O Teatro Alfa completa 10 anos de atividades como uma das principais salas de espetáculos do país lançando as assinaturas da sua Temporada de Dança 2008, composta por seis espetáculos de três companhias brasileiras e três francesas de grande expressão.
Os grupos que se estarão no Teatro Alfa são: Cie. DCA (Decouflé & Complices Associés ou Danse Compagnie d’Art), quatro apresentações entre 31 de julho e 3 de agosto; Grupo Corpo, dez apresentações entre 13 e 24 de agosto; Cia. de Dança Débora Colker, oito apresentações de 12 a 21 de setembro; Ballet de L’Opéra de Lyon, quatro apresentações de 23 a 26 de outubro; a estréia da São Paulo Cia. de Dança, quatro apresentações entre 6 e 9 de novembro; e La Maison, três apresentações de 21 a 23 de novembro.
O Teatro Alfa oferece diversos benefícios para os assinantes. Os preços das assinaturas variam de R$ 161,00 a R$ 510,00, com descontos especiais para estudantes e 3ª. Idade.
As assinaturas podem ser feitas até o dia 25 de julho por telefone – (11) 5693.4000 e 0300-789.3377- ou pessoalmente, no Teatro Alfa (R. Bento Branco de Andrade Filho, 722, Santo Amaro, no complexo do Hotel Transamérica). Para mais informações: www.teatroalfa.com.br .
Entre as vantagens para os assinantes da Temporada 2008 do Teatro Alfa estão: 15% de desconto nos ingressos dos espetáculos da temporada; 30% de desconto para 3ª idade e estudantes; poltrona cativa para todos os espetáculos assinados; 50% de desconto no serviço de Valet Park; 10% de desconto na compra de ingressos para outros espetáculos da programação do Teatro Alfa; 4 ingressos para qualquer espetáculo infantil da Temporada 2007; Kit de Assinatura (ingressos e vouchers) entregue em casa; pagamento em até três vezes sem juros com cartões de crédito.
TEMPORADA 2008
Para a diretora-superintendente do Teatro Alfa, Elizabeth Machado, “a Temporada de Dança 2008, comemorativa dos 10 Anos do Teatro Alfa, é muito especial. Uma criteriosa seleção trará a São Paulo trabalhos de importantes criadores, grandes ícones da dança na atualidade.
Na parte internacional teremos obras de quatro coreógrafos, marcos da dança contemporânea: dois coreógrafos considerados como escritores do movimento, os mestres William Forsythe e Jirí Kylián, interpretados pelo prestigioso Ballet de L’Opéra de Lyon. Um explorador de novos territórios, Philippe Decouflé, apresentando o último espetáculo de sua companhia DCA, uma mescla fascinante de gestual e imagens, característica marcante de suas criações. Um representante de outras tendências, mais abertas à teatralidade, Nasser Martin-Gousset, sensação da crítica francesa de 2007 com a sua Cia. La Maison.
Entre os nacionais, dois dos mais reconhecidos coreógrafos brasileiros: Rodrigo Pederneiras, com sua linguagem de brasilidade única, em dois trabalhos representativos de momentos emblemáticos de sua obra, apresentados pelo Grupo Corpo. Deborah Colker, sempre surpreendente, com a última criação para sua companhia, um espetáculo que incorpora linguagens teatrais ao seu trabalho.
Teremos também o prazer de apresentar pela primeira vez ao público, a São Paulo Cia. de Dança, companhia estável criada pelo Governo do Estado de São Paulo, formada por experientes bailarinos e que terá, com certeza, lugar garantido no cenário das grandes companhias de dança da América Latina.”
A DANÇA DO TEATRO ALFA
Reconhecido por artistas e produtores culturais como uma das melhores salas de espetáculos do país, o Teatro Alfa estabeleceu, a partir de 2004, um eixo de programação focado na dança, uma vocação quase natural daquele que é considerado pelas companhias como o melhor palco para dança no Brasil.
Desde então, se apresentaram, entre outros, Grupo Corpo, Sankai Juku, a Companhia de Pina Bausch, Ballet du Grand Théâtre de Genève, Charleroi Dance Company – Plan K da Bélgica, Cloud Gate Dance Theatre de Taiwan, Ballet Stagium, Cisne Negro, Saburo Teshigawara – Cia. Karas do Japão, Eva Yerbabuena Ballet Flamenco, Cia. de Dança Deborah Colker, Cia. Nacional de Danza de Nacho Duato, Márcia Milhazes Companhia de Dança e a Quasar Cia. de Dança.
