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domingo, dezembro 22, 2024

Cândido Ferreira inaugura oficina artesanal de Ladrilho Hidráulico

Data:

O Núcleo de Oficinas de Trabalho (NOT) do Serviço de Saúde Dr. Cândido Ferreira inaugurou mais uma oficina de trabalho para os usuários da saúde mental do município. A oficina realiza atividade de fabricação e resgate da técnica milenar de piso denominado ladrilho hidráulico.
Um dos objetivos dessa oficina de trabalho é garantir aos usuários a criação de um novo espaço de formação profissional, instrumentalizando e preparando-os para a reintegração na sociedade; possibilitando que ele se perceba enquanto indivíduo social, reconstrua sua identidade e melhore sua qualidade de vida.
Neste sentido, o NOT desempenha duas funções correlatas, de um lado, persegue a profissionalização – e oferece uma bolsa oficina – e de outro, atende as necessidades terapêuticas dos usuários; aborda então, as duas vertentes, terapêutica e profissionalizante entendendo que a valorização de um aspecto em detrimento do outro traria perdas reais aos usuários.
Segundo alguns usuários das oficinas artesanais, o projeto ajuda a complementar a renda familiar e auxilia na profissionalização, sem contar que contribui para a estabilização do quadro clínico.
Fazer ladrilho hidráulico é um trabalho artesanal; exige ladrilheiros habilidosos, pacientes e cuidadosos, porque cada peça demora cerca de 8 dias para ficar pronta e sua produção leva em torno de 15 horas.
No NOT, seis oficineiros (usuários) dominam a técnica que exige a produção de uma peça por vez. A etapa mais delicada é acertar o tom das tintas, são mais de 50 cores pesquisadas em vários países. Alguns tons exigem a combinação de diferentes pigmentos.
A grande diferença do ladrilho para outros revestimentos é que ele é atérmico, de alta resistência, antiderrapante e tem uma camada de desenho. Não é pintura, impressão, mas um desenho. Depois de muito tempo, se o piso estiver encardido ou desbotado é só lixar para reavivar sua cor. O ladrilho tem durabilidade estimada em mais de 100 anos e pode ser usado também em barras decorativas ou em painéis de parede.
Nesse momento, o NOT já apresenta ao mercado a sua produção com peças exclusivas e coloridas, que podem ser personalizadas de acordo com a necessidade do cliente. As peças são feitas por encomenda e o metro quadrado custa em média R$ 22,00 (vinte e dois reiais), dependendo do tamanho, desenho e cores.
Para mais informações, entre em contato com o Núcleo de Oficinas e Trabalho através do site www.armazemoficinas.com.br , e-mail armazemoficinas@uol.com.br ou telefone (19) 3756-8003.

Um pouco de história do ladrilho hidráulico
Imigrantes italianos trouxeram as primeiras peças de ladrilho hidráulico para o Brasil no fim do século 19. Esse piso – também é conhecido como mosaico, por se inspirar originalmente nos mosaicos bizantinos – revestia pisos e paredes de palácios e casarões coloniais. Com o tempo, a evolução da indústria de material cerâmico causou impacto sobre a saúde econômica de suas fábricas rudimentares e artesanais.
Nos dias de hoje vemos, porém, um renascimento do ladrilho hidráulico, que reaparece com força, conquistando a simpatia dos designers e decoradores. Não só por ser um material nobre e de beleza incomparável, mas por possibilitar criações exclusivas. Numa linguagem contemporânea, ele combina com pisos de granito, tijolo, madeira ou cimento, formando motivos ou molduras originais. Mais porosos que as cerâmicas, esmaltadas, recebe bem os tratamentos modernos de impermeabilização, com o acabamento em poliuretano.
O nome “hidráulico” vem do próprio banho de imersão em água pura que cada peça recebe durante a confecção. E o método continua tão primitivo quanto a mais de um século.

Fabricação passo-a-passo:
A mistura é feita a seco, num latão de alumínio. A água é adicionada a tintura, até a consistência de nata, só no momento da produção. Como o preparo de uma massa de bolo, o artesão já deve ter deixado pronta, então, uma outra mistura, chamada “secante”. Em pó, seus ingredientes são pedra moída e cimento seco.
O terceiro elemento necessário é a argamassa, também feita de pó de pedra e cimento umedecido. Cada ladrilho, dependendo do desenho, pode demorar até meia hora para ser feito. O artesão dispõe os recipientes com esses ingredientes separados sobre a tampa da mesa que apóia a prensa primitiva a manual. Unta com óleo de soja queimado a chapa que apóia o molde do desenho. E com uma caneca rústica de lata enche cada forma do molde com uma nata colorida.
Esse é um dos mais delicados momentos da fabricação. Se o artesão não corresponder a cada detalhe do molde à cor exigida, o desenho estará comprometido.
A camada seguinte é a secante, para absorver o excesso da umidade e fixar a pigmentação. Por último, a argamassa. A forma é tapada e colocada sobre a prensa. E a habilidade do artesão novamente em cena: uma dose errada de força na alavanca mancha ou deforma o ladrilho.
Prensada, a peça é desmoldada ainda com a consistência de um biscoito molhado e colocada para secar em uma prateleira.
Quase 15 horas depois, cada peça é mergulhada num tanque com água pura. E esse banho de 20 minutos é responsável pela reação química que lhe dará maior resistência. Finalmente, outra etapa de secagem, dessa vez de oito dias.

