Filme ‘Até Onde a Vista Alcança’, da produtora Laboratório Cisco, retrata a luta do povo Kariri-Xocó e estreia na 53ª edição do Festival de Cinema de Gramado
O documentário ‘Até Onde a Vista Alcança’, dirigido pelo cineasta Hidalgo Romero e pela antropóloga Alice Villela, estreia na 53ª edição do Festival de Cinema de Gramado. Produzido pela campineira Laboratório Cisco, o filme traz o protagonismo da liderança indígena Pawanã Kariri-Xocó para discutir, sob a perspectiva dos povos originários, a histórica e atual disputa por terras no Brasil.
Com estreia marcada em um dos festivais mais prestigiados do Brasil e da América Latina, o documentário propõe um mergulho sensível e político no cotidiano e na resistência do povo Kariri-Xocó, povo originário do Nordeste brasileiro. A narrativa é guiada por Pawanã Kariri-Xocó, jovem liderança indígena, que apresenta as marcas do colonialismo e os desafios contemporâneos da luta pela terra e pelo território.
A produção é assinada pela Laboratório Cisco, reconhecida por projetos documentais com forte compromisso social e estético. Sediada em Campinas (SP), a produtora já participou de festivais nacionais e internacionais com obras que tratam de direitos humanos, cultura popular e meio ambiente.
Segundo os diretores, o filme é resultado de uma escuta atenta e colaborativa com o povo retratado. “Não se trata de falar sobre os Kariri-Xocó, mas com eles. O filme é uma construção coletiva, onde a câmera se coloca como aliada da luta indígena”, afirma Hidalgo Romero. Alice Villela complementa: “É também um exercício de descolonização do olhar, de deslocar o centro da narrativa para aqueles que, historicamente, foram silenciados.”
O Festival de Gramado, realizado anualmente na Serra Gaúcha, é conhecido por abrir espaço para produções que dialogam com a diversidade e as urgências sociais. A presença de Até Onde a Vista Alcança reforça a potência do cinema documental como instrumento de denúncia, memória e transformação.
Além da estreia em Gramado, o filme já despertou o interesse de curadores e instituições ligadas ao cinema indígena e aos direitos territoriais. A expectativa é que a produção tenha ampla circulação em mostras, universidades e escolas após o festival.