TEATRO ALFA – TEMPORADA DE DANÇA 2008 – PROGRAMAÇÃO ESPECIAL DE 10 ANOS
Com Sombrero, o coreógrafo e realizador Philippe Decouflé apresenta-se também como um excelente criador de desenhos animados: durante o espetáculo surge uma seqüência de divertidos e oníricos quadros, unindo dança, teatro e vídeo.
Entre imaginário, fantástico, travessura e um gabinete de curiosidades, uma engenhosa mecânica é utilizada em um “jogo de sombras” sutil. Em grande profusão de sons, a música de Brian Eno envolve a cena. Quando presta homenagem ao cinema mudo prima pela excelência, convidando a uma delicada nostalgia emergindo de um carrossel de imagens. Seguimos os personagens do deserto do México até as miragens de um mar virtual de onde surgem as “starlettes” da praia.
A companhia de Philippe Decouflé, DCA – Danse Compagnie d’Art, já se apresentou no Brasil com enorme sucesso em 1992 (Triton) e 1996 (Decodex) no Teatro Municipal de São Paulo e em 2000 no Teatro Alfa (Shazam!).
Philippe Decouflé nasceu em Paris em 1961, formou-se na Escola Nacional de Circo de Paris e estudou com o renomado mímico Marcel Marceau. Em 1982 mudou-se para Nova York, onde trabalhou com Merce Cunningham e, principalmente, com Alwin Nikolais. Em 1983, criou sua própria companhia, a DCA.
Seu estilo de dança, que marcou a década de 90, é uma sutil e requintada convergência dessas influências: do circo, ele tirou a virtude do divertimento; das técnicas da mímica, uma boa dose de poesia, e de Nikolais, seu profundo senso de utilização da cor, do movimento, das metamorfoses corporais e dos efeitos especiais. Soma-se a isso sua grande paixão pelo cinema e trucagens.
Tornou-se conhecido do grande público em todo o mundo ao encenar as cerimônias de abertura e encerramento dos Jogos Olímpicos de Albertville de 1992. Esse evento consagra a expressão “decoufleries” para designar esta arte singular do encontro entre os mundos do circo, da imagem e da dança.
Em Breu, contaminado pela contemporaneidade da música de Lenine – compositor pernambucano dono de uma sonoridade muito particular e que consegue, como poucos, uma combinação entre o melhor da MPB, do rock e de ritmos populares – o coreógrafo Rodrigo Pederneiras reconstruiu seu vocabulário para, sem pudor, abandonar elementos tão característicos de seu trabalho. Aqui o coreógrafo se dedica a construir um corpo que dança com as texturas da urbanidade de nossos tempos: o comportamento das pessoas dominadas pelo tempo, pelo individualismo e pela violência. Cada corpo, no limite, é um manifesto.
21 é um divisor de águas na história do Grupo Corpo. Depois de atuar por uma década com temas musicais preexistentes, com este balé a companhia não apenas volta a trabalhar com trilhas especialmente compostas como passa a adotar este critério como regra. A decisão proporciona a Rodrigo Pederneiras a oportunidade de dar início à construção do extenso vocabulário coreográfico, de inflexões notadamente brasilianas, que se tornariam sua marca registrada. A força contida na tensão entre as cores vermelha, da luz chapada de fundo – e amarela – das malhas utilizadas pelos bailarinos – dá o tom da primeira parte do balé, enquanto uma gigantesca colcha de retalhos, exibindo estampas de colorido vibrante, deixa antever a explosão do momento final do balé, quando os figurinos, sempre colantes, fazem alusão ao patchwork do cenário.
Rodrigo Pederneiras formou-se com Tatiana Leskova, uma das estrelas dos Balés Russos e diretora do Balé do Teatro Municipal do Rio de Janeiro de 1950 a 1967. No entanto, foi sua experiência ao lado do argentino Oscar Araiz que apurou sua vocação de coreógrafo. Contrapondo-se à tradição européia dominante na dança dos anos 70 no Rio de Janeiro, Rodrigo cria, em 1975, em Belo Horizonte, com familiares e amigos, o Grupo Corpo. Na nova companhia, participa inicialmente como bailarino, assumindo a partir de 1981, a criação de todas as coreografias, nas quais põe em prática as intenções de seu trabalho: uma dança eminentemente brasileira refletindo a pluralidade e a complexidade do país. Ao lado de um grupo de criação e interpretação bastante coeso e afinado, Rodrigo desenvolveu sua própria linguagem, hoje característica do Grupo Corpo. Sua criatividade, sua precisão e seu rigor, aliados à excelência técnica da companhia, foram fundamentais na construção de uma vigorosa imagem da dança brasileira na cena internacional.
