Pedido de investigação por possível quebra de decoro parlamentar havia sido adiado por falta de quórum; novo episódio de ofensas homofóbicas do parlamentar agrava crise
A Câmara Municipal de Campinas fará nesta quarta-feira (19) a segunda tentativa de votar a abertura da Comissão Processante (CP) contra o vereador Otto Alejandro (PL), após a sessão da segunda-feira (17) ser suspensa por falta de quórum. O pedido de investigação apura possíveis quebras de decoro parlamentar e se intensifica diante da divulgação de um vídeo em que o parlamentar ofende e ameaça uma funcionária de portaria, com termos homofóbicos.
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Durante a sessão anterior, a bancada de esquerda defendeu a abertura da CP, mas os discursos ocorreram em meio a gritos, aplausos e interrupções constantes de apoiadores do vereador, tornando muitas falas quase inaudíveis no plenário. Quando a votação seria iniciada, apenas 15 dos 24 vereadores estavam presentes, abaixo do mínimo de 17 exigido, e a sessão foi encerrada sem deliberação.

O vídeo recente, divulgado nesta terça-feira (18), mostra Otto Alejandro em um confronto de cerca de quatro minutos com a funcionária de portaria, em que ele afirma: “Para mim você é uma assalariada, não ganha mais que mil” e a ameaça dizendo: “Na hora que você pisar pra fora nós vamos conversar”. No final, o vereador ainda a chama de “sapatão”.
A assessoria de Otto contestou a autenticidade do vídeo, alegando que se trata de um material antigo e editado, supostamente de 2020, e afirmou que foi divulgado com cortes seletivos para prejudicar a imagem do parlamentar.
O pedido de Comissão Processante principal foi apresentado pelo vereador Adriano Vieira Novo, com base em boletim de ocorrência registrado na 1ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) em 10 de novembro de 2025. A denúncia relata que a suposta namorada do parlamentar sofreu agressões, ameaças de morte, injúria e dano ao patrimônio, incluindo a quebra de objetos e o furto de uma televisão.
Além disso, a denúncia cita um episódio ocorrido em 13 de julho de 2025, quando Otto teria quebrado o vidro traseiro de um ônibus e ameaçado o motorista durante um tumulto na Avenida Francisco Glicério. O vereador nega todas as acusações, afirmando ser alvo de perseguição política.
Contexto e expectativa para a nova sessão
A expectativa é de que a votação desta quarta-feira ocorra sob forte tensão, com a presença de apoiadores do vereador e de membros da bancada de esquerda pressionando pela instauração da CP. O caso combina denúncias de violência doméstica, agressão a terceiros e ofensas homofóbicas, e poderá resultar em suspensão ou cassação do mandato caso a comissão constate quebra de decoro.
O desfecho do processo será acompanhado de perto tanto pela população quanto pela imprensa local, dada a repercussão das imagens divulgadas e o histórico de episódios controversos envolvendo Otto Alejandro.




