Mais um debate, mais uma ausência de Ricardo Nunes (MDB), candidato à prefeitura de São Paulo, na manhã desta quinta-feira (17) nos estúdios do site UOL/Folha/RedeTV. Guilherme Boulos (PSOL) foi entrevistado por uma hora, fez duras críticas a Nunes e marcou debate com o povo nesta sexta-feira (18) às 10 horas na Praça Ramos, em frente as escadarias do Teatro Municipal.
“Chega de prefeito nanico, São Paulo precisa de um líder!”, conclamou, ao bater pesado também na omissão do prefeito diante do apagão que ainda atinge parte da cidade desde a última sexta-feira (11).
“Mais uma vez o Ricardo Nunes fugiu, ele já havia, durante três anos e meio, fugido das responsabilidades de prefeito, só veio trabalhar no tempo de eleição, agora nessa semana fugiu de suas responsabilidades em relação ao apagão e hoje foge do debate porque tem medo de debater ideias”, postou em suas redes sociais o candidato do PSOL que tem como vice Marta Suplicy (PT).
Após classificar Nunes de “covarde” e lamentar que seu oponente tenha preferido se “esconder debaixo da saia do Tarcísio”, Boulos reafirmou o compromisso de tirar a empresa Enel do gerenciamento do fornecimento de energia e apontou soluções simples e eficazes, praticadas em outros países para minimizar problemas decorrentes de tempestades.
Existem atualmente em São Paulo 7.600 pessoas na fila de espera por poda de árvores, com espera de mais de um ano para serem atendidas. Ao revelar o dado, Boulos se comprometeu com o uso de modernas tecnologias usadas em outros países, como chipagem e monitoramento da saúde das árvores via satélite. “Vamos trazer inovação e tecnologia que já existem. Não é reinventar a roda, é o que já existe em várias cidades do mundo para poder garantir que o serviço de poda seja zerado na cidade de São Paulo que tenha fila zero”, anunciou.
São Paulo não merece prefeito despreparado
Durante a entrevista, Boulos voltou a alertar a população para o risco de mais quatro anos de abandono. “Imagine esse cidadão reeleito. Significa deixar a cidade mais três anos abandonada para ele começar a trabalhar no 4º, quando estiver perto da eleição”, disse.
Boulos se comprometeu a “colocar a cidade de São Paulo no lugar que ela merece” e atuar como líder, assumindo responsabilidades e defendendo os interesses da cidade”. Mais uma vez ele apontou a postura vacilante de Nunes, que gaguejou em debate quando não foge dele.
“Imagino uma reunião do Ricardo Nunes com os executivos da Enel. São Paulo não merece um prefeito despreparado, omisso e sem pulso como ele”, apontou, voltando a bater os pontos que tem insistido nas entrevistas, como a proposta de abertura de sigilo bancário, que Nunes não respondeu. Além disso, relembrou da fuga do atual prefeito para camarotes da Fórmula 1 e UFC quando houve apagão em São Paulo em 2023 e que, agora, “bota colete e vai pra rua e fingir que trabalha porque está perto da eleição”.
“Meu adversário fugiu e mostrou o covarde que é. Hoje, a máscara caiu! 70% da cidade de são Paulo no dia 6 de outubro votou pela mudança”, assinalou, anunciando que, diante de mais ausências de Nunes, fará “debates com o povo”.
Colunistas em côro nas críticas a Nunes e Tarcísio
Os colunistas do site Uol, Leonardo Sakamoto e Josias de Souza, fizeram côro com Boulos e também incluíram o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, na trama que resultou numa nota, emitida de madrugada e assinada pelo comitê da campanha de Nunes, comunicando o não comparecimento devido a uma reunião extraordinária entre o prefeito e o governador exatamente na hora do debate.
“O governador Tarcísio de Freitas meteu um atestado para que o prefeito Ricardo Nunes pudesse faltar ao debate. Isso é um indicador de que a campanha do prefeito Ricardo Nunes sentiu sim o impacto na imagem dele do apagão que São Paulo sofreu”, salientou Leonardo Sakamoto, ao apontar que fica uma dúvida sobre a capacidade do atual prefeito de refutar as críticas sobre a sua atuação no caso.
A ausência de Nunes em meio a uma das piores crises vividas pela cidade nos últimos anos, na avaliação de Sakamoto, seria mais que uma ausência em um compromisso de campanha. “A gente está falando de uma prestação de contas sobre administração municipal, sobre o que o prefeito vem fazendo. Não é que ele se furtou a debater com o Boulos, ele se furtou de tratar sobre um apagão com o povo de São Paulo e o Tarcísio deu respaldo a ele”, disparou, no momento das análises antes do início da entrevista.
“Colo do aliado no escuro”
O colunista Josias de Souza fez duras críticas e também envolveu o governador de São Paulo Tarcísio de Freitas. “O crime do Ricardo Nunes (…) foi ter disfarçado mal a sua covardia (…) O cúmplice é muito óbvio, é óbvio demais, é o Tarcísio de Freitas, então o prefeito preferiu, em vez de enfrentar o Guilherme Boulos sob holofote, na ribalta de um debate franco, ele preferiu o colo do aliado do escurinho”, afirmou.
Para Josias, um prefeito que tem medo de mostrar quem ele para o eleitor e para si mesmo, é um candidato que descrê de forma acintosa em seu favoritismo. “A fuga desse debate não fez bem a imagem do prefeito num momento em que ele precisava mostrar que tem capacidade de enfrentar um momento adverso porque uma administração é feita de momentos adversos. Se o prefeito não consegue enfrentar uma adversidade que se apresenta diante dele durante a campanha, que dirá em mais quatro anos de mandato”, disparou.
Na abertura da entrevista, a apresentadora Fabíola Cidral expôs a frustração por, após mais de uma semana de negociação com as campanhas, Nunes não ter “encontrado na agenda do governador Tarcísio de Freitas horário diferente desse que já estava marcado com ele”. Boulos postou em seu perfil no BlueSky a fala da apresentadora, que reforçou o respeito ao eleitor e à democracia brasileira por parte dos organizadores do debate, que fizeram a entrevista, seguindo o regulamento “debatido exaustivamente” com as campanhas.
Da Redação do PT