Em Cruel, Deborah Colker propõe um enigma: uma série aberta de elementos narrativos que só se completa com o olhar do espectador. Corpos em movimento que exigem a decifração, um novo jogo entre o Acaso e a Necessidade. Histórias ordinárias, daquelas que se repetem invariavelmente na vida das pessoas, e que envolvem amores, amantes, família, laços que atam e desatam. Histórias quase sempre cruéis. Foi assim que nasceu seu novo espetáculo.
As histórias estão ali para serem apreendidas por cada um de um modo particular. É nos movimentos e na expressão dos 17 bailarinos que a companhia lança as peças do jogo, sem qualquer compromisso com a explicitação do sentido, porém com a exigência de sua produção. Mas está tudo na cena. Com o auxílio do diretor de teatro Gilberto Gawronski, os movimentos expressivos ganharam forma e intensidade.
Os grandes parceiros da companhia estão presentes em Cruel: Gringo Cardia, que assina a direção de arte e cenografia; Jorginho de Carvalho, que comanda a iluminação, e Berna Ceppas, responsável pela trilha sonora que funde composições originais feitas por ele e em parceria com Kassin, colagens de música clássica a expoentes da produção urbana contemporânea. Os figurinos – uma leitura ao mesmo tempo clássica e contemporânea dos trajes de grandes bailes – ficam por conta do estilista Samuel Cirnansck.
Deborah Colker – A inquietação e um olhar agudo e diversificado, antes de serem características do trabalho de Deborah, são um reflexo de sua própria história. Seu pai foi violinista e maestro; ela estudou piano por dez anos. Aos dezessete, iniciou seus estudos de dança, que incluíram, além do balé clássico, jazz e sapateado. Durante sete anos, foi jogadora amadora de voleibol e cursou regularmente a faculdade de Psicologia. Dançou e deu aulas de dança para amadores e profissionais. No começo de sua carreira, teve uma estreita e frutífera relação com o universo do teatro, onde desenvolveu um trabalho que foi definido como “direção de movimento”.
Em 1993, Deborah e alguns de seus alunos criaram uma performance para uma apresentação de novos talentos no Panorama da Dança do Rio de Janeiro. A excelente receptividade ao trabalho foi o impulso que faltava para a criação de sua própria companhia, que surgiu em 1994. Nesse mesmo ano, com o espetáculo Vulcão, divide a abertura do festival “Globo em Movimento” com o Grupo Mames, no Rio de Janeiro. A partir de 1994, as criações sucedem-se: Vulcão, Valos, Mis, Rota, Casa, 4 Por 4, Nó e Dínamo, sedimentando um percurso de sucesso, prestígio e reconhecimento nacional e internacional.
Companhia composta de 47 integrantes, entre eles 30 bailarinos, em quase trinta anos de existência, o Ballet de L’Opéra de Lyon formou um repertório de dança contemporânea rico na quantidade de coreografias e na variedade de estilos.
Ao longo de sua história, abrigou marcantes coreógrafos residentes, entre os quais Maguy Marin (1992-1994) e Bill T. Jones (1994-1997). As suas releituras de grandes clássicos correram o mundo, tais como A Gata Borralheira e Copélia, de Maguy Marin, Romeu e Julieta, de Angelin Preljocaj e Quebra-Nozes, de Dominique Boivin.
O Ballet de L’Opéra de Lyon única companhia francesa a quem foi atribuído o mesmo nível da tricentenária Ópera Nacional de Paris, é respeitado no mundo todo, tanto pela sua política artística como pela excelência de seus bailarinos.
O repertório da companhia conta com coreógrafos europeus – Jean-Claude Gallotta, Dominique Bagouet e Tero Saarinen – e americanos – como Trisha Brown, Bill T. Jones, Lucinda Childs -, sem esquecer algumas das mais belas peças de Jirí Kylián, Mats Ek, William Forsythe, Nacho Duato e Ohad Naharin. O programa a ser apresentado pelo Ballet de L’Opéra de Lyon em 2008, no Brasil, contará com as coreografias: Second Detail, de William Forsythe, Symphonie de Psaumes e Bella Figura, de Jirí Kylián.
