Alguns temas em nosso país são um prato cheio para cartunistas e desenhistas. E um deles, depois da política, é claro, é o esporte. A extrema valorização que é dada, principalmente ao futebol, onde jogadores e técnicos se transformam em verdadeiras celebridades, é material de sobra para os cartunistas deitarem e rolarem nas confusões que essa exposição pode causar. Um dos especialistas nessa arte em nossa região é o cartunista André Marangoni.
“Quando penso em humor esportivo, penso logo em futebol. Charges de futebol são um caso à parte”, comenta André. Segundo ele, uma charge sobre esse assunto é muito mais lida, graças ao interesse que o futebol desperta, do que uma charge sobre outro esporte. E como André gosta de futebol, e é torcedor assíduo, considera ótimo poder trabalhar com esse tema.
Os jornais e sites esportivos trazem 95% de suas charges sobre futebol. “São clássicas as brincadeiras de segunda-feira sobre quem perdeu os jogos de domingo, que os torcedores vencedores adoram”, lembra ele.
E André já tem um bom currículo sobre o assunto. Já foi chargista do Portal Futebol Interior, no qual fazia charges tanto sobre os grandes times, quanto dos times daqui do interior. Depois entrou como colaborador do site Mondo Palmeiras e Palmeiras Todo Dia.
Com o apoio de outro cartunista, Bruno Venâncio, criou um blog só de charges sobre o Palmeiras, que tem o divertido nome de “O Chiqueiro” (http://ochiqueiro.zip.net). “É um blog único, pois colocamos nele todas as charges que os palmeirenses gostariam de ver, e que nós fazemos e atendemos aos pedidos”, conta André. O blog já existe há um ano e meio e tem audiência crescente.
Vindo mais para a realidade piracicabana, André também criou (em parceria com o irmão também cartunista, conhecido como Marangoni) o Blog Cáxara de Forfi (jeito caipira de se pronunciar caixa de fósforos), onde ele faz charges exclusivas sobre o XV de Novembro, time de Piracicaba (SP).
Sempre crítico e divertido, André diz que os sentimentos tem papel importante quando elabora as charges. Para ele, captar a percepção dos torcedores significa transmitir uma mensagem humorística sem deixar de ser verdadeira. O desenho, entretanto, não perde qualidade, nem quando o Palmeiras, time de André, é derrotado. “Os traços são os mesmos, mas que é melhor fazer charge quando o time vence, isso é”, afirma.
André Marangoni
André confessa que desenha desde que se entende por gente. “Quando eu era criança gostava de ver os quadrinhos que fossem de humor”, comenta. “Nunca gostei das Histórias em Quadrinhos que eram de super-heróis. Eu visitava o Salão de Humor e achava bacanas os cartuns e charges. Resolvi então que quando fosse desenhar trabalharia com humor. Cartuns é o que eu gosto mesmo”.
Os seus primeiros rabiscos foram aos 4 anos de idade, quando ainda usava a fachada de uma porta como lousa. Na opinião do cartunista, a arte de desenhar não pode ser entendida como dom, mas sim como uma habilidade a ser aperfeiçoada. Entretanto, é fato que para conseguir transformar uma crítica esportiva em desenho, é preciso mais do que habilidade, é preciso estar interado com o assunto.
Mas o gosto pelo desenho não provém só do fato de a profissão nunca parecer tediosa, ou apenas por trabalhar com aquilo que gosta. Satirizando sua própria imagem (o que não é de se admirar em se tratando de um chargista) André conclui que nunca foi bom em contar piadas, preferiu desenhá-las. “Como uma imagem vale mil palavras, acho que entre um artigo e uma charge, a segunda tem um custo-benefício melhor. Era o caminho a ser seguido”, enfatiza.
