A Agropecuária exibiu comportamento positivo no estado de São Paulo e na Região Administrativa de Ribeirão Preto (RARP) no mês de março devido ao elevado número de contratações para a safra de cana de açúcar, que se inicia em abril. O setor foi responsável pela criação de 414 postos líquidos de trabalho. Os dados são do Boletim Mercado de Trabalho do Ceper/Fundace, feito a partir do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados).
A região de Ribeirão encerrou março de 2017 com o primeiro resultado de destruição de vagas no ano. No período, foram contabilizadas 832 demissões líquidas, montante inferior às 1.068 demissões registradas no mês de março de 2016. Entre os setores que mais demitiram, estão construção civil e o comércio. O setor de serviços também registrou contratações.
O saldo do acumulado entre abril de 2016 e março de 2017 mostra destruição de 3.253 vagas, montante inferior às 13.173 vagas destruídas no período entre abril de 2015 e março de 2016.
“Verifica-se desempenho relativamente favorável em todos os setores por meio da redução do montante de vagas destruídas, com exceção da agropecuária, que apesar de criar vagas no período, apresentou redução do número de vagas criadas em relação aos doze meses imediatamente anteriores”, avalia o pesquisador do Ceper Sérgio Sakurai.
O município de Ribeirão Preto encerrou o mês de março com o primeiro saldo de destruição de vagas do ano. Entre os setores, somente a agropecuária registrou contratações líquidas, mas o montante de vagas criadas foi pouco significativo. Os setores de serviços e comércio foram os que mais demitiram.
O saldo acumulado entre abril de 2016 e março de 2017 contabiliza 3.410 demissões líquidas, montante inferior aos 7.366 postos de trabalho destruídos no acumulado entre abril de 2015 e março de 2016. Nota-se que os setores registraram menos demissões relativamente aos doze meses imediatamente anteriores ou, no caso da agropecuária, houve reversão de demissões para admissões líquidas.
Sertãozinho também encerrou março com o primeiro saldo de demissões do ano. Foram fechadas 1.264 vagas, montante superior aos 1.124 postos de trabalho fechados em março de 2016. Entre os setores, construção civil e indústria foram os que mais demitiram. O setor de Serviços foi o que mais contratou.
Apesar de ter apresentado demissões líquidas em março de 2017, o município segue com um saldo positivo de contratações no acumulado nos últimos doze meses.
Franca criou 899 vagas em março de 2017, montante que, apesar de inferior às 1.024 vagas criadas no mesmo mês do ano anterior, também é positivo. Analisando os números do Ceper, nota-se que o município permanece com saldo de criação de vagas neste ano. Entre os setores, a indústria foi o segmento que mais contratou no período. O comércio, por sua vez, foi o setor que mais demitiu no período.
O saldo acumulado entre abril de 2016 e março de 2017 indica a destruição de 873 vagas líquidas, montante inferior aos 5.492 postos de trabalho destruídos nos doze meses imediatamente anteriores. Todos os setores apresentaram redução do número de vagas destruídas ou aumento do número de vagas criadas.
Em Campinas, foram destruídas 653 vagas líquidas em março, montante inferior aos 1.524 desligamentos registrados em março de 2016. Entre os setores, a construção civil apresentou o melhor desempenho e indústria e comércio foram responsáveis por significativas demissões.
O saldo acumulado entre abril de 2016 e março de 2017 indicou fechamento de 11.581 vagas, montante que apesar de negativo é significativamente inferior às 20.377 vagas destruídas entre o período de abril de 2015 a março de 2016. Todos os setores registraram redução das demissões nos últimos doze meses em comparação com os doze meses imediatamente anteriores, sendo que a agropecuária reverteu saldo de demissões para um cenário de admissões líquidas.
São José do Rio Preto criou 71 vagas no mês de março, valor que embora pequeno, representa reversão positiva do cenário de demissões líquidas exibido em março do ano passado, quando foram fechados 186 postos líquidos de trabalho. Entre os setores, a construção civil foi o que mais contratou e comércio o que mais demitiu.
