Deputado licenciado reage com ataques nas redes à possibilidade de indiciamento por coação de autoridades brasileiras
Por Sandra Venancio – Foto Fabio Rodrigues Pozzebom/Agencia Brasil
O endurecimento da postura do Supremo Tribunal Federal (STF) frente à ofensiva política bolsonarista e o recuo dos Estados Unidos quanto às tarifas contra o Brasil provocaram reação imediata da extrema direita nesta quinta-feira (31). Entre os mais afetados, está o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), atualmente nos Estados Unidos, que demonstrou pânico em suas redes sociais diante da possibilidade concreta de ser indiciado pela Polícia Federal.
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A gota d’água para o filho do ex-presidente foi a exibição de uma reportagem da GloboNews em que a jornalista Andreia Sadi afirma que investigadores da Polícia Federal consideram “robusto” o conjunto de provas contra Eduardo no inquérito que apura coação de autoridades brasileiras — processo que tramita sob a relatoria do ministro Alexandre de Moraes, do STF.
“Está escancarado: Alexandre de Moraes, ministro da Suprema Corte brasileira, já amplamente reconhecido internacionalmente como violador de direitos humanos, está usando um aparato estatal que mais se parece com a Gestapo para tentar me prender. Isso mesmo: a GloboNews confirmou hoje essa tentativa covarde de intimidação. Por quê?”, escreveu o deputado, em tom alarmista.
O uso da palavra “Gestapo” — a polícia secreta do regime nazista — foi visto por juristas e analistas políticos como uma tentativa extrema de deslegitimar as instituições brasileiras e inflamar sua base mais radical. O próprio STF não comentou as declarações, mas fontes próximas à Corte apontam que a reação de Eduardo revela receio com o avanço das investigações.
As apurações da PF indicam que Eduardo teria atuado para pressionar ou intimidar autoridades públicas, o que pode configurar coação no curso de processo penal — crime previsto no Código Penal brasileiro. Além disso, ele é citado em investigações paralelas sobre articulação de atos antidemocráticos e possível uso de estrutura pública para fomentar ataques ao STF e ao sistema eleitoral.
O deputado demonstrou pânico ao compartilhar um vídeo em que a jornalista Andreia Sadi, da GloboNews, afirma ter conversado com investigadores da Polícia Federal que garantiram existir material “robusto” capaz de levar Eduardo a ser indiciado por coação de autoridades brasileiras em inquérito conduzido por Alexandre de Moraes.
A escalada retórica do deputado também ocorre num momento delicado. Moraes foi recentemente alvo de sanções do governo dos EUA, que congelaram eventuais bens e restringiram seu acesso ao sistema financeiro americano. A resposta do magistrado, no entanto, foi manter o curso das ações judiciais no Brasil e recusar, por ora, o apoio formal da Advocacia-Geral da União (AGU) para sua defesa em solo americano — o que reforçou sua postura de independência institucional.
O Planalto, por sua vez, já sinalizou que adotará medidas diplomáticas e jurídicas para garantir a soberania das instituições brasileiras. O julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo ataque ao Estado Democrático de Direito está previsto para setembro, e a inclusão de novos nomes no rol de réus — como o próprio Eduardo — é tratada nos bastidores como uma possibilidade real.