No dia 14 de outubro, Sousas foi surpreendida com a desativação do posto da Polícia Militar. A base da PM funcionava na rua Humaitá há cerca de 40 anos. Segundo moradores, nem os policiais que trabalhavam no local sabiam que o posto policial seria desativado.
Os moradores demonstravam indignação: “Saíram daqui na surdina. De manhã chegou o caminhão e o camburão e levou todos os móveis embora”. Eles ainda denunciaram a falta de estrutura da policia no local: “Aqui tinha só uma viatura pra rodar aqui e no Flamboyant”. Eles também disseram que a saída da PM do prédio foi motivada pela estrutura do prédio: “Quando chovia, chovia lá dentro, mas era só problema do telhado mesmo. A prefeitura sabia do problema e não fez nada. Ali é um prédio tombado, então é de responsabilidade da prefeitura. Os moradores se mobilizariam e doariam os materiais, o subprefeito sugeriu então de por mão de obra de presos e não foi aceito”.
O comerciante Armando José Precaro, dono de uma loja especializada em materiais de construção, mostrou indignação com o fechamento do posto policial: “Tudo pode ser feito antes, não foi feito… agora vêm desculpas daqui, desculpas dali. Isso não pode acontecer numa comunidade: Deixar à mercê do bandido”.
O Jornal Local procurou o CONDEPACC (Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas) que apenas informou que realmente o prédio onde funcionava a base da Polícia Militar é tombado.
O subprefeito de Sousas, Lucrécio Raimundo da Silva, disse que se reuniu com o CONDEPACC para resolver a questão, que esperavam a ajuda dos moradores e que também foi surpreendido com a desativação do posto policial.
No dia 21 do mesmo mês, o comando da Polícia Militar, vereadores e a comunidade de Sousas e Joaquim Egídio se reuniram no salão paroquial da igreja Santana para discutir a desativação da base da PM e os rumos a serem tomados pelo policiamento local.
Estiveram presentes na reunião os vereadores Artur Orsi (PSDB), Luis Henrique Cirillo (PPS), Petterson Prado (PPS) e Sebá Torres. Representavam a Polícia Militar o Tenente-Coronel Arraez, comandante do 8º Batalhão, Capitão Alexandre de Carvalho e o Major Marci Elber, ambos da 2ª companhia do 8ª Batalhão da Polícia Militar do Interior. Também estavam presentes os subprefeitos de Sousas, Lucrécio Raimundo da Silva, e de Joaquim Egídio, Paschoal Bortoletto. José Afonso Bittencourt, diretor da macrozona leste, que engloba esta região, foi o representante da prefeitura na reunião. Cerca de 100 moradores também compareceram ao salão paroquial.
O Tenente-Coronel Arraez deixou claro que o posto militar na Rua Humaitá não atendia aos princípios atuais da PM: “Os policiais ficavam escondidos e tinham muitos policiais com certa idade e problemas de saúde que vinham para Sousas”. Assim como todos os demais presentes, defendeu que o distrito não pode ficar sem uma base fixa, mas coube a ele apenas cumprir ordens de superiores.
O vereador Artur Orsi criticou a maneira como foi feita a desativação do posto policial: “Da forma como foi feita, sem um aviso prévio, gera uma desinformação dos moradores e dá uma insegurança à comunidade. O prédio precisa de uma reforma e poderia se fazer uma parceria entre o estado e o município”.
O diretor da macrozona leste José Afonso Bittencourt também defende um ponto fixo da PM no distrito, mas acha que o antigo prédio não tem as condições adequadas: “Há dois meses atrás fizemos uma reunião com o capitão Alexandre para nos interar sobre a situação do prédio que está obsoleto em tamanho”. Para ele o ideal seria um novo posto em uma avenida de Sousas.
Paulo Sabioni, conhecido como Piriquito, morador do distrito e assessor da deputada estadual Célia Leão (PSDB) mostrou preocupação em relação à base móvel: “O efetivo da polícia dá uma ideia de mais segurança. Caso tenha ocorrência em outro bairro, como fica Sousas? A base móvel vai se destacar para lá? Como a base móvel vai atuar?”.
O presidente do conselho de segurança (CONSEG) Tomaz Alcantara Cavallaro não gostou de algumas colocações feitas pela PM, como a comparação com o CONSEG do Cambuí, passando a impressão de que se transferiria a responsabilidade para o conselho: “Da forma como vêm sendo colocadas as questões parece que a culpa é do CONSEG. A PM não precisa das ações do CONSEG para atuar”.