William Forsythe nasceu em Nova York em 1949, formou-se em dança na Flórida e seguiu seus estudos na escola do Joffrey Ballet. Considerado como o mais europeu dos americanos, foi para a Alemanha integrar o elenco do Ballet Stuttgart, onde, em 1973, assumiu o posto de coreógrafo residente. Em 1984, foi designado para a direção do Ballet de Frankfurt, cargo em que permaneceu até a dissolução da companhia, em 2004. Foi nesse período que criou a maior parte de suas coreografias, muitas delas consideradas pela crítica como as mais célebres de nossa época. Escolhido como o herdeiro “hard” de Balanchine, Forsythe deu à dança clássica seus “signos de modernidade”: desordenou-a e desestabilizou- a, desestruturando e dispersando os elementos coreográficos para reconstruí-los em um novo arranjo. Em seus espetáculos, a iluminação, a cenografia, a palavra, o vídeo entram em cena para fragmentar a visão, quebrar a linearidade do discurso e formar um ambiente que se move sem parar na direção de uma dança em desequilíbrio.
Jirí Kylián nasceu em Praga em 1947, iniciou seus estudos aos 9 anos, na escola de balé do Teatro Nacional de Praga, e os concluiu no Royal Ballet School, em Londres. A partir de 1968, passou a integrar o elenco do Ballet de Stuttgart, onde iniciou sua carreira de coreógrafo. De 1975 a 1999 foi diretor artístico do Nederlands Dans Theater (por ele transformado em uma companhia exemplar), onde construiu sua reputação de grande coreógrafo e transformou-se em uma das maiores referências da dança contemporânea internacional. Ali criou a maior parte de suas quase 100 coreografias. Seu estilo enérgico e rigoroso tem fundamentos em bases técnicas relativamente clássicas, sempre revisitadas de maneira contemporânea. A escultura fluida do movimento é o traço imediatamente reconhecido e dominante em todas as suas criações.
Criada este ano pelo Governo do Estado, a São Paulo Companhia de Dança é um centro de criação, produção e difusão da arte da dança.
Bailarinos experientes, criteriosamente selecionados, formam esta nova companhia, cujo repertório abrangerá coreografias consagradas dos séculos XIX, XX e XXI, além de criações inéditas.
O programa que a Companhia estreará no Teatro Alfa contará com três peças representativas de momentos-chave da história da dança: um grande momento da dança clássica, um clássico do século XX e uma criação contemporânea.
Há muito que ele sonhava com isso. Trabalhava os contornos do espetáculo, ouvia repetidamente a trilha sonora, imaginava um elenco ideal em que Liz Taylor seria a estrela. Poderia ter parado aí, mas passou à ação e com uma pitada de provocação que faz estremecer, deu à peça o título de Péplum*. Se fracassasse, ao Péplum restaria usar a toga como mortalha. Se bem sucedido, consagraria o talento do coreógrafo: ousar desafiar a máquina hollywoodiana, levando à comparação, é algo que requer brilhantismo.
Nasser Martin-Gousset chega à posição de ponta. Pela primeira vez desde a criação de sua companhia La Maison, em 1996, ele dirige com mão de mestre dez intérpretes e três músicos ao vivo no palco e assina um espetáculo que se bate entre o furor de viver e o desejo de morte.
Assim é Péplum. A peça presta homenagem a Liz Taylor e Richard Burton no filme Cleópatra, de Joseph L. Mankiewicz, que apresenta a história passional de Antônio e Cleópatra, que se desdobra na do casal de atores Taylor-Burton.
* peplo: túnica sem mangas que os antigos traziam presa ao ombro por fivela; ou ainda grande produção cinematográfica para uma história real ou fictícia transcorrida na antiguidade
Nasser Martin-Gousset nasceu na França em 1965, filho de pai egípcio e mãe córsica. Após uma experiência de 4 anos com teatro, Nasser estudou dança no Conservatoire National de Région em Lyon.
Seu excelente trabalho como intérprete foi destacado em companhias de renome como as de Sacha Waltz, Meg Stuart e Joseph Nadj.
Em 1996 criou a sua companhia de dança, La Maison. A estréia de Péplum na Biennale de la Danse de Lyon de 2006 marcou sua entrada definitiva no rol dos reconhecidos e renomados coreógrafos franceses.
No trabalho de Nasser, a trama teatral organiza-se ao redor de imagens deliberadamente kitsch, um universo extravagante e explosivo, criando espetáculos repletos de romantismo, de rock e de nostalgias pop.