A cidade de Campinas (SP) recebe, de 12 de maio a 12 de junho de 2016, duas exposições paralelas e gratuitas que reúnem reproduções de desenhos e notas do artista e inventor Hercule Florence, além de peças etnográficas, fotografias e mapas. São elas O Olhar de Hercule Florence sobre os Índios Brasileiros, que acontece no Museu de Arte Contemporânea de Campinas “José Pancetti”, e A Viagem Fluvial de Hercule Florence, na Biblioteca Pública Municipal Professor Ernesto Manuel Zink.
A abertura das duas mostras acontece no dia 12 de maio (quinta), às 19h, no Museu de Arte Contemporânea de Campinas “José Pancetti” (Rua Benjamin Constant 1633, Centro, Campinas, SP), com entrada franca.
Hercule Florence, nascido em Nice em 1804 e criado em Mônaco, foi desenhista e pintor talentoso de formação autodidata. Jovem inquieto e curioso, leitor de Robinson Crusoé e apaixonado por viagens, desembarcou em 1824 no Rio de Janeiro, com apenas vinte anos de idade. Foi contratado como desenhista da Expedição Langsdorff, missão científica que percorreu o interior do Brasil de 1825 a 1829 e que realizou, no século XIX, monumental levantamento de dados geográficos e etnográficos do país. Ao final da expedição, radicou-se na vila de São Carlos (atual Campinas, SP), onde viveu até seu falecimento em 1879. É também reconhecido internacionalmente como um dos inventores do processo fotográfico.
EXPOSIÇÃO O OLHAR DE HERCULE FLORENCE SOBRE OS ÍNDIOS BRASILEIROS
Museu de Arte Contemporânea de Campinas “José Pancetti” – Salas 2 e 3
Durante a Expedição Langsdorff, Hercule Florence registrou em desenhos e aquarelas as paisagens, fauna, flora, tipos e cenas cotidianas dos locais por onde passava, criando um valioso material iconográfico, especialmente sobre as populações indígenas que habitavam o território brasileiro naquela época, desde São Paulo, passando pelo Mato Grosso, até o Amazonas.
É a partir dessa iconografia que se organiza a exposição O Olhar de Hercule Florence sobre os Índios Brasileiros, composta por uma seleção de reproduções de desenhos do artista, trechos do diário em que narra suas experiências de viagem, além de incluir reproduções de obras de outros viajantes, peças etnográficas e fotografias dos grupos indígenas retratados, e informações sobre a sua situação atual.
A mostra, que esteve anteriormente em cartaz na Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, na Universidade de São Paulo (de maio a agosto de 2015), segue, em 2016 , em itinerância pelo interior paulista, passando pelas cidades de Tupã (01/03 a 08/05), Campinas (12/05 a 12/06) e Ribeirão Preto (17/06 a 07/09/2016).
Com curadoria, pesquisa e textos de Glória Kok (Museu de Arqueologia e Etnologia da USP), Francis Melvin Lee (Instituto Hercule Florence) e Marília Xavier Cury (Museu de Arqueologia e Etnologia da USP), reúne cerca de 150 itens, entre desenhos, pinturas, objetos, fotografias, vídeos, livros e mídias digitais que apresentam um panorama histórico e social dos povos Apiaká, Munduruku, Bororo, Guaikuru (atualmente Kadiwéu), Kayapó (hoje Panará), Coroado (Kaingang), Xavante Paulista, Guaná e Guató, e documentam as dinâmicas destes grupos.
O resgate histórico dos 190 anos que separam os registros oitocentistas de Hercule Florence e a situação atual procura contribuir para uma perspectiva futura sobre a situação indígena no Brasil.
EXPOSIÇÃO A VIAGEM FLUVIAL DE HERCULE FLORENCE
Biblioteca Pública Municipal Professor Ernesto Manuel Zink
Uma introdução e contextualização à exposição O olhar de Hercule Florence sobre os Índios Brasileiros, a mostra A Viagem fluvial de Hercule Florence tem a curadoria de Marina Woisky e Francis Melvin Lee (Instituto Hercule Florence) e traz cerca de 35 reproduções de imagens e notas de viagem de autoria de Hercule Florence, realizadas durante sua participação na Expedição Langsdorff (1825-1829).
Encantado com o Brasil, Hercule Florence documentou não somente a beleza inata das pessoas, natureza e lugares com os quais se deparava, mas também as dificuldades de se empreender uma viagem fluvial e o resultado do contato entre diferentes povos. Seus desenhos e aquarelas, de grande valor artístico e histórico, preservam um retrato do Brasil da década de 1820 e questionam a permanência, nos dias de hoje, das questões ligadas à preservação da fauna e da flora, e da colonização marcada pela escravidão indígena e africana.
Exposição: O Olhar de Hercule Florence sobre os Índios Brasileiros
Abertura: 12 de maio de 2016, às 19h.
Período em cartaz: de 12 de maio a 12 de junho de 2016. Terça a sábado, das 10h às 18h; quinta, das 10h às 22h; domingos e feriados, das 11h às 15h.
Local: Museu de Arte Contemporânea de Campinas “José Pancetti” – Salas 2 e 3
Endereço: Rua Benjamin Constant 1633 – Centro – Campinas – SP
Tel: (19) 3236-4716 e (19) 2116-0346
Site: http://www.campinas.sp.gov.br/governo/cultura/museus/macc/index.php?idMuseu=5&sigla=MACC
Entrada gratuita
Exposição: A Viagem Fluvial de Hercule Florence
Abertura: 12 de maio de 2016, às 19h.
Período em cartaz: de 12 de maio a 12 de junho de 2016. Segunda a sexta, das 9h às 17h.
Local: Biblioteca Pública Municipal Professor Ernesto Manuel Zink
Endereço: Rua Benjamin Constant 1633 – Centro – Campinas – SP
Tel: (19) 2116-0423
Site: http://www.campinas.sp.gov.br/governo/cultura/bibliotecas/ernesto-zink.php
Entrada gratuita
SOBRE O INSTITUTO HERCULE FLORENCE
O Instituto Hercule Florence (IHF), sediado em São Paulo e ativo desde 2008, tem como objetivo a coleta, organização, conservação e divulgação de fontes e de bibliografia relativa aos viajantes e às narrativas de viagem publicadas no século XIX e, ainda, a todo material referente à vida e à obra de Hercule Florence (1804-1879).
O Instituto disponibiliza ao público documentos e imagens de seu acervo, composto por cerca de 5.000 ítens, além de ítens de coleções parceiras em seu site. O interessado poderá encontrar itens cedidos pela Bibliothèque Nationale de France, Museu Paulista da Universidade de São Paulo, Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Centro de Memória da UNICAMP, Biblioteca Nacional, Arquivo Nacional e outras instituições.
As presentes mostras integram um amplo projeto de divulgação da multifacetada atuação de Hercule Florence, que inclui também a publicação dos fac-símiles do Carnet de dessins, caderno de notas coletadas durante a expedição pelo Brasil (atualmente pertencente à Bibliothèque Nationale de France), e do L’Ami des Arts livré à lui-même, manuscrito ainda hoje inédito em sua totalidade, redigido entre 1837 e 1859 pelo próprio artista e inventor como súmula de sua vida e obra. Reproduções de ambos os manuscritos poderão ser vistas nas exposições O Olhar de Hercule Florence sobre os Índios Brasileiros e A Viagem fluvial de Hercule Florence.
