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domingo, dezembro 22, 2024

Ponte Preta começa a construir neste semestre CFA de R$ 18 milhões em Sumaré

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O Ministério dos Esportes aprovou nesta terça a inclusão na lei de Incentivo ao Esporte da primeira etapa do projeto para a construção do Centro de Formação de Atletas (CFA) da Associação Atlética Ponte Preta, primeiro time de futebol do Brasil em atividade ininterrupta, que completará 110 anos em 11 de agosto.  “O projeto foi dividido em três etapas por uma uma questão estratégica, para facilitar a captação dos recursos, as outras duas estão passando por aperfeiçoamentos necessários antes de serem apresentadas para aprovação do Ministério. Com o aval para esta etapa inicial, a Ponte poderá captar R$ 5.807.430,36 junto a empresas e empresários interessados em contribuir para o Esporte Nacional, que graças à lei poderão abater esses valores do imp osto de renda e ainda veicular seu nome no novo CFA”, diz o presidente pontepretano Sérgio Carnielli.
O dirigente alvinegro acredita que a captação dos recursos iniciais ocorrerá de maneira bastante ágil e a construção do Centro de Formação deverá ser iniciada ainda no primeiro semestre de 2010. Carnielli ressalta a importância do novo CFA para as futuras gerações do esporte do país. “A Ponte sempre foi uma grande reveladora de talentos na base e queremos retomar e ampliar esta vocação. Neste sentido, o CFA, que terá amplos alojamentos e ótima infraestrutura, irá ajudar muito, até porque, por ser localizado longe de um grande centro e em um lugar com acesso mais restrito, tornará mais fácil salvaguardarmos os futuros craques de supostos empresários que agem de maneira questionável e levam muitos meninos com falsas promessas”, pontua.

O vice-presidente alvinegro Sebastião Arcanjo, que esteve pessoalmente em Brasília representando o clube em todas as reuniões ministeriais, ressalta que a Ponte teve grande apoio do Ministério. “Desde o início o ministro Orlando Silva se empenhou em abrir as portas para o clube e os técnicos do ministério foram muito solícitos conosco, sempre nos indicando como poderíamos aperfeiçoar ainda mais o projeto para obtermos melhores resultados”, diz.

Arcanjo ressalta que, com a aprovação de todas as etapas do CFA para a captação de recursos via Lei de Incentivo ao Esporte, a Ponte Preta não deverá gastar um centavo para ter seu novo Centro de Formação.  “O terreno de 80 mil metros (no valor de R$ 1,7 milhão)  foi doado por empresários de Sumaré que acreditam no Esporte e querem que aquela região da cidade cresça ainda mais. Já os recursos da construção – vale lembrar que só a primeira etapa já equivale a cinco, seis anos do atual  investimento no departamento amador – serão obtidos junto à iniciativa privada, por isso a Ponte não terá que fazer nenhum aporte. É preciso ressaltar, porém, que cabe ao clube dar uma contra-partida à sociedade dando formação esportiva a muitos de nossos jovens, até porque esta é a grande razão da Lei de Incentivo.”

Neste sentido, Arcanjo explica que o CFA será utilizado também pelo time profissional, mas nunca em detrimento das categorias de base: pelo contrário, o foco do Centro é a formação no esporte amador. “Não há nenhum impedimento legal ou moral no uso do CFA para o time profissional , mas esta utilização sempre estará subordinada a um planejamento cujo foco são os meninos e sua formação”, diz.

As etapas

Rodrigo Rios, diretor da SportLifes, empresa parceira da Ponte Preta que foi a responsável pela elaboração do projeto apresentado ao Ministério para inclusão na Lei do Incentivo ao Esporte, explica que a divisão em etapas foi realizada para facilitar a captação dos recursos junto à iniciativa privada. “Desta forma, poderemos trabalhar na obtenção de valores tanto junto a empresas que têm balanços anuais quanto trimestrais. Além disso, podemos completar as cotas e seguir o cronograma da etapa inicial enquanto se captam os recursos para as demais”, diz.

Segundo Rios, já há inúmeras empresas interessadas em participar do projeto, revertendo valores que originalmente seriam pagos ao Imposto de Renda para o incentivo ao Esporte e, ainda, obtendo em troca a exposição de suas marcas em uma ação positiva. “Outras empresas que quiserem, porém, ainda podem procurar a Ponte Preta”, diz.

