Uma tartaruga marinha da espécie Caretta caretta, conhecida como tartaruga cabeçuda, desovou na praia do Perequê-açu, na região central de Ubatuba (SP). O fato ocorreu no último sábado (12), quando o animal subiu à praia, fez o ninho e colocou 130 ovos. A ocorrência consagra o trabalho do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Tartarugas Marinhas (Tamar) que comemor 30 anos de atividades no Brasil, sendo 20 em Ubatuba.
Além da equipe de pesquisadores do Projeto Tamar, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que registrou o fato, vários moradores presenciaram os últimos momentos em que a tartaruga terminou de desovar, cobriu o ninho com areia e retornou para o mar.
O ninho foi transferido para um local seguro e será monitorado pela equipe do Tamar. Deverá demorar entre dois e três meses para os ovos eclodirem. Essa foi a segunda desova desta temporada em Ubatuba. Um primeiro ninho já havia sido registrado na Ilha das Couves, três semanas atrás.
Apesar de possuir diversas praias preservadas e desertas, o litoral norte de São Paulo não apresenta as condições climáticas adequadas à reprodução das tartarugas marinhas, pois a areia onde são incubados os ovos raramente atinge temperaturas ideais, como ocorre no Rio de Janeiro e Espírito Santo, além dos estados da região Nordeste.
O Tamar tem registrado algumas ocorrências como essa. Em 2004, um ninho foi encontrado na Praia do Meio, em Trindade, município de Paraty (RJ), onde nasceram 120 filhotes. No ano seguinte, dois ninhos foram encontrados em Ubatuba, um na Praia Grande onde nasceram 18 filhotes, e outro na Praia do Tenório que não teve sucesso. Em 2008, um ninho foi encontrado em Maresias, quando nasceram cerca de 80 filhotes.
Para muitos répteis, a temperatura em que os ovos são incubados, define o sexo dos filhotes que nascerão. No caso das tartarugas marinhas, as temperaturas mais altas dão origem a fêmeas, enquanto temperaturas mais baixas dão origem a machos.
Nas condições climáticas do Litoral Norte, os filhotes que nascem destes eventuais ninhos, são normalmente machos. No caso pouco provável de nascimento de fêmeas, estas depois de 30 anos de idade poderiam retornar a esta região para desovar e completar o ciclo de vida destes animais que vivem cerca de 100 anos.
O Projeto Tamar é uma parceria do ICMBio/Ministério do Meio Ambiente e da Fundação Pró-Tamar, com o patrocínio nacional da Petrobras. Em Ubatuba, tem o apoio da Arcor do Brasil e da Prefeitura Municipal.




