Sessão tem agressão a jornalistas em ação da Polícia Legislativa
A sessão na Câmara dos Deputados terminou em confusão após o deputado Glauber Braga ser retirado à força da cadeira da Presidência. Jornalistas que acompanhavam a votação relataram agressões por parte da Polícia Legislativa, responsável pela operação conduzida sob comando de Hugo Motta. Profissionais denunciaram empurrões, golpes com escudos e bloqueio de celulares durante a cobertura.
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A ocupação da cadeira por Glauber ocorreu após protesto contra o projeto de anistia a investigados dos atos de 8 de janeiro. A reação da segurança esvaziou rapidamente a área da Mesa Diretora. A operação avançou sobre a área destinada à imprensa, onde repórteres registravam a movimentação, e parte da tropa teria ordenado que os profissionais desligassem câmeras.

Falta de protocolo e uso de força
A ação ocorreu sem aviso prévio à equipe de comunicação do parlamento, que normalmente recebe orientação antes de intervenções no plenário. O deslocamento repentino da tropa empurrou fotógrafos e cinegrafistas contra o parapeito lateral da tribuna, onde não há barreira de proteção adequada. Relatos apontam que ao menos dois profissionais levaram golpes enquanto tentavam se afastar.
Contradições e impacto político
A direção da Polícia Legislativa afirma que a operação visou apenas retirar o deputado da cadeira presidencial, mas testemunhas indicam que a tropa continuou a empurrar parlamentares e imprensa mesmo após a remoção de Glauber. Um dos pontos críticos será identificar qual ordem justificou a repressão sobre a área de jornalistas, já que o acesso profissional é regulamentado e autorizado pela própria Casa.
A escalada acontece em meio à votação de um projeto que reacendeu tensões entre governo, oposição e setores investigados por participação ou incentivo aos atos golpistas. O episódio deve influenciar a narrativa sobre o uso do aparato policial interno e o grau de autonomia concedido às forças de segurança no parlamento.
Deputados escolhem quem pode cair
A sessão revelou, também, um movimento interno para punir apenas opositores enquanto nomes aliados ao bolsonarismo, investigados por crimes graves, permanecem blindados pela cúpula da Casa.
A cena ocorreu após o deputado Glauber Rocha ocupar a cadeira da Presidência em protesto contra a votação-relâmpago que beneficia condenados por tentativa de golpe. A ordem para retirá-lo partiu do presidente da Câmara, que acionou a Polícia Legislativa. O uso desproporcional da força atingiu jornalistas que registravam a ação. Testemunhas relataram empurrões, celulares arrancados e obstrução de cobertura.
Minutos depois, a Mesa Diretora abriu caminho para uma possível cassação de Glauber. Mas, no mesmo plenário, seguem paradas sem qualquer encaminhamento outras representações que envolvem casos de peso: a deputada que fugiu para a Argentina após descumprir ordem judicial; outro deputado alvo de investigação por espionagem ilegal que também está foragido; o herdeiro político acusado no inquérito dos atos antidemocráticos; e os parlamentares citados nas investigações sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco.
Todos permanecem com mandato intacto. Nenhum deles teve pedido de cassação apreciado.
Riscos à liberdade de imprensa
Profissionais pretendem protocolar denúncias sobre agressões, citando violação de garantias de cobertura jornalística asseguradas por normas internas da Câmara. O episódio também reacende debate sobre responsabilização da Polícia Legislativa, que não possui mecanismo de controle externo equivalente às polícias estaduais.
Organizações de imprensa monitoram possíveis repercussões legais e questionam o fato de a ação ter sido ordenada em sessão de alto impacto político, sem mediação institucional. A ausência de registro oficial de ocorrências durante a confusão levanta suspeitas de tentativa de apagar evidências, que podem aparecer em imagens captadas por celulares e câmeras que estavam sendo pressionadas a desligar.