Cândido Ferreira: reintegrando pessoas à sociedade
Desde 1990, através de uma parceria entre a Prefeitura Municipal de Campinas e o Cândido Ferreira as formas de cuidar em saúde mental foram humanizadas. Por esta nova postura, desde 1993, a instituição é considerada referência de tratamento no país, pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
A principal meta da instituição é a desospitalização. Atualmente, a entidade atende um público de mais de mil usuários por mês e conta com um Núcleo de Atenção à Crise, um Núcleo de Atenção à Dependência Química, quatro Centros de Atenção Psicossocial (Caps), um Núcleo Clínico, 12 Oficinas de Trabalho, três Centros de Convivência (Espaço das Vilas, Centro Cultural Cândido-Fumec e Casa Escola “Rosa dos Ventos”) e o Cândido Escola, unidade voltada à formação em trabalho e consultoria.
Os usuários também realizam atividades relacionadas à Comunicação Comunitária, distribuídas em duas oficinas: de jornal impresso (C@ndura – Espaço Aberto para um Novo Pensamento) e de rádio (programa “Maluco Beleza”).

Núcleo de Oficinas e Trabalho (NOT)
Uma das iniciativas apontadas pela Saúde Mental é o projeto de Economia Solidária, que defende que através do trabalho a pessoa tem a possibilidade de ampliar seus conhecimentos, suas reflexões, transformar suas ações ou modificá-las diante das necessidades, passando a ser reconhecida como capaz de produzir e estabelecer relações sociais.
Muitos usuários da saúde mental apresentam condições para o trabalho. As dificuldades de retorno para o mercado são tratadas nas oficinas terapêuticas, nas quais eles retomam a auto-estima através da capacitação profissional e da reabilitação psicossocial.
São 13 oficinas artesanais que atendem cerca 300 usuários: Oficinas de Culinária Nutrição e Eventos, Papel Reciclado, Vitrais, Construção Civil, Agrícola, Mosaico, Marcenaria, Serralheria, Vela, Vital Plano e Gráfica (as três últimas são desenvolvidas no espaço da loja Armazém das Oficinas), Ladrilho Hidráulico e o Projeto Parceira, através do qual os usuários têm a possibilidade de trabalhar junto às equipes de profissionais da instituição.
Os usuários recebem uma bolsa-oficina, de acordo com a produção mensal. Algumas pessoas, após um tempo de serviço, se engajam no mercado e se desligam das oficinas que funcionam no Cândido Ferreira.
Os produtos sintetizam não só a variedade, a beleza e a qualidade da linha de produtos do Armazém das Oficinas, como também o talento, a criatividade e o profissionalismo dos artesãos.

Comércio Solidário, bom gosto e compromisso social
“Armazém das Oficinas” é uma loja especializada em artesanato para decoração, moda para casa, papelaria e venda de brindes e presentes corporativos – gerenciada pela Associação Cornélia Vlieg em parceria com o Núcleo de Oficina e Trabalho (NOT) do Serviço de Saúde Dr. Cândido Ferreira. São mais de 750 peças – fruto de 13 oficinas artesanais de trabalho – produzidas em vitral, mosaico, velas, bambu, madeira, serralheria e papel reciclado, entre outros materiais. A venda dessas peças apresenta um ganho para os usuários, já que o valor arrecadado é revertido mensalmente em bolsa-oficina para cada usuário da saúde mental que participa das oficinas.
As oficinas de trabalho da instituição atuam sob a premissa do Comércio Solidário ou Economia Solidária, que se tornou uma alternativa ao comércio convencional. Seu objetivo é apoiar empreendimentos populares que envolvam produtores excluídos social e economicamente. Na eliminação de intermediários, permite que o produto chegue às mãos do consumidor por preço justo, com uma remuneração adequada ao produtor.
Entre as premissas do Comércio Solidário estão: pagamento de preço justo pela produção, geração de trabalho e renda, garantia de relações de trabalho democráticas, gestão com finalidade de auto-sustentabilidade, preservação do meio-ambiente, transparência e prestação de contas, capacitação, relações de longo prazo e acesso a mercados.
O Armazém das Oficinas fica na Rua Coronel Quirino, 172, no Cambuí em Campinas/SP.

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