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quinta-feira, novembro 27, 2025
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PF mira rede que deu suporte à fuga de Alexandre Ramagem para os EUA

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Apreensão do celular e do laptop da esposa do deputado abre nova fase da investigação, que busca identificar financiadores, logística e omissão institucional


A Polícia Federal intensificou a apuração sobre a fuga do deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ) para os Estados Unidos após apreender o celular e o computador de sua esposa, Rebeca Ramagem, no momento em que ela embarcava no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, com destino a Miami. Os aparelhos, segundo investigadores, tornaram-se a principal chave para reconstruir a logística da saída do país, mapear quem viabilizou a operação e identificar redes de apoio que continuam sustentando o ex-diretor da Abin no exterior.

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A apreensão ocorreu pouco após o ministro Alexandre de Moraes decretar a prisão de Ramagem, condenado a 16 anos de prisão pela trama golpista julgada no STF. O deputado fugiu ainda durante o julgamento do núcleo considerado crucial — o mesmo que condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro e parte da cúpula militar de sua gestão.

No STF, casos de obstrução de justiça envolvendo fuga costumam resultar em agravo de pena e ampliação das investigações, incluindo coautores. Foto Felipe Sampaio/STF

A PF, ao identificar a fuga três semanas atrás, iniciou rastreamento detalhado da rota utilizada. Ramagem deixou o Rio rumo a Roraima, onde chegou em 9 de setembro. De lá, cruzou a fronteira por Bonfim e chegou a Lethem, na Guiana, trajeto conhecido por ser usado em deslocamentos discretos. No dia 11, embarcou para Miami usando passaporte diplomático, privilégio concedido a parlamentares.

Rebeca e as filhas viajaram depois. Nas redes sociais, a esposa publicou vídeo no último dia 17 mostrando a família já em território americano. Nesta quarta-feira (26), ela divulgou outra gravação feita de dentro do avião, relatando ter sido alvo de uma “busca” da PF — operação que culminou na apreensão dos aparelhos agora considerados centrais na investigação.

Os investigadores querem entender quem organizou a logística da fuga, inclusive hospedagem, transporte terrestre e aquisição de passagens aéreas. Também buscam sinais de participação de terceiros na destruição de provas, comunicação com aliados nos EUA e possível apoio financeiro para instalação da família.

Linha cronológica da fuga
9 de setembro: Ramagem chega a Roraima.
10 de setembro: cruza a fronteira por Bonfim até Lethem.
11 de setembro: embarca para Miami com passaporte diplomático.
17 de setembro: família publica vídeo nos EUA.
25 de novembro: Moraes decreta prisão e determina novas diligências.
26 de novembro: PF apreende celular e laptop de Rebeca Ramagem no Galeão.

Atores ocultos e possíveis facilitadores
— agentes políticos com trânsito em aeroportos e órgãos de fronteira, capazes de facilitar deslocamentos;
— empresários ligados ao grupo bolsonarista no exterior, especialmente na Flórida, conhecidos por oferecer infraestrutura a aliados;
— operadores de logística que atuam entre Roraima e Guiana, historicamente ligados a rotas de difícil controle;
— eventuais servidores públicos omissos que deixaram de registrar movimentações atípicas de um parlamentar investigado.

Rastreamento do dinheiro
A PF investiga:
— compra das passagens para Lethem e Miami;
— uso de recursos não declarados para hospedagem e transporte terrestre;
— movimentações financeiras recentes da família que possam indicar caixa paralelo;
— eventuais depósitos de apoiadores no exterior oferecendo suporte inicial.

Fontes relatam que a análise bancária pode cruzar gastos do gabinete, do PSL/PL e contribuições de apoiadores, à semelhança de investigações já conduzidas no entorno da família Bolsonaro.

Fugas políticas usando fronteiras amazônicas já ocorreram em investigações de corrupção e garimpo ilegal, mas nenhum caso recente envolveu um deputado federal com passaporte diplomático e condenado em processo de golpe de Estado. No STF, casos de obstrução de justiça envolvendo fuga costumam resultar em agravo de pena e ampliação das investigações, incluindo coautores.

Contradições entre versões
Enquanto aliados afirmam que Ramagem viajou “antes do mandato de prisão”, a rota até a Guiana sugere intenção deliberada de evitar aeroportos brasileiros. A postagem de Rebeca no Instagram indica que a família já estava instalada nos EUA antes mesmo de o deputado comentar o caso publicamente.

Pontos que ainda estão ocultos
— quem cobriu os custos da estadia inicial em Miami;
— nomes de aliados que recepcionaram a família;
— comunicações apagadas nos aparelhos de Rebeca;
— eventual participação de assessores parlamentares na logística da fuga;
— articulações políticas no exterior para sustentar a permanência de Ramagem.

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