A comparação que irritou Cavallaro foi a construção da base da PM no Cambuí, que envolveu a parceria com do CONSEG local com a iniciativa privada e a comunidade. Um morador sugeriu que fosse instalada uma delegacia em Sousas. Outro salientou que trabalhos móveis e trabalhos fixos são complementares. Outra sugestão vinda da comunidade foi para que se usasse a base da Guarda Municipal para a Polícia Militar. O Major Marci Elber se posicionou contra, declarando que “sobrepõe as forças das polícias”. Para a os representantes de condomínios presentes na reunião também poderia ser construída uma base na praça, avaliando os custos e a viabilidade técnica disso.
O morador do distrito, Dr. Aderbal Bergo mostrou indignação com a situação: “O que nós vemos aqui é uma falência da estrutura do Estado. Somos o estado mais rico do país e o que falta é o entrosamento do estado e prefeitura. Ficou bonito para o prefeito, o poder público mandou asfaltar o acesso à sua casa, mas como fica a base da polícia em Sousas?”
José Afonso Bittencourt defendeu que a Polícia Militar deve apresentar um projeto, contendo os custos de uma base fixa, para que se tenha um policiamento mais efetivo em Sousas.
O vereador Sebá Torres (PSB) se mostrou preocupado com a diminuição do policiamento na região: “Já perdemos o efetivo. Perdemos agora e em outras ocasiões já perdemos o efetivo da polícia em Sousas”. Ele defende que a base da PM seja instalada em outro local da região, não necessariamente no distrito.
Peterson Prado, vereador pelo PPS, se comprometeu a ser atuante e sugeriu que tenha reuniões mensais para que a atuação da PM seja constante. Seu colega de partido, o vereador Luis Henrique Cirillo, vai pedir ao executivo a criação de uma comissão de estudos: “O poder legislativo junto ao poder executivo devem trabalhar juntos para que não fique só nas mãos do CONSEG a responsabilidade. Após a criação dessa comissão vamos criar os projetos para a criação de um Distrito Policial”.
O Tenente-Coronel Arraez disse que houve uma reunião com o secretário de Segurança Pública do estado de São Paulo e que estão procurando um imóvel para locação para ali implantar a base da Polícia Militar. Segundo ele, isso pode demorar até um ano.
No dia 4 de novembro ocorreu uma nova reunião no salão paroquial da igreja Santana. Novamente estiveram presentes os vereadores Luis Henrique Cirillo (PPS) e Sebá Torres, o presidente do CONSEG Tomaz Alcantara Cavallaro, o diretor da macrozona leste José Afonso Bittencourt e o subprefeito de Sousas Lucrécio Raimundo da Silva. O Capitão Alexandre de Carvalho, da 2ª Companhia do 8º Batalhão era o representante da Polícia Militar. Dessa vez, poucos representantes da sociedade estiveram presentes, menos de dez.
Foram apresentados dois pontos de instalação para a nova base fixa da Polícia Militar ambos na Rua Isabelita Vieira. O primeiro ponto é em frente à uma praça, próximo à uma drogaria e o outro é no cruzamento com a Rua XV de Novembro. Segundo o Capitão Alexandre de Carvalho, a ideia é trazer um pelotão com 30 policiais e uma viatura para o posto.
O subprefeito Lucrécio Raimundo apresentou proposta de locação na Rua dos Expedicionários, próximo à estação de transferência. O aluguel do imóvel está em torno de R$ 5.000, enquanto a verba da PM disponível para locação é de apenas R$ 3.500.
O processo de locação deve passar por uma comissão que avalia a compatibilidade do imóvel, levando em consideração suas condições, seu local, a documentação e sua visibilidade. Segundo o Capitão Alexandre de Carvalho, um policiamento visível inibe a ação dos criminosos. Tal processo pode durar de 1 a 5 meses.
Também foi sugerido, durante a reunião, a construção de um posto policial fixo, cuja verba de R$ 120.000 seria liberada pela secretaria de Segurança Pública, intermediada pelo deputado federal Carlos Sampaio (PSDB).
No dia 11, o Capitão Alexandre, o CONSEG e o subprefeito Lucrécio visitarão os imóveis para locação, cujo contrato terá que ser de 5 anos. O próximo passo é dar início a construção do novo posto da PM, que deve ser em terreno cedido pela Prefeitura.
A próxima reunião para discutir os rumos da nova base da Polícia Militar em Sousas será no dia 23 de novembro, no salão paroquial da Igreja Santana.