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Lula afirma que Donald Trump garantiu acordo comercial entre Brasil e EUA

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Em coletiva na Malásia após encontro com os Estados Unidos, Luiz Inácio Lula da Silva declarou que a relação bilateral caminha para solução rápida das tarifas americanas, abordou o processo contra Bolsonaro e se ofereceu para mediar a crise venezuelana

Por Sandra Venâncio

Em entrevista coletiva concedida na madrugada desta segunda-feira (27/10), em Kuala Lumpur, Malásia, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o encontro que manteve no domingo com o presidente norte-americano Donald Trump foi “surpreendentemente bom” e que o chefe dos EUA lhe assegurou que “vamos chegar a um acordo” no curto prazo entre os dois países.

Lula destacou que ele entregou a Trump um documento no qual argumentou que as tarifas americanas impostas ao Brasil foram baseadas em “informações equivocadas” e que os EUA não têm déficit comercial com o Brasil, reforçando que, segundo seus dados, os Estados Unidos registraram superávit há anos na balança bilateral.

O panorama revelado por Lula sugere um esforço estratégico do Brasil para reconfigurar as relações com os EUA. Foto Ricardo Stuckert/PR

O presidente brasileiro aproveitou para comentar o processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado a 27 anos e 3 meses de prisão. Lula relatou que comunicou a Trump que “o julgamento foi muito sério, com provas muito contundentes”, que não envolveu apenas relatos da oposição, e que havia sido apresentado um plano para matar o presidente, o vice-presidente e o ministro Alexandre de Moraes, argumentando que Bolsonaro “faz parte do passado da política brasileira”.

Quanto à diplomacia, Lula explicou que as negociações entre Brasil e Estados Unidos devem ocorrer diretamente entre os chefes de Estado — “agora não tem mais intermediários” — enquanto as equipes técnicas avançarão nos temas comerciais.

Ao tratar de alguns dos temas da agenda bilateral, Lula diante da imprensa afirmou que o Brasil está disposto a colaborar com os EUA no caso da Venezuela, que não deseja guerra na América do Sul, e que a prioridade é a luta contra a pobreza e a fome, “não para matar os famintos”.

O presidente indicou ainda que as equipes dos dois países já receberam mandato de dar seguimento às negociações nas próximas semanas, com cronograma de reuniões previstas em Washington, e que todos os assuntos estão sobre a mesa — do setor de minerais críticos ao etanol, açúcar, indicando uma abertura ampla de temas.

O panorama revelado por Lula sugere um esforço estratégico do Brasil para reconfigurar as relações com os EUA, afirmando que “logo, logo não haverá problema entre Estados Unidos e Brasil”. Ele disse que, apesar das diferenças ideológicas com Trump, há respeito mútuo entre ambos e que esse fundamento facilita o avanço das negociações. Do lado americano, Trump disse que teve “boa reunião” com Lula, elogiou o presidente brasileiro como “muito vigoroso” e manifestou disposição para “fazer bons acordos para os dois países”, embora tenha se mostrado mais cauteloso sobre prazos.

Impactos e próximos passos
Se concretizado, o acordo comercial entre Brasil e EUA poderá reverter o aumento tarifário imposto por Washington sobre produtos brasileiros, além de ajustar sanções e ameaças feitas a autoridades brasileiras sob a aplicação da chamada Lei Magnitsky. Lula considerou que tais medidas foram injustas e que não podem inviabilizar o diálogo bilateral.

A definição de cronograma oficial ainda depende das equipes técnicas, mas o presidente afirmou acreditar que a solução virá “em poucos dias”.

Empresas exportadoras, sobretudo do agronegócio, e setores industriais acompanham o desdobrar desse processo com atenção, já que poderão se beneficiar caso as tarifas sejam suspensas ou renegociadas. Do ponto de vista diplomático, a reunião marca uma possível nova era de cooperação entre Brasil e Estados Unidos, após o clima de tensão instaurado por decisões tarifárias, sanções e disputas comerciais recentes.

Riscos e incógnitas
Apesar do otimismo expresso por Lula, a cautela permanece: o lado americano ainda não divulgou condições específicas para remover ou flexibilizar as tarifas, e a efetividade das conversas dependerá da articulação entre diferentes setores de governo e da convergência de interesses econômicos de ambas as nações. Eventuais concessões poderão implicar contrapartidas que ainda não foram publicamente discutidas. Também há risco de que divergências ideológicas ou políticas interfiram no processo ou que grupos de interesse interno resistam a determinados acordos. Além disso, o contexto eleitoral e as reações de outros parceiros comerciais — como China ou União Europeia — podem complicar o cenário.

Conclusão
A entrevista concedida por Lula após a reunião com Trump revela que Brasil e Estados Unidos decidiram mover-se de forma mais direta em direção à assinatura de um acordo comercial e à normalização das relações bilaterais. O presidente brasileiro expressou confiança na rapidez da solução, destacou os argumentos do Brasil — em especial a ausência de déficit comercial com os EUA — e sublinhou a disposição de tratar temas amplos e estratégicos. Se a promessa se concretizar, a parceria entre as duas maiores democracias do Ocidente entrará em nova fase; porém, o resultado final ainda dependerá de negociações técnicas, poderes executivos e interesses econômicos que permanecem em dinamismo.

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