Policiais e promotores do Gaeco – braço do Ministério Público que investiga o crime organizado, cumpriram mandatos de prisão na manhã de quinta-feira (22), em Campinas. A operação Ouro Verde batizada de “Reação”, começou por volta das 6 horas e só terminou agora a tarde, com a prisão por policias federais, do secretário de Assuntos Jurídicos da Prefeitura, Sílvio Bernardin. A prisão ocorreu no aeroporto de Viracopos, quando ele voltava de Brasília.
Ao todo, foram expedidos oito mandados de prisão e 11 de busca e apreensão em Campinas (SP), Jundiaí (SP), São Paulo (SP) e Serra Negra (SP). Participaram dos trabalhos 78 policiais militares.
O Gaeco também prendeu o empresário e dono do Correio Popular Sylvino de Godoy. A prisão aconteceu em sua casa no condomínio do Gramado, em Campinas. Na residência foram apreendidos R$ 7 mil, além de 1.850 dólares e 525 euros e veículos.
De acordo, com o Major Malco Basílio do BAEP e, responsável pela operação, o SAMU foi acionado para garantir a integridade do suspeito, já que ele declarou que havia sofrido uma pequena cirurgia cardiovascular.
“Nesses casos, o procedimento correto é garantir a segurança do preso no que diz respeito a sua saúde. Após avaliação do SAMU, determinou que o preso fosse encaminhado ao Hospital da PUC Campinas”, esclareceu.
Além do secretário e o dono do Correio Popular, dois ex-diretores do Hospital Ouro Verde e quatro empresários, entre eles, Felipe Braz Bernardes, dono da empresa Greenlav Lavanderia Clinica E Hospitalar Eireli, também tiveram prisão temporária decretada. Eles estão sendo acusados pelos crimes de organização criminosa, corrupção, peculato e lavagem de dinheiro.
O processo contra o secretário
Segundo os promotores do Gaeco, Bernardin agiu diretamente para a contratação de três fornecedores na Organização Social Vitale Saúde, que administrava o Hospital Ouro Verde: a empresa responsável pelos exames de imagens, de lavanderia e exames laboratoriais. Os desvios envolveram o direcionamento de contratação de fornecedores com preços superfaturados e entrega de vantagens indevidas para agentes públicos, destacou o MP.
O processo contra o empresário
Um áudio de Sylvino revela um pedido do empresário para que o jornal fizesse uma ‘devassa’ na vida dos vereadores de oposição, Pedro Tourinho (PT), Marcelo Silva (PSD) e Tenente Santini (PSD) porque eles falavam da na tribuna da Casa da Operação Ouro Verde. O diálogo, aconteceu com o chefe de reportagens do jornal, Ricardo Fernandes.
Quem foi preso
Sílvio Bernardin, secretário municipal de Assuntos Jurídicos
Sylvino de Godoy Neto, dono do jornal Correio Popular
Thiago Neves, membro da gestão da Vitale, que administrava o Hospital Ouro Verde, preso em Jundiaí
João Carlos da Silva Júnior, preso na capital paulista
Danilo Silveira, dono de laboratório de análises clínicas
Felipe Brás, empresário da empresa de higienização de material hospitalar Grennlav
Alcir Fernandes Pereira, contador da Vitale
O filho de Sylvino, Gustavo Kahttar de Godoy, ainda não foi preso, mas segundo seu advogado Ralph Tórtima, ele se não se encontra na cidade e apresentará a justiça amanhã. Gustavo tinha empresa de exames de imagem que prestava serviço ao Hospital Ouro Verde.
Operação Ouro Verde
Na primeira etapa da operação, iniciada há uma ano apurou-se o desvio de mais de R$ 4,5 milhões de reais de recursos públicos, em esquema criminoso que envolveu o direcionamento de contratação de fornecedores com preços superfaturados e a entrega de vantagens indevidas a agentes públicos.
Segundo o MP, esses valores se somam às quantias apuradas na 1a e 2a fases da Operação Ouro Verde, ocorridas em novembro do ano passado e em março deste ano, totalizando a apuração, até então, de cerca de R$ 7 desviados dos cofres públicos no período de gestão da Organização Social Vitale no Hospital Ouro Verde.
Vereadores querem abrir CP
De acordo, com o promotor Daniel, os três vereadores foram chamados na sede do Ministério Público de Campinas (SP), essa manhã, o qual foi entregue os áudios da conversa de Godoy.
À imprensa, os vereadores relataram a intenção de abrir uma Comissão Processante contra o prefeito. Em nota, a Prefeitura de Campinas informou que trata-se de assunto interno da Câmara de Vereadores e a Prefeitura aguardará a decisão.
Marcelo Silva (PSD) acha que tem embasamento suficiente para entrar com uma Comissão Processante apurando a responsabilidade do prefeito.
Pedro Tourinho (PT), disse que já havia indícios de intimidação. “Levantar dados das nossas vidas pessoais para colocar isso no jornal e de alguma maneira nos constranger no sentido evidente mesmo de tentar impedir o exercício pleno da nossa função de fiscalização, de denúncia e de combate à corrupção na cidade”, afirmou.
“Acontece não só no caso do Ouro Verde. Acontece no caso do transporte público da cidade, acontece em investigação que nós temos de merenda. Acontece em dez ou 15 frentes diferentes na cidade de Campinas, na Sanasa, onde vocês imaginarem tem algum esquema de corrupção nessa cidade”, afirma o vereador Tenente Santini (PSD).
Para que a Comissão Processante seja aberta é preciso que o parlamentar protocole o pedido para que ele seja votado em plenário.
A Prefeitura de Campinas disse, ainda, que reitera “de forma veemente, sua disposição de contribuir com a Justiça, como tem feito desde o início das apurações, tomando medidas administrativas assertivas, sempre diante dos fatos”.