A etapa aprovada hoje possibilitará a Ponte buscar um total de R$ 5,2 milhões junto á iniciativa privada, que serão utilizados na  preparação do terreno, infra-estrutura básica (que inclui água e energia, entre outros), muros, cercas e guarita, construção da portaria 1, vestiários e dois campos oficiais,  inclusive com sistema de drenagem e irrigação.

A segunda e a terceira etapa são no valor de cerca de R$ 6 milhões cada uma. “na verdade seria mais correto dizermos segunda e terceira cotas, já que elas inclusive podem ser aprovadas na mesma reunião do Ministério, que deverá ocorrer em meados de abril”, adianta Rios.
Os valores da segunda etapa/cota serão utilizados para a construção de parte do complexo administrativo, os demais três campos de futebol do CFA, pista de corrida e alojamentos. Os da terceira serão destinados a finalização do complexo administrativo, salas de musculação, instalações do Instituto de Medicina e Avaliação da Performance (Imap) e para a piscina aquecida coberta.

Rios lembra que a Ponte Preta também já elaborou e irá apresentar ao Ministério outro projeto para inclusão na Lei de Incentivo ao Esporte de valores para investimentos no Departamento Amador  e revela ainda que a Ponte Preta deverá apresentar ainda outro, que pode ser visto de certa forma como uma “quarta etapa” do projeto do CFA. “A ideia é que possamos nos utilizar da lei de Incentivo também para captarmos verbas para o mobiliário adequado ao CFA”, diz.

Projeto do CFA é de Ricardo Badaró e busca integrar socialização e recursos naturais

A Ponte Preta teve o reforço de um pontepretano de peso para a elaboração do projeto arquitetônico do CFA: o renomado arquiteto Ricardo Badaró, que entre outros feitos é um dos idealizadores do Terminal Multimodal Ramos de Azevedo (a nova Rodoviária de Campinas), é o responsável pelo conceito do novo centro.  “Como arquiteto e, principalmente como pontepretano, não poderia ter ficado mais feliz com o convite”, diz Badaró.
Segundo ele, o conceito desenvolvido por seu escritório, Badaró & Ferreira Arquitetura, priorizou um estilo moderno e despojado, ao mesmo tempo em que procurou integrar e respeitar os recursos naturais por um lado e, de outro, promover a socialização e o respeito ao desenvolvimento dos jovens atletas.

 “A idéia é criar todas as condições técnicas e de saúde para o desenvolvimento do jovem atleta, mas não só isso: também nos preocupamos com o desenvolvimento social e humano do jovem que procura a Ponte. A concepção da arquitetura procura contemplar o desenvolvimento psico-social dos garotos”, diz Badaró.

Ele dá um exemplo de como isso é feito citando os futuros alojamentos da base no CFA. “As moradias são divididas em blocos por faixa etária e os quartos são de bom tamanho com belas varandas. Quatro meninos dentro de um quarto precisam de espaço”, diz. Cada setor tem o próprio banheiro coletivo e, no pavimento térreo, a divisão por faixa etária desaparece em um ambiente social que integra todos os que freqüentarão o CFA.
“É um espaço integrado, que concentra toda parte de desenvolvimento social, com sala de jogos, sala de estudos, restaurante que abre para uma ampla varanda, cuja vista é uma bela  piscina com solário. E essa piscina pode ser tanto apreciada como vista , como é também recreativa e pode ser utilizada para ensinar um jovem a nadar, já que muitos meninos vem de situações sociais onde nunca sequer puderam aprender. Trabalhamos a arquitetura de modo que toda vivência pudesse ser contemplada”, explica.

O sócio de Badaró, Caio Ferreira, que o projeto buscou também não onerar a natureza e trabalhar com funcionalidade. “O projeto propõe grande respeito ao meio-ambiente. Haverá, por exemplo, estações de tratamento de esgoto, que poderá ser reaproveitado para irrigação. Aliás, a drenagem dos campos também atua neste sentido: a água drenada, seja de chuva ou poços artesianos, é armazenada e retorna para a irrigação”, diz.

Sobre o visual dos prédios, Badaró complementa: “É uma arquitetura limpa, despojada, estilo clean, com edifícios baixos e modernos, de raiz brasileira. Buscamos por uma arquitetura contemporânea, onde a organização funcional define posição e relação entre os edifícios. E na qual o investimento não é ostensivo e cada tostão se converte em uma melhor condição para a formação do atleta.”

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