Conflito público entre deputado Fábio Teruel (MDB) e família da cantora sertaneja revela destinação de verba federal para obras em área nobre; especialistas apontam uso questionável de recursos públicos
Uma briga pública entre o deputado federal Fábio Teruel (MDB-SP) e a família da cantora sertaneja Simone Mendes trouxe à tona um destino polêmico de recursos públicos: mais de R$ 2,2 milhões em emendas parlamentares foram destinados para recapear ruas de um condomínio de luxo em Barueri, na Grande São Paulo. O caso reacende o debate sobre a transparência e o uso de verbas que deveriam priorizar o interesse coletivo.
Desentendimento virou gatilho
A polêmica começou após uma troca de farpas entre o parlamentar e membros da família de Simone Mendes nas redes sociais. Embora o motivo inicial tenha sido pessoal, a repercussão acabou jogando luz sobre documentos públicos que detalham a destinação de emendas parlamentares apresentadas por Teruel.
Verba para área nobre
De acordo com registros no Portal da Transparência e no Sistema de Emendas, o deputado reservou mais de R$ 2,2 milhões do Orçamento Geral da União para serviços de recapeamento em ruas internas de um condomínio fechado em Barueri. A área é considerada de alto padrão, com imóveis avaliados em milhões de reais.
Especialistas criticam
Para especialistas em administração pública, o caso pode configurar desvio de finalidade. “Emendas parlamentares são instrumentos legítimos, mas precisam atender o interesse público coletivo. Direcionar verba federal para uma área restrita a moradores de alto poder aquisitivo fere a isonomia”, avalia o advogado e professor de Direito Administrativo, Rodrigo Prates.
Impacto social
Barueri é um dos municípios mais ricos do país, mas abriga bolsões de pobreza. A destinação de recursos para uma área privilegiada reacende críticas sobre a má distribuição de verbas públicas. “Você poderia recapear ruas em bairros sem saneamento básico, em vez de asfaltar condomínio de luxo”, diz Ana Beatriz Moura, moradora da região.
Defesa
Procurado, o deputado Fábio Teruel defendeu a destinação afirmando que “as obras atendem demanda legítima de infraestrutura urbana” e que “todo o processo está dentro da legalidade”. A prefeitura de Barueri ainda não se manifestou.
Investigação à vista
O caso deve ser analisado pelo Ministério Público, que poderá abrir investigação para apurar se houve favorecimento indevido ou improbidade administrativa.