Empenhados em barrar qualquer chance de crescimento econômico e de melhoria das condições de vida do povo, o presidente do Banco Central (BC), o bolsonarista Roberto Campos Neto, a mídia corporativa e outros serviçais do capital financeiro lançaram nova ofensiva contra o governo Lula após o anúncio de que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 2,9% em 2023 – três vezes acima de suas previsões pessimistas.
Desta vez, o novo golpe de Campos Neto contra a economia brasileira se dá através do lobby pela aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que amplia ainda mais a autonomia do Banco Central, conferida pelo Congresso há três anos. Uma autonomia que, desde então, tem sido utilizada pelo bolsonarista para sabotar o país, em um sentido diametralmente oposto às atribuições legais do BC, entre as quais a de fomentar o bem-estar econômico dos brasileiros.
Para evoluir em sua nova manobra, o bolsonarista contou com um amplo espaço no jornal Folha de S. Paulo, no final de semana. A entrevista deixa claro que ele, em sua sanha sabotadora, não se contenta em ver que os altos patamares da taxa básica de juros (Selic), praticados pelo BC, foram responsáveis, entre outros prejuízos para a economia brasileira, pela queda de 3% nos investimentos em 2023, conforme demonstram os números do PIB, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O PIB da construção civil, por exemplo, sofreu queda de 0,5% no ano passado, em razão da asfixia da capacidade de investimento do setor, que responde por 45% do total dos investimentos analisados pelo IBGE no ano passado.
Segundo a pesquisa Sondagem da Construção, realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), com o apoio da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), os juros altos ocuparam o topo do ranking dos principais problemas do setor em 2023.
“A construção pagou a conta das taxas de juros em alto patamar”, disse Ieda Vasconcelos, economista da CBIC, em matéria publicada no site da entidade.
Apesar de todos os sinais dos efeitos nefastos da atual política monetária, a entrevista de Campos Neto à Folha, além de não fazer uma abordagem crítica sobre o assunto, dá espaço para o bolsonarista intensificar ainda mais a ofensiva contra a economia brasileira, expelindo sua pauta contrária à expansão do crédito, aos investimentos públicos e ao aumento da renda dos trabalhadores – mesmo após a constatação de que o aumento do consumo das famílias foi decisivo para o crescimento do PIB.
Para a presidenta do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), Campos Neto, a mídia corporativa e outros sabujos do capital financeiro querem implantar uma “ditadura monetária”, em detrimento do desenvolvimento e do bem-estar dos brasileiros.
Governo Lula fez o PIB de 2023 crescer 3 vezes acima das previsões, mas os dados do IBGE demonstram que os juros exorbitantes do BC derrubaram os investimentos e estagnaram o crescimento no segundo semestre. É uma política monetária que segue ameaçando o país, mas a gente não vê uma linha de crítica na mídia sobre isso”, criticou Gleisi.
“Ao contrário, Folha dá espaço hoje para o Campos Neto defender ainda mais autonomia para o BC. Segue defendendo taxa de juros acima da realidade, contenção do crédito e ainda aponta os salários melhores como ‘risco’. Querem submeter o Brasil a uma ditadura monetária”, denunciou a parlamentar.