O Brasil será o primeiro país da América Latina a ter uma proposta de ação nacional voltada à prevenção do suicídio por considerá-lo um problema de saúde pública. O tema estará em debate durante o I Seminário Nacional de Prevenção do Suicídio, a ser realizado amanhã (17) e sexta-feira (18), em Porto Alegre (RS).
A preocupação com o problema leva em conta dados de um estudo inédito feito pelo Ministério da Saúde que aponta que, no ano de 2004, alguns estados e capitais brasileiros já apresentavam taxas de suicídio comparáveis aos países com índices preocupantes. No Brasil, a taxa de mortalidade por suicídio era de 4,5 mortes por 100 mil habitantes.
De acordo com o estudo, que abrangeu o período de 1994 a 2004, o Rio Grande do Sul tinha, em 2004, a maior taxa de mortalidade masculina por suicídios do Brasil: 16,6 casos por 100 mil homens. Já entre as capitais, a maior incidência foi em Macapá (AP), com 13,6 suicídios por 100 mil homens. No que diz respeito às mulheres, Mato Grosso do Sul era o estado que apresentava as maiores taxas – 4,2 mortes por 100 mil mulheres -, e, entre as capitais, Teresina (PI), com taxa idêntica.
Além disso, o trabalho apurou que, embora a mortalidade no sexo masculino seja mais elevada – de 3,7 mortes de homem para uma morte de mulher -, o aumento proporcional das taxas, de 1994 a 2004, foi maior entre o público feminino: de 24,7% para as mulheres e de 16,4% para os homens.
Conforme divulgado, em 1996, pela Organização Mundial de Saúde (OMS), internacionalmente, as taxas de suicídio variam de 25 mortes por 100 mil habitantes, nos países do Leste Europeu e Japão, até menos de dez mortes por 100 mil habitantes, na Espanha, Itália, Irlanda, Egito e Holanda.
Para o coordenador do grupo de trabalho, o psiquiatra Carlos Felipe Almeida d\’Oliveira, a alta incidência de suicídios é um problema que pode ser evitado. \”Na maioria dos casos existe psicopatologia diagnosticada e tratável\”, adverte.
Diretrizes – Algumas das diretrizes para combater o problema são: desenvolver estratégias de promoção da qualidade de vida, educação, proteção e recuperação da saúde e prevenção de danos; desenvolver estratégias de informação, comunicação e sensibilização da sociedade de que o suicídio é um problema que pode ser prevenido; organizar linha de cuidados integrais (promoção, prevenção, tratamento e recuperação) em todos os níveis de atenção, garantindo o acesso às diferentes modalidades terapêuticas; identificar a prevalência dos determinantes e condicionantes do suicídio e tentativas, assim como os fatores protetores e o desenvolvimento de ações intersetoriais de responsabilidade pública, sem excluir a responsabilidade de toda a sociedade.
Seminário – Do I Seminário Nacional de Prevenção do Suicídio vão participar gestores estaduais e municipais, profissionais de saúde da rede pública e representantes do meio acadêmico da Região Sul. É que o Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná estão entre os seis estados brasileiros de maiores taxas de mortalidade por suicídio.
O evento será realizado pelo Ministério da Saúde em parceria com a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC/RS), com o apoio da Secretaria Estadual de Saúde e da Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre. Composto de três mesas-redondas e três conferências, o seminário poderá ser acompanhado em tempo real no site www.saude.gov.br/emtemporeal.