Confirmando as previsões dos últimos dias, o filme “É Proibido Fumar”, de Anna Muylaert (SP) foi o grande vencedor do 42º. Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, levando oito troféus do júri oficial: melhor filme, ator (Paulo Miklos), atriz (Gloria Pires), roteiro, atriz coadjuvante (Dani Nefussi),direção de arte, trilha sonora e montagem. O filme venceu ainda o prêmio da crítica. Sua estreia nos cinemas está marcada para 4 de dezembro.
Gloria Pires recebeu seu prêmio com a voz embargada e disse: “Estou muito emocionada. É a primeira vez que venho competir num festival. Agradeço à Anna [Muylaert] que me convidou a fazer a Baby [sua personagem no filme]”. A atriz revelou que, quando assistiu a “Durval Discos”- primeiro filme da diretora Anna Muylaert, de 2003 -, ficou “louca para que ela me convidasse para um trabalho”. E agradeceu também a todos os seus colegas de elenco e à sua família, “que segura as pontas quando não estou em casa”.
O segundo filme mais premiado da noite foi o documentário paulista “Quebradeiras”, de Evaldo Mocarzel, que levou os troféus de melhor direção, som e fotografia. A seguir, outro documentário, o baiano “Filhos de João – Admirável Mundo Novo Baiano”, de Henrique Dantas, conquistou o Prêmio Especial do Júri e o de melhor filme para o júri popular. Além disso, o filme baiano ganhou o prêmio especial Marco Antônio Guimarães, pelo melhor uso de imagens de arquivo, e o prêmio Vagalume, concedido por um júri formado por deficientes visuais e auditivos.
As premiações do filme baiano motivaram seguidas subidas ao palco do cantor Moraes Moreira. Uma vez, ele recitou um cordel especialmente composto para a ocasião, em que lembrava a história do grupo Novos Baianos, de que fez parte. Numa outra participação, ele puxou o coro de “Preta, Pretinha”, uma das músicas do grupo, com a platéia. Depois, Moreira comentou: “Já se passaram alguns anos e o som dos Novos Baianos não acabou”. Foi ovacionado.
Menos sorte tiveram os dois longas brasilienses. O drama “O Homem Mau Dorme Bem”, de Geraldo Moraes, ficou com o solitário troféu de melhor ator coadjuvante para Bruno Torres – filho do diretor e cujo curta 35 mm, “A Noite por Testemunha”, que relembra o assassinato do índio pataxó Galdino Jesus dos Santos, em 1997, venceu outros dois prêmios, melhor trilha sonora e melhor elenco masculino (que, na categoria 35 mm, substituiu, este ano, a premiação para um único ator, como é de praxe).
O outro filme brasiliense, o documentário “Perdão, Mr. Fiel”, de Jorge Oliveira, não recebeu qualquer troféu do júri oficial, mas venceu outro prêmio, concedido pela Câmara Legislativa do DF, como melhor longa 35 mm de Brasília. Reagindo às vaias da platéia a esta premiação, o diretor disse que “não tinha feito seu filme para alienados e analfabetos políticos ou críticos imbecilizados”. Foi a única vaia de uma noite muito festiva e sem incidentes, exceto o tradicional atraso de uma hora para dar início à cerimônia – que ainda teve no programa a exibição de dois filmes sobre Brasília, o curta “Brasília, Capital do Século” (1959), de Gerson Tavares, e o longa “Brasília, a Última Utopia” (1989), trabalho coletivo de Pedro Anísio, Geraldo Moraes, Vladimir Carvalho, Pedro Jorge de Castro, Moacir de Oliveira e Roberto Pires.
O documentário mineiro “A Falta Que me Faz”, de Marília Rocha, não recebeu qualquer prêmio.
Uol