Uma pesquisa divulgada na quinta-feira (09/10) mostra um cenário preocupante quanto ao uso da Internet no Brasil. Segundo a ONG SaferNet e o Ministério Público Federal, 53% das crianças e jovens tiveram contato com conteúdos agressivos e considerados impróprios para sua idade. O levantamento é inédito e contou com a participação de 1.326 internautas de todo o País.
O estudo revela também outras informações: 64% dos jovens usam a Web principalmente no próprio quarto, 80% preferem os sites de relacionamento e 87% dos entrevistados disseram não ter restrições ao uso da Internet.
De acordo Wagner Sanchez, diretor acadêmico do Colégio Módulo, esses índices indicam também que grande parte dos pais não sabe o que o filho faz na Internet. “Crianças e adolescentes são alvos cada vez mais freqüentes de ataques na Web. Isso porque, nessa fase, a ingenuidade aliada à curiosidade e ao suposto anonimato proporcionado pela rede mundial, leva os jovens a burlar regras que, para a maioria deles, seriam óbvias no mundo real: não conversar, não fornecer dados pessoais (tais como número de telefone e endereço) ou marcar encontros com pessoas desconhecidas”, diz.
Segundo Sanchez, para evitar que o bem estar dos filhos seja ameaçado, muitos pais optam por instalar em suas máquinas os chamados filtros de acesso. “A medida é válida, mas não pode e nem deve substituir o diálogo. Antes de tomar esse tipo de providência, converse com seu filho. Ele precisa entender que cabe ao pai orientá-lo sobre os perigos da Internet assim como faz com outras atividades corriqueiras”, sugere.
O professor Wagner Sanchez elaborou algumas dicas que podem ser úteis nessa difícil tarefa:
§ Lugar de computador não é no quarto: manter o equipamento em uma área de circulação da casa, como a sala ou escritório, em vez do quarto, é um fator essencial. Além de evitar que seu filho passe horas isolado na frente do micro, permite que os pais se aproximem da criança com mais facilidade e compartilhem com ela informações sobre os tipos de sites e bate-papos acessados, sem que essa participação seja entendida como invasão de privacidade.
§ Internet é apenas mais uma opção: toda criança precisa de limites e essa regra deve ser lembrada quando o assunto é a utilização do computador, mesmo no caso de uma pesquisa escolar. É importante que os pais ensinem seus filhos a utilizar as ferramentas da Web como uma entre variadas opções de lazer e educação. No caso das tarefas escolares, incentive a criança a buscar informações em livros, enciclopédias e através de conversas pessoais com pais, amigos e professores. Já no que diz respeito à diversão on-line, é essencial que as crianças observem a Web como uma fonte de entretenimento que não deve substituir opções que promovem a interação pessoal e direta com os amigos no ambiente off-line.
§ Navegar na hora certa: negociar com a criança horários para atividades on-line é outro fator essencial. As regras devem ser debatidas para que os dois lados, de pais e filhos, dêem sua opinião e estejam de acordo. Da mesma forma que o filho deve aprender a dosar a quantidade de horas a serem gastas em frente ao computador, os pais também devem impor limites e policiar o próprio uso exagerado da Internet em seu tempo livre.
§ Trocar informações e aprender em conjunto sobre a Internet: uma das dicas mais valiosas para pais e filhos é aprender a compartilhar conhecimentos variados. Com a velocidade das mudanças tecnológicas e a facilidade que as crianças possuem para captar novos conhecimentos, os adultos têm muito a aprender com os mais jovens sobre o uso da Internet. Além disso, da mesma forma que os pais esperam que seus filhos não escondam o que fazem no computador, a recíproca também é válida. Apresente para o seu filho sites interessantes e não deixe de responder quando questionado sobre o que está fazendo na Web – seja uma atividade de trabalho, uma simples busca pelos filmes em cartaz nos cinemas ou uma pesquisa por preços mais baixos.




