A decisão da Prefeitura de Campinas de aderir ao UniversalizaSP, programa do Governo do Estado que promete a universalização do saneamento básico, acendeu um alerta máximo entre os trabalhadores da Sanasa e líderes da oposição na Câmara.
Para o vereador Gustavo Petta (PCdoB), a adesão ao UniversalizaSP é nada menos que a porta de entrada para entregar ao setor privado a Sanasa — empresa municipal que hoje garante água potável a mais de 99% das residências de Campinas.
“Estão vendendo a ideia de melhoria, mas o que se esconde por trás é a privatização de um serviço essencial que é referência no Brasil. A população vai pagar essa conta com tarifas mais caras e menos controle público”, disparou Petta.
A adesão ao UniversalizaSP é defendida pela prefeitura como estratégia para ampliar investimentos em tratamento de esgoto e modernizar o sistema de abastecimento. Mas, nos bastidores, cresce o temor de que isso seja o primeiro passo para abrir o capital da empresa ou mesmo conceder parte dos serviços para empresas privadas.
Trabalhadores da Sanasa já se mobilizam para pressionar vereadores e tentar barrar qualquer avanço de projetos de terceirização ou concessão. Sindicatos prometem protestos, audiências públicas e podem até convocar paralisações para denunciar o risco de privatização.
Enquanto isso, a população acompanha preocupada: vai faltar água na torneira ou vai sobrar lucro para empresas de fora? A resposta, por ora, segue sem data para vir à tona.
Dados financeiros da Sanasa
A Sanasa é uma das poucas empresas municipais de saneamento do Brasil que opera com superávit há anos. Segundo balanço de 2023, a empresa faturou cerca de R$ 1 bilhão em receitas e teve lucro líquido superior a R$ 150 milhões. Mais de 99% das residências têm abastecimento de água regular e quase 100% do esgoto é coletado e tratado, índices acima da média nacional.
Uma empresa pública lucrativa e eficiente costuma ser alvo cobiçado de privatização, pois é uma “mina de receita garantida” para investidores privados.
Exemplos de outras cidades que privatizaram saneamento
- Manaus (AM): O sistema foi privatizado em 2000. Até hoje moradores reclamam de tarifas altas e bairros sem água tratada.
- Nova Iguaçu (RJ): Concessão parcial feita na década de 1990. Problemas de abastecimento persistiram e tarifas subiram acima da inflação.
- Maringá (PR): Tentativas de privatização foram barradas por forte pressão popular e judicial.
Em vários casos, tarifas subiram, mas promessas de expansão do serviço ficaram no papel ou avançaram lentamente.