Coalizão peronista vence principal província do país; governo enfrenta desvalorização do peso, fechamento de empresas e investigação contra irmã do presidente
Por Sandra Venancio – RS/Via Fotos Públicas
As ações de empresas argentinas listadas em Nova York caíram 13% nesta segunda-feira (8), após a derrota da coalizão do presidente Javier Milei nas eleições legislativas da província de Buenos Aires, que concentra quase 40% do eleitorado nacional e responde por quase metade da economia do país.
>> Siga o canal do Jornal Local no WhatsApp
A oposição peronista Fuerza Pátria, de centro-esquerda, obteve 47% dos votos contra 33% da ultraliberal La Libertad Avanza, de Milei. O revés representa o momento mais crítico desde o início do governo, marcado por forte ajuste fiscal e protestos populares contra o corte de subsídios em serviços básicos e medicamentos.
Desde que assumiu, Milei reduziu ministérios, proibiu o financiamento do déficit pelo Banco Central e promoveu austeridade. As medidas derrubaram a inflação acumulada de 211% em 2023 para 17,3% até agosto de 2025, mas ao custo de uma recessão de 1,7% no primeiro ano de mandato e fechamento de mais de 15 mil empresas.
A turbulência eleitoral se soma a uma crise política: Karina Milei, irmã do presidente e secretária da Presidência, é investigada pelo Ministério Público sob suspeita de cobrar propina de laboratórios que vendem medicamentos ao governo.
Com a derrota, o peso argentino sofreu forte desvalorização e analistas avaliam que Milei terá dificuldade em manter a agenda liberal diante da resistência social e da perda de sustentação política.