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sexta-feira, novembro 14, 2025
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PF desarticula esquema que lavou mais de R$ 110 milhões em contratos da educação e movimentou propinas em dinheiro vivo, PIX e boletos

Data:

Operação Coffee Break prende sete suspeitos e revela ciclo sofisticado de lavagem de dinheiro que envolvia doleiros, pagamentos fracionados, laranjas e compra de imóveis de luxo em Campinas e São Paulo

A Polícia Federal revelou que a quadrilha investigada pela Operação Coffee Break, deflagrada nesta quarta-feira (12), converteu ao menos R$ 10,3 milhões em dinheiro vivo e distribuiu propinas por meio de PIX a laranjas, pagamento de boletos, contratos falsos e superfaturamento de produtos educacionais. O principal alvo é André Gonçalves Mariano, dono da Life Tecnologia Educacional, empresa que recebeu mais de R$ 111 milhões de recursos públicos entre 2021 e 2024 em prefeituras da região de Campinas.

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Corrupção, superfaturamento e lavagem

Segundo a PF, a Life Tecnologia Educacional fraudava licitações, superfaturava contratos e direcionava compras em Sumaré, Hortolândia, Morungaba e possivelmente Limeira. Os valores eram desviados, repassados a doleiros e convertidos em propina distribuída a servidores, lobistas, intermediários políticos e agentes públicos.

A maior parte do dinheiro era “esquentada” por meio de uma rede de doleiros que transformava transferências bancárias em dinheiro vivo mediante contratos falsos.

A maior parte do dinheiro era “esquentada” por meio de uma rede de doleiros que transformava transferências bancárias em dinheiro vivo mediante contratos falsos. Foto Divulgação Policia Federal

Transferência Via TED viravam R$ 103 milhões em espécie

O papel do doleiro Abdalla Ahmad Fares

A PF identificou que Abdalla Ahmad Fares operava como principal doleiro do grupo. Ele recebia recursos da Life por meio de suas empresas — Abifares e Fares Empreendimentos — que foram as maiores beneficiárias dos repasses da Life: R$ 27 milhões entre 2021 e 2024.

Como funcionava a engrenagem financeira:

  1. Mariano transferia valores da Life para empresas de Abdalla sob pretexto de contratos fictícios de prestação de serviços.
  2. Abdalla convertia o montante em espécie, cobrando 3% de taxa, típica de operações clandestinas.
  3. O dinheiro era retirado pessoalmente por Mariano em endereços comerciais e residenciais do doleiro.
  4. As cédulas eram entregues em sacos plásticos lacrados, indicando logística profissional.

Entre janeiro de 2022 e junho de 2023, Mariano recebeu R$ 10,3 milhões em dinheiro vivo. Dentro do grupo, o repasse ilícito era chamado de “café”.

PIX de R$ 485 mil para laranja e parcela de apartamento de luxo

O braço em Sumaré

Conversas obtidas no WhatsApp mostram que, em 24 de dezembro de 2024, Mariano enviou R$ 485 mil via PIX a um laranja indicado pelo ex-secretário de Educação de Sumaré, José Aparecido Ribeiro Marin.

O laranja era um homem de baixa renda, sem vínculos em Sumaré e sem bens registrados. A PF acredita que outras pessoas físicas e jurídicas também tenham sido usadas para ocultar a destinação final das propinas.

Além disso, a Life pagou R$ 549.287,78 de uma parcela de um apartamento de luxo em Campinas, a pedido de Marin. O imóvel é avaliado em R$ 2,6 milhões.‘BATOM NA CUECA’: PAGAMENTOS FRACIONADOS E R$ 783,9 MIL EM BOLETOS

Conversas entre Mariano e outro doleiro, Eduardo Maculan, mostram preocupação com transações detectáveis via PIX.

Maculan orienta Mariano:

Isso aí é batom na cueca (…) sugiro que faça aos poucos (…) segunda, terça e quarta.”

Para dificultar o rastreamento, a quadrilha passou a usar boletos. Em um único dia, a Life pagou 34 boletos, totalizando R$ 783.951,35.

Patrimônio luxuoso

Apartamentos milionários, BMWs e viagens internacionais

Apesar de comandar uma empresa de educação, Mariano ostentava um estilo de vida incompatível com renda declarada:

  • apartamento de R$ 10,6 milhões no Jardim Guedala (SP);
  • apartamento de R$ 4,2 milhões em Piracicaba;
  • viagens frequentes a Londres, Miami e Suíça;
  • gastos de R$ 115 mil em vinhos, incluindo garrafas de R$ 2,2 mil;
  • BMW X4, BMW X3 (da ex-esposa) e pedido de uma Mercedes AMG GT 63s E Performance por R$ 1,63 milhão.
  • DINHEIRO PÚBLICO EM ESCALA: R$ 111 MILHÕES EM CONTRATOS
  • A PF apurou que a Life recebeu R$ 111.157.253,83 entre 2021 e 2024 provenientes de Sumaré, Hortolândia, Morungaba e possivelmente Limeira.
  • As notas fiscais emitidas para esses municípios somaram R$ 86 milhões — diferença que reforça suspeitas de superfaturamento e pagamentos por produtos não entregues.

Presos ou investigados:

  • André Gonçalves Mariano — dono da Life, apontado como operador e distribuidor de propinas
  • Abdalla Ahmad Fares — doleiro responsável por converter recursos em espécie
  • Eduardo Maculan — doleiro que orientou pagamentos fracionados
  • José Aparecido Ribeiro Marin — ex-secretário de Educação de Sumaré, suspeito de articular pagamentos ilícitos
  • lobistas e intermediários políticos ainda não identificados publicamente

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