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terça-feira, dezembro 23, 2025
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A televisão mais interativa

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UnB cria aplicativos para auxiliar na implementação da TV digital.
O principal meio de informação e entretenimento dos brasileiros está prestes a passar por uma transformação. Em outros países, a mudança inclusive já aconteceu. A televisão se tornou praticamente um computador. Por meio da chamada TV digital, japoneses, europeus e americanos já enviam e-mails, fazem críticas e até personalizam a programação.
No Brasil, essa nova tecnologia está em fase final de debate. Para contribuir com essa escolha de regras e tecnologias, a Universidade de Brasília (UnB) participa do projeto do Sistema Brasileiro de TV Digital (SBTV) desde outubro de 2004, quando concorreu a edital público e começou a desenvolver softwares para a nova televisão. Agora, a universidade apresenta os primeiros resultados das pesquisas. O professor da Faculdade de Tecnologia (FT) Paulo Gondim revela que já foi testado com sucesso um aplicativo capaz de enviar mensagens por meio da televisão digital para celulares. Outro programa criado na UnB poderá ser usado para o envio de mensagens curtas entre os televisores, semelhantes a telegramas.
“Também desenvolvemos e testamos um guia eletrônico de programação, na forma de um protótipo. De acordo com os horários e atrações programados, ele muda de canal automaticamente”, conta Gondim, que dá aulas no Departamento de Engenharia Elétrica. “Se a emissora oferecer a mesma atração em diferentes horários, também será possível assistir a novela das 20h à meia-noite com esse aplicativo.”
Para testar os aplicativos, a UnB adquiriu um aparelho chamado Set Top Box. Projetado na Europa e fabricado na Tailândia, ele custou cerca de US$ 1 mil, pagos com recursos do Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações (Funttel).
Semelhante a um DVD, o Set Top Box transforma o televisor analógico em digital, funcionando como receptor do sinal digitalizado. Por ter uma memória maior, ele ajuda na criação de programas. Um aparelho importado que só converte o sinal e possui uma memória menor chega a custar US$ 100. “Esse equipamento usado no televisor analógico, dispensa a compra de um televisor digital”, diz o professor da Faculdade de Tecnologia. De acordo com ele, o preço do Set Top Box pode ser ainda menor no Brasil, caso o governo federal forneça algum subsídio para os fabricantes.
DIFERENÇAS – A televisão digital não pressupõe apenas novos aparelhos. Por trás dela, existe uma tecnologia que permite a melhor utilização do espectro eletromagnético. Atualmente, a televisão analógica já recebe o sinal das emissoras por via aérea (como acontece na maior parte das casas brasileiras), via cabo ou satélite.
Na transmissão digital, os sinais são transmitidos como bits, o que facilita o emprego de técnicas modernas de modulação e de compressão de dados. Com isso, ela protege o sinal de interferências (os chuviscos), melhora a qualidade da imagem e aumenta o número de canais disponíveis.
MAIS INCENTIVO – Paulo Gondim acredita que, com a televisão digital, o país caminha para um forte movimento de convergência tecnológica, integrando as redes de comunicação de dados, radiodifusão e telefonia. Para ele, é possível misturar com o modelo brasileiro tecnologias de diferentes países. O importante, no momento, seria avaliar quanto cada fabricante estrangeiro vai cobrar pelas patentes dos padrões internacionais e como os representantes de tais padrões se comprometerão a aproveitar o trabalho feito pelos brasileiros.
“É preciso tomar cuidado para não acontecer com a televisão digital o mesmo que aconteceu no processo de digitalização da telefonia móvel. O Brasil paga royalties pesados para manter a rede de celular”, alerta o professor. Segundo ele, a definição do padrão brasileiro deve privilegiar a indústria e a pesquisa nacional, que podem adaptar a tecnologia internacional à realidade brasileira.
Gondim defende que o governo federal continue a financiar os estudos sobre a tecnologia digital. Instituições, como a UnB, que no ano passado receberam apoio para pesquisar a nova televisão, agora enfrentam dificuldades para continuar as investigações.

Números
R$ 1,5 milhão: valor repassado pelo governo federal para as universidades estudarem TV Digital em 2005
R$ 350 mil: montante recebido pela Universidade de Brasília (UnB)

Perfil
Paulo Gondim tem doutorado em Engenharia Elétrica pela
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e mestrado e graduação pelo Instituto Militar de Engenharia (IME). Está na Universidade de Brasília como professor concursado desde 2003.

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