O saldo acumulado entre abril de 2016 e março de 2017 registra 2.819 demissões líquidas, resultado inferior aos 5.027 postos de trabalho fechados no período entre abril de 2015 e março de 2016. Tem-se, no entanto, aumento das demissões líquidas nos setores de comércio, construção civil e agropecuária em comparação com os doze meses imediatamente anteriores.
Análise geral – Analisando de maneira geral, os números indicam dificuldades do mercado de trabalho em nível nacional. Entre os municípios analisados pelo Ceper, apenas Franca e São José do Rio Preto criaram vagas no mês de março de 2017, enquanto todas as outras regiões analisadas foram responsáveis por demissões líquidas.
Apesar disso, os pesquisadores apontam que tem-se um melhor desempenho no acumulado dos 12 meses, quanto se compara os períodos de abril de 2016 a março de 2017 com o acumulado entre abril de 2015 e março de 2016 para todas as regiões analisadas.
O comércio registrou demissões líquidas em todas as regiões analisadas, especialmente devido ao baixo desempenho do comércio varejista, o que pode ser atribuído ao endividamento das famílias, que embora em declínio, ainda abrange grande parte da população.
A construção civil exibiu desempenho negativo no cenário nacional, estadual e regional, resultado decorrente da redução dos financiamentos imobiliários, que comprometem a capacidade de adquirir imóveis de grande parte da população.
As informações da PNAD contínua do IBGE permitem contextualizar este cenário do mercado de trabalho, refletida em uma taxa de desocupação estimada em 13,7% entre janeiro e março de 2017, um aumento de 1,7 ponto percentual frente ao trimestre móvel anterior (outubro a dezembro de 2016), quando a taxa de desocupação atingiu 12%.
O número de pessoas desocupadas foi estimado em 14,2 milhões de pessoas, um novo recorde para a série iniciada no primeiro trimestre de 2012. Quando comparado com o mesmo trimestre do ano anterior (janeiro a março de 2016), quando o número de desocupados foi estimado em 11,1 milhões de pessoas, houve um incremento de 3,1 milhões de desocupados na força de trabalho, o que representa um crescimento de 27,8%.
Por outro lado, o rendimento real habitual médio recebido pelas pessoas ocupadas entre janeiro e março de 2017 segue a estabilidade discutida em boletins anteriores, registrando a cifra de R$ 2.110, frente aos R$ 2.064 do trimestre anterior e aos R$ 2.059 do mesmo trimestre de 2016. Apenas o componente empregados no setor público apresentou variação positiva, 4,3%, em relação ao mesmo trimestre do ano anterior.
Ceper – O Centro de Pesquisa em Economia Regional foi criado em 2012 e tem como objetivo desenvolver análises regionais sobre o desempenho econômico e administrativo regional do País. Sua criação reúne a experiência de diversos pesquisadores da FEA-RP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto) da Universidade de São Paulo em pesquisas relacionadas ao Desenvolvimento Econômico e Social em nível regional, a análise de Conjuntura Econômica, Financeira e Administrativa de municípios e Gestão de Organizações municipais, entre outros. A iniciativa de criação do Centro foi dos pesquisadores Rudinei Toneto Junior, Sérgio Sakurai, Luciano Nakabashi e André Lucirton Costa, todos da FEA-RP/USP. Os Boletins Ceper têm o apoio do Banco Ribeirão Preto, Stéfani Nogueira Incorporação e Construção, São Francisco Clínicas, Citröen Independance e CM Agropecuária e Participações.
Fundace – A Fundação para Pesquisa e Desenvolvimento da Administração, Contabilidade e Economia (Fundace) é uma instituição privada sem fins lucrativos criada em 1995 para facilitar o processo de integração entre a FEA-RP e a comunidade. Oferece cursos de pós-graduação (MBA) e extensão em diversas áreas. Também realiza projetos de pesquisa in company além do levantamento de indicadores econômicos e sociais nacionais regionais.
