Ministro do STF afirma que não irá se curvar a pressões internacionais e seguirá conduzindo os processos sobre a tentativa de golpe de 8 de janeiro
Por Redação Jornal Local | Foto Fabio Rodrigues Pozzebom/Agencia Brasil
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), respondeu com firmeza, nesta sexta-feira (1º), às sanções impostas contra ele pelo governo dos Estados Unidos. Durante a abertura do segundo semestre do Judiciário, Moraes afirmou que o STF não irá se “envergar a ameaças covardes e infrutíferas” e garantiu que os julgamentos seguirão normalmente, ignorando o gesto norte-americano.
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“Este relator vai ignorar as sanções que lhe foram aplicadas e continuar trabalhando, como vem fazendo, no plenário, na Primeira Turma, sempre de forma colegiada”, declarou.
Sanções ignoradas, processos mantidos
Essa foi a primeira manifestação pública do ministro após ser incluído na lista da Lei Magnitsky, mecanismo adotado pelos EUA para punir autoridades estrangeiras acusadas de violações de direitos humanos. Moraes foi alvo de sanções unilaterais, criticadas por diversos juristas e autoridades brasileiras como uma tentativa de interferência em assuntos internos do Brasil.
“Acham que estão lidando com pessoas da laia deles. Acham que estão falando também com milicianos. Mas não estão, estão falando com ministros da Suprema Corte brasileira”, disse Moraes, em tom duro.
Julgamentos do 8 de janeiro seguem no segundo semestre
O ministro aproveitou a cerimônia de abertura para reafirmar o compromisso do STF com o julgamento dos quatro núcleos das ações penais relacionadas à tentativa de golpe de Estado de 8 de janeiro de 2023, articulada por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro.
“Não é possível pressões, coações, no sentido de querer obter, repito, entre aspas, um espúrio arquivamento imediato dessas ações penais sob pena de se prejudicar a economia brasileira, o sustento das pessoas, o trabalho dos brasileiros e das brasileiras”, enfatizou.
Tentativas de obstrução com apoio estrangeiro
Moraes alertou que há uma articulação para favorecer réus ligados à tentativa de golpe por meio de pressão externa: “Essas tentativas de obstrução à Justiça são feitas por brasileiros que se dizem patriotas, mas atuam a serviço de interesses estrangeiros”.
Segundo ele, os ataques visam afastar ministros do STF para garantir impunidade a quem “se acha acima da Constituição, da Lei e das Instituições”.
Solidariedade institucional
Durante a cerimônia, Moraes foi publicamente apoiado pelo presidente do STF, Luís Roberto Barroso, e pelo decano Gilmar Mendes. Ambos repudiaram as sanções e reiteraram a independência do Judiciário brasileiro frente a pressões externas.