18.9 C
Campinas
domingo, setembro 22, 2024

Leitura de carta e poesia marcam velório de Rubem Alves

Data:

rubem alves

O velório do corpo do escritor Rubem Alves, – que morreu na manhã deste sábado (19) em decorrência de falência múltipla de órgãos – teve início às 21h35 no Plenário da Câmara Municipal de Campinas e foi marcado pela leitura de uma carta escrita por ele em que se despede de familiares e amigos, pela citações a trechos da bíblia e declamação de poesias. Segundo o amigo Carlos Brandão, Rubem Alves teria pedido que a cerimônia fosse marcada “por momentos de poesia” e não de lamentação.

Com serenidade, Brandão lembrou o escritor pediu para ser cremado e que as cinzas fossem espalhadas num ipê amarelo “a árvore preferida de Rubem, ao lado de uns pés de caqui”. Na carta lida pelo amigo, Rubem avisou. “Não terei últimas palavras. O que tinha para dizer, já disse em vida”.

“Não tenho medo da morte. Tenho medo de morrer, pois morrer pode ser humilhante”, escreveu Rubem, em carta lida pelo também amigo Régis de Morais. No documento, Rubem cita trechos de Eclesiastes “vai, pois, come com alegria teu pão e bebe com o coração contente o teu vinho, pois Deus já se agrada de tuas obras” e lembrou o escritor e antropólogo Carlos Castañeda que, inspirado pelo xamã Don Juan, lembrou do inevitável da morte. Na carta, Rubem ainda deixou um adeus aos filhos e professou amor à mulher. No final, Morais declamou poesia do português Antero de Quental. Rubem Alves era casado com Lidia Nopper Alves e deixa três filhos.

A pedido dos familiares, o Plenário ficou aberto para a visitação do publico até a meia-noite. O espaço foi reaberto às 7 horas do domingo. A partir daí, o velório prosseguiu até o meio-dia, quando o corpo foi trasladado para o Crematório Metropolitano Primaveras, em Guarulhos, na Grande São Paulo. A cremação deverá ocorreu na tarde deste domingo. O acesso ao plenário foi realizado pela Avenida Engenheiro Roberto Mange, nº 66, bairro Ponte Preta.

Nascido em 15 de setembro de 1933 na cidade de Boa Esperança, no Sul de Minas Gerais, Rubem Alves morava em Campinas há 42 anos.

É autor de 158 livros, dos quais 57 infantis, traduzidos em 12 países. Também é membro da Academia Campinense de Letras (ACL) e professor emérito da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).Em 2010 foi homenageado pela Câmara Municipal de Campinas com o Diploma de Mérito Literário “José Paranhos de Siqueira”. Em 1995 recebeu o Título de Cidadão Campineiro e no ano seguinte a medalha Carlos Gomes de contribuição à cultura.

Entre as obras infantis de Rubem Alves estão “A volta do pássaro encantado” e “A pipa e a flor”. Alves escreveu também sobre teologia, filosofia, educação, além de crônicas. É autor de “Tempus fugit”, “O quarto do mistério”, “A alegria de ensinar”, “Por uma educação romântica” e “Filosofia da ciência”, e diversos outros. Em 2009 ficou em 2º lugar do Prêmio Jabuti na categoria Contos e Crônicas, com o livro “Ostra Feliz Não Faz Pérola”.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Compartilhe esse Artigo:

spot_imgspot_img

Últimas Notícias

Artigos Relacionados
Relacionados

Bem-Estar Animal realiza 2ª feira de adoção de cães e gatos na Lagoa do Taquaral

Evento ocorre no próximo domingo, 23, no portão 1...

Três linhas de ônibus terão trajetos alterados a partir de segunda, 27

Os usuários do transporte público coletivo que utilizam as...

MPSP obtém liminar para que Campinas elabore planos de manejo para três unidades de conservação

No dia 14 de novembro, a Promotoria de Justiça...
Open chat
Quer anunciar ligue (19) 99318-9811
Redação (19) 99253-6363