,7%) e na Paraíba (20,2%), enquanto os menores estavam no Amazonas (13,9%), no Distrito Federal (13,4%) e em Sergipe (13,1%).
O consumo de tabaco é maior na zona rural (20,4% do total, ou 4,4 milhões de pessoas) que na urbana (16,6% ou 20,1 milhões de pessoas).
Fumo e escolaridade
O percentual de fumantes é maior entre as pessoas sem instrução ou com menos de um ano de estudo (25,7% do total), comportamento que se repete em todas as regiões do país. Foi possível observar ainda, principalmente nas regiões Sul e Nordeste, que, quanto maior o rendimento domiciliar per capita, menor a proporção de fumantes.
Gastos com cigarro
Em média, os fumantes gastam R$ 78,43 por mês com cigarros. No Sul, o gasto chega a R$ 98,99 por mês.
Fumantes ocasionais
Entre os que fumam diariamente, o mais comum é consumir entre 15 e 24 cigarros, sendo que o primeiro é consumido até 30 minutos depois de acordar. Apenas cerca de 3 milhões (ou 12,2% do total de tabagistas) fuma ocasionalmente.