Desde 2009, uma parceria inédita uniu professores da rede municipal de ensino de Campinas e pesquisadores da Embrapa com o objetivo de criar um Geoatlas com informações sobre a produção agrícola da Região Metropolitana de Campinas (RMC). O trabalho tem enfoque histórico nas culturas de cana-de-açúcar, café, frutas, hortas e produção animal, e, por meio de imagens de satélites, poderão ser exploradas em diversos componentes curriculares como História, Geografia, Ciências e Matemática.
Ao longo dos três anos do projeto “Geotecnologias como apoio à elaboração de material didático para o ensino fundamental: Atlas Ambiental Escolar da Região Metropolitana de Campinas (Geoatlas), fizeram parte da pesquisa a formação dos professores para lidar com o material pesquisado, como o curso “Spring aplicado à Educação”, que permite a sobreposição de imagens feitas por satélite para discussões em sala de aula, por exemplo, sobre as transformações ambientais ano a ano.
Segundo a coordenadora do projeto, Cristina Criscuolo, a Embrapa já havia tido uma experiência com escolas estaduais em um trabalho que deu origem a um livro e um jogo educativo. Com o Geoatlas, os pesquisadores quiseram dar um passo maior. “A primeira proposta foi fazer um material sobre o município de Campinas, mas o tema agricultura acabou extrapolando para a RMC”, explica a pesquisadora.
Atualmente, a equipe conta com 19 professores e 15 pesquisadores e funcionários da Embrapa, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e da Universidade de Sâo Paulo (USP). A pesquisa já está na fase final de elaboração dos capítulos do Geoatlas, que tem previsão para ser concluído em dezembro e será disponibilizado por meio de publicação impressa e pela internet, podendo ser utilizado nos laboratórios de informática das escolas municipais de Campinas.
Os capítulos que compõem o Geoatlas abordam culturas comuns da RMC, como cana-de-açúcar, café, flores, hortas, pastagem e pecuária e são feitos pelos professores. A parte mais técnica do trabalho, como a elaboração de mapas, cabe aos pesquisadores, mas tudo é amplamente discutido pelo grupo.
Etapas
Até chegar à produção do livro, o grupo passou por capacitações e oficinas que ocorreram no Centro de Formação, Tecnologia e Pesquisa Educacional (Cefortepe). Foram discutidos a metodologia para elaboração do livro e a definição do conteúdo. “Agora está sendo feita a validação do conteúdo, paralelamente à discussão de como vamos apresentar o livro. O material está sendo lido e vamos começar a realizar oficinas para fechar o trabalho”, explicou Cristina Criscuolo.
A opção por realizar o projeto inédito com professores foi para que o trabalho tenha um viés mais didático e pedagógico, com o objetivo de ser amplamente usado no dia a dia escolar. “O material é uma forma de trazer a realidade para a sala de aula e o professor é fundamental porque é ele quem tem a noção do que o material deve conter para ser bem aproveitado por ele e pelos alunos”, avaliou a pesquisadora.
O professor de História e Educação de Jovens e Adultos (EJA) das Emefs Humberto de Alencar Castelo Branco e Professor Benevenuto Figueiredo Torres, Durival José Gasparoto, concorda com a coordenadora sobre a importância da criação do Geoatlas.
“Não temos esse tipo de material didático que está sendo construído. É importante que o aluno conheça temas locais para compreender as transformações na região e consequentemente, no mundo”, afirmou o educador, que acredita que a parceria entre professores e pesquisadores favorece o ambiente de pesquisa em sala de aula. “Esse trabalho conjunto vai transformar a sala de aula em ambiente de produção de conhecimento”, disse.
Na opinião do professor, o uso de tecnologias e das imagens por satélite motiva os alunos a aprenderem e, além disso, faz com que os professores se atualizem no processo de ensino-aprendizagem e tragam novas estratégias para a sala de aula.
Segundo Maria José Adami, educadora e articuladora da Secretaria Municipal de Educação com o projeto Geoatlas, após a conclusão do projeto, a ideia é tornar os professores que participaram do trabalho formadores de outros educadores da rede municipal, para que o material possa ser usado amplamente nas escolas de ensino fundamental.
O professor de História participa pela primeira vez de um projeto como o Geoatlas e tem opinião clara sobre o trabalho. “Com este material, nós professores não só reproduzimos, mas participamos da construção do conhecimento”, concluiu. Mais informações sobre o projeto Geoatlas podem ser conferidas no site: http://www.cnpm.embrapa.br/projetos/geoatlas




