Haddad lembrou que é um crítico do teto de gastos desde 2018, por ser um mecanismo cuja impossibilidade de execução coloca em risco a própria responsabilidade fiscal
O compromisso com a inserção do pobre no orçamento federal, integrado em um projeto sustentável do ponto de vista fiscal, estará no centro da política econômica do novo governo, garante o futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Em coletiva na noite desta terça-feira (13), o petista detalhou como o governo irá consertar o estrago de Jair Bolsonaro e Paulo Guedes nas contas públicas ao mesmo tempo em que irá promover crescimento econômico com inclusão social.
Na entrevista, Haddad confirmou nomes que integrarão a equipe da pasta a partir de janeiro. O economista Gabriel Galípolo será o próximo secretário-executivo enquanto Bernard Appy será secretário especial para a reforma tributária. Galípolo foi presidente do banco Fator entre 2017 e 2021. Já Appy foi secretário-executivo e secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda nos governos Lula.
Haddad explicou que Appy estudou a fundo o assunto e desenhou uma proposta de reforma tributária que é base para as discussões no Congresso Nacional. O novo ministro sugeriu que a nova proposta poderá ser apresentada junto com um novo modelo de arcabouço fiscal. “Se houver amadurecimento por parte do governo, nós vamos encaminhar o quanto antes, entendo que essas duas cosas poderiam caminhar juntos, porque a reforma tributaria é parte do arcabouço fiscal”, detalhou.
Haddad lembrou que é um crítico do teto de gastos desde 2018, por ser um mecanismo cuja impossibilidade de execução coloca em risco a própria responsabilidade fiscal. “O arcabouço deve ter a premissa de ser confiável, e deve demonstrar a sustentabilidade das finanças públicas”, apontou. Para o ministro, a politica econômica deve combinar o financiamento dos programas prioritários do governo e a sustentabilidade da dívida pública”.
Desafio será corrigir erros do atual governo
Segundo o petista, o grande desafio será corrigir erros, em 2022, da atual equipe econômica, mais preocupada em eleger Bolsonaro do que governar. “Isso traz um custo para o país, e pretendemos corrigir essas distorções sem tirar o pobre do orçamento. “Não podemos admitir a fome e a corrosão do poder de compra dos salários”.
Haddad afirmou que a combinação de responsabilidade fiscal e social são perfeitamente exequíveis: “Já fizemos e vamos voltar a fazer”, garantiu. “ O Estado é fortalecido não com descontrole, mas com previsibilidade e confiança, com investidores sabendo o que está acontecendo”.
“Temos que definir uma política econômica sensata e equilibrada. Nós temos problemas para corrigir, não são problemas pequenos”, disse, defendendo “um Estado que pode investir, que pode suprir as necessidades da população de saúde, educação, assistência, combate à fome”.
“Queremos voltar à normalidade, conduzir a política econômica compatibilizando essas duas diretrizes que não podem estar em antagonismo”.
O futuro ministro também reafirmou a disposição do governo de retomar pastas fundamentais dos governos Lula, como Planejamento e Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. “É um modelo melhor, que não centraliza tantos poderes nas mãos de uma só pessoa. O presidente Lula é muito participativo na economia, e não terceiriza responsabilidades”, esclareceu.
Da Redação do PT