Pastor intensifica ataques após pesquisa Datafolha apontar crescimento do petista entre cristãos; Lula amplia diálogo com lideranças religiosas e cogita evangélico para o STF
Por Sandra Venancio
O pastor Silas Malafaia voltou a atacar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) neste domingo (19), após a divulgação de uma pesquisa Datafolha que mostra o crescimento do petista entre os eleitores evangélicos, base tradicional do bolsonarismo. Em tom exaltado, Malafaia disse sentir “vergonha” de ver fiéis apoiando o presidente e o acusou de “enganar o povo de Deus”.
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“Fico com vergonha de ver um irmão evangélico dizer que apoia um cara desses, que combate historicamente família, costumes e pátria — valores inegociáveis da nossa fé”, declarou o líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, em vídeo publicado nas redes sociais. “Chega de enganar o povo de Deus. Onde ele estiver, quero estar longe. Esse cara tem o espírito de engano. Pode usar a mídia, pode usar o que quiser, Lula. Você não vai mais enganar evangélicos e cristãos em geral.”
Lula busca aproximação com líderes religiosos
Os ataques ocorrem em meio à estratégia de aproximação de Lula com o segmento evangélico, que inclui reuniões frequentes com pastores e bispos de grandes denominações. Na última quinta-feira (16), o presidente se reuniu com lideranças evangélicas e com o advogado-geral da União, Jorge Messias, cotado para assumir a vaga deixada no Supremo Tribunal Federal (STF) após a aposentadoria antecipada do ministro Luís Roberto Barroso.
O encontro contou com a presença do bispo Samuel Ferreira, da Assembleia de Deus de Madureira, e do deputado Cezinha de Madureira (PSD-SP), além da ministra Gleisi Hoffmann, das Relações Institucionais. Messias, que é cristão, conta com o apoio de parte da bancada evangélica, inclusive entre parlamentares não alinhados ao governo.
Datafolha mostra avanço do petista entre evangélicos
A pesquisa Datafolha de setembro revelou que Lula conseguiu reduzir a vantagem do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) entre os evangélicos. Segundo o levantamento, o petista subiu de 28% para 32% das intenções de voto nesse grupo, enquanto Bolsonaro caiu de 51% para 49%, reduzindo a diferença de 23 para 17 pontos percentuais.
O resultado foi interpretado como um sinal de que a narrativa bolsonarista de que Lula fecharia igrejas perdeu força. Desde o início do ano, o presidente tem feito encontros regionais com pastores e reafirmado publicamente sua fé cristã.
“Se tem um brasileiro que não precisa provar que acredita em Deus, esse brasileiro sou eu”, disse Lula em reunião com líderes evangélicos em São Gonçalo (RJ). “Não teria chegado onde cheguei se não fosse a mão de Deus dirigindo meus passos.”
Com o avanço do petista nesse eleitorado, Malafaia intensificou seu discurso, tentando preservar a influência que ainda exerce entre fiéis de direita. Analistas políticos apontam que a disputa por votos evangélicos será decisiva nas próximas eleições — e que a reação do pastor reflete a preocupação do bolsonarismo com a perda desse reduto religioso.
