Em meio a protestos de trabalhadores e usuários, o Serviço de Saúde Dr. Cândido Ferreira (SSCF) confirmou que a paralisação dos serviços será deflagrada nesta quarta-feira (3), caso o novo convênio com a Prefeitura de Campinas não avance, acendendo um alerta para a saúde mental na cidade.
O clima é de pressão máxima nos corredores do Cândido Ferreira. Em nota oficial divulgada nesta terça-feira (2), a instituição informou que as negociações seguem emperradas com a Prefeitura Municipal de Campinas para a formalização do novo contrato de prestação de serviços em saúde mental — parceria que garante o funcionamento de Caps, Residências Terapêuticas e outros atendimentos essenciais.
Segundo o SSCF, desde o início de junho a entidade opera amparada por uma liminar judicial que obriga a manutenção dos serviços, mas sem garantias de recursos financeiros além do mínimo para não interromper completamente os atendimentos.
Em meio a essa incerteza, o Coletivo de Trabalhadores, que reúne profissionais de diversas unidades, decidiu pela paralisação das atividades nesta quarta-feira (3) com indicativo de greve. Apesar do impacto direto na rotina de pacientes e famílias, o movimento afirma que não há mais espaço para promessas vazias enquanto salários atrasam e o convênio não é renovado.
“A apreensão dos trabalhadores é totalmente compreensível. O risco de colapso existe se o novo convênio não sair do papel imediatamente”, admitiu a direção em comunicado. Para evitar um apagão total, a diretoria negocia para que serviços urgentes, como acolhimento de crises nos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) e o cuidado aos moradores das 21 Residências Terapêuticas, não sejam interrompidos.
Um Plano de Trabalho revisado foi enviado ainda nesta terça-feira (1º) à Secretaria Municipal de Saúde, com ajustes dentro das limitações orçamentárias impostas pela Prefeitura. A expectativa é de que, com a aprovação, o novo convênio seja finalmente formalizado — e a greve seja evitada em cima da hora.
Enquanto isso, pacientes e familiares vivem dias de angústia, temendo ficar sem apoio num momento em que a saúde mental da população já enfrenta sobrecarga histórica. A crise expõe um problema crônico: a dependência de recursos públicos para manter uma rede de atendimento que, se parar, deixa centenas desassistidos.