Na quinta-feira, dia 8 de outubro, um tronco de um flamboyant centenário caiu sobre um carro na Praça dos Imigrantes em Sousas. O motorista, o empresário José Luis de Godoy, ainda estava no automóvel no momento da queda. Ainda bastante chocado com o acidente ele conversou com a nossa reportagem: “Se não fossem os galhos que caíram no chão antes e seguraram o tronco eu nem sei o que teria acontecido”.
Aquele dia foi marcado por chuvas e fortes ventos, que chegaram até a 80 km/h, em toda região. Mas, segundo o empresário, não ventava em Sousas na hora do acidente.
Celinha Mingato, comerciante, questiona se aquela árvore ainda cabe naquela praça: “Sou super a favor da preservação do meio ambiente, mas, olha o tamanho da praça e olha o tamanho da árvore. Ela morreu e vai matar.” Ela afirma também que parte da população local era contra a derrubada do flamboyant e que existiu um abaixo-assinado contra o corte, o qual até ela assinou. “Não adianta só o jardineiro da praça falar que precisa cortar a árvore, precisa vir um engenheiro florestal e conscientizar a população, explicar porque ela precisa ser podada.” conclui a comerciante.
A educadora física Denise Lanzelotti afirmou que ligou dois dias antes do acidente para a prefeitura pedindo para podarem a árvore. Ela afirma também que usavam motoserra nas podas, que eram irregulares, o que causou desequilíbrio no flamboyant. Para ela, isso foi a principal causa da queda. Ela disse ainda que a engenheira da subprefeitura e o subprefeito Lucrécio Raimundo estavam cientes sobre os parasitas que habitavam a árvore. Segundo a educadora física, nenhuma providência foi tomada.
Denise explica que o movimento da população não era contra a tirada da árvore caso condenada: “A gente quer uma árvore aqui, mas não somos contra podar, nem tira-la caso condenada”. Ela ressalta também que um técnico do DPJ afirmou que a raiz da árvore está abafada e que providências seriam tomadas. Denise acrescenta ainda que há 20 anos podam as árvores, sempre com muito critério, mas, da última vez, foi um descaso e a árvore foi “mutilada”, segundo as pessoas que assinaram o abaixo-assinado. Por isso, houve a necessidade de uma manifestação, que pleiteavam uma poda mais criteriosa como era feita anteriormente. O movimento tinha ciência do quanto é positivo para as árvores as podas.
Segundo o DPJ (Departamento de Praças e Jardins) o flamboyant estava condenado. Eles afirmam ainda que a árvore estava infestada de Brocas, que consomem e condenam o caule. O flamboyant só não foi derrubado por causa da movimentação dos moradores locais, que eram contra a derrubada da árvore.
Após queda de tronco, flamboyant é derrubado
Na tarde da sexta-feira, dia 8 de outubro de 2010, a Praça dos Imigrantes de Sousas perdeu o seu flamboyant centenário. O DPJ condenou a árvore e por ela oferecer muitos riscos optou pela derrubada. Muitos moradores assistiam ao trabalho dos funcionários da prefeitura com olhar de pesar.
O subprefeito de Sousas, Lucrécio Raimundo da Silva, conversou com a nossa reportagem. Ele afirmou que no lugar do flamboyant centenário será plantado um ypê branco. O subprefeito disse que uma poda na árvore poderia ter evitado o acidente com o carro do empresário José Luis de Godoy, mas que um abaixo-assinado com mais de 600 assinaturas não permitiu a ação da prefeitura no local.
Ao ser perguntado se a subprefeitura não poderia tentar conscientizar as pessoas, o subprefeito respondeu: “Seria complicado ir contra a vontade delas, as pessoas não entenderiam. Houve uma poda só nos galhos, não nos troncos. Muitas pessoas assinaram o abaixo-assinado sem saber o que estavam assinando. Como uma pessoa assina o que não sabe?”.
A professora Marta Aparecida Meck Melges se demonstrou conformada em relação à derrubada do flamboyant: “Faz 60 anos que moro aqui e essa árvore sempre esteve aí, mas agora ela tem que ser tirada”. Sônia Maria Mian de Almeida, dona de casa, estava menos conformada com a falta de atitude da subprefeitura: “Deveriam ter cortado antes. Tinha galho muito grande que iria cair”. Ela não ficou sabendo do abaixo assinado: “Em dia de missa todo mundo ficava embaixo da árvore, imagina o risco que a gente corria? Entre a árvore e o risco…”. Ela completa que vai ser esquisito sair da missa e não ver a árvore.
Para o fotógrafo Sérgio Prado a árvore estava muito antiga e podre: “Foi até bom ter acontecido algo, assim as pessoas passam a se preocupar mais com a praça”.