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quarta-feira, agosto 6, 2025

Mello Franco: “Posse de Ernesto Araújo foi o samba do diplomata doido”

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Dentro de uma instituição centenária, caracterizada por um senso de hierarquia e que construiu sua reputação internacional calcada nas negociações multilaterais, a chegada de Ernesto Araújo é encarada por muitos diplomatas com profunda desconfiança.

 

“Diante de olhares espantados, exaltou o ideólogo Olavo de Carvalho e mandou os funcionários do Ministério das Relações Exteriores lerem “menos New York Times e mais José de Alencar”. Repetiu a cantilena contra o “globalismo”, avisou que “não tem medo de sofrer” e prometeu “libertar a política externa e o Itamaraty”, rela Franco.

Para ele, “num governo que terá a pastora Damares Alves como ministra, o novo chanceler consegue chamar a atenção pelo exotismo. Uma façanha”.

Política externa ideológica

Para além das bizarrices de seu discurso, a posse do novo chanceler do Brasil significou uma ruptura com tradição multilateral da diplomacia do país e frustrou quem esperava tom moderado ou menos ideológico depois da transição.

Durante 30 minutos, o senador Aloysio Nunes (PSDB), que esteve à frente da diplomacia brasileira nos últimos dois anos, fez um discurso defendendo que o país mantenha o multilateralismo e o pragmatismo como diretrizes da política externa brasileira. Quando chegou a vez de o novo chanceler falar, Ernesto Henrique Fraga Araújo precisou de tempo semelhante para confirmar que, ao menos na retórica, promoverá um giro ideológico sem precedentes.

Araújo disparou críticas à ordem global vigente e ao que chamou de globalismo; valeu-se de citações em grego, latim e tupi; mencionou de São João a Olavo de Carvalho e rasgou loas aos governos populistas de direita nos Estados Unidos, Israel, Itália, Hungria e Polônia.

“O presidente Bolsonaro está libertando o Brasil por meio da verdade. Nós vamos também libertar a política externa e libertar o Itamaraty como o presidente Bolsonaro prometeu que faríamos em seu discurso de vitória”, declarou Araújo, no que foi certamente o momento mais constrangedor da cerimônia. Nesse ponto, apenas uma pequena parte das dezenas de diplomatas, políticos e embaixadores presentes aplaudiu efusivamente o novo chanceler. O restante dos que acompanhavam o ato na sala de recepções do Palácio do Itamaraty se manteve em silêncio.

Dentro de uma instituição centenária, caracterizada por um senso de hierarquia e que construiu sua reputação internacional calcada nas negociações multilaterais, a chegada de Ernesto Araújo é encarada por muitos diplomatas com profunda desconfiança. Há também expectativa entre os parceiros do país e o menor número de delegações estrangeiras presentes na posse de Bolsonaro (46 contra 110 no caso de Dilma e 120 com Fernando Henrique Cardoso) foi considerado um sintoma inquietante. E, para quem esperava que o chanceler moderaria o tom uma vez empossado ministro, seu pronunciamento foi um balