Operação Coffee Break investiga esquema de corrupção e superfaturamento em contratos de tecnologia educacional que envolvem prefeituras da RMC, a empresa Life Tecnologia e o ex-prefeito de Limeira, Mário Botion
Por Sandra Venancio
A Polícia Federal deflagrou nesta quarta-feira (12) a Operação Coffee Break, com apoio da Controladoria-Geral da União (CGU), para investigar esquemas de corrupção e desvio de recursos públicos em contratos de fornecimento de materiais e tecnologias educacionais em Sumaré, Hortolândia, Limeira, Campinas e outras cidades paulistas.
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As diligências ocorreram também na capital paulista, no Distrito Federal e no Paraná, totalizando 50 mandados de busca e apreensão e seis prisões preventivas, expedidos pela 1ª Vara Federal de Campinas.

Campinas é alvo de investigação
Em Hortolândia, agentes federais estiveram na sede da Prefeitura, recolhendo documentos ligados a processos licitatórios da Secretaria de Educação.
Já em Sumaré, as buscas se concentraram na Secretaria de Educação e em outros departamentos municipais. A PF apreendeu papéis e registros de contratos firmados com a empresa Life Tecnologia Educacional, apontada como peça central no suposto esquema de fraudes, corrupção ativa e passiva, superfaturamento e tráfico de influência.
Em Campinas e São Paulo, a corporação também realizou diligências, mas não detalhou os setores ou nomes dos envolvidos. A PF informou apenas que uma grande quantia em dinheiro vivo foi apreendida, sem revelar o valor total.
Ex-prefeito de Limeira na mira
Um dos principais alvos da operação foi o ex-prefeito de Limeira, Mário Botion (PSD). Os agentes cumpriram mandados de busca e apreensão na Construtora MC Botion, de sua propriedade, e em sua residência, onde foram recolhidos documentos e equipamentos eletrônicos.
As ações ocorreram nas primeiras horas da manhã, com acompanhamento da CGU. Em Piracicaba, os federais também estiveram na sede da empresa Life Educacional, fornecedora de kits de robótica contratados pela Prefeitura de Limeira em 2023, durante a gestão de Botion.
O que significa “Coffee Break”
O nome da operação faz alusão a reuniões informais entre investigados, onde, segundo a PF, ocorriam acertos ilegais relacionados a contratos públicos na área da educação.
Posicionamentos oficiais
Prefeitura de Hortolândia: afirmou que a diligência da PF “trata-se de apuração sobre denúncias em processo de licitação” e declarou estar “à disposição dos órgãos de segurança para colaborar com as investigações”.
Prefeitura de Sumaré: informou que o mandado cumprido pela PF diz respeito a contratos de 2020, “referentes à gestão anterior”, e destacou que “o atual governo não é alvo da apuração”. A administração declarou colaborar “com total transparência e respeito à legalidade”.
Ex-prefeito de Limeira: até o momento, Mário Botion não se pronunciou sobre a operação.
Retranca – Dados Públicos e Contratos Suspeitos
Levantamento do Jornal Local com base em dados do Portal da Transparência mostra que, entre 2020 e 2024, prefeituras da Região Metropolitana de Campinas empenharam mais de R$ 15 milhões em contratos com empresas do grupo Life Tecnologia Educacional, para o fornecimento de materiais didáticos digitais, kits pedagógicos e robótica educacional.
A CGU apura se parte desses contratos foi superfaturada ou direcionada a partir de ajustes prévios entre empresários e servidores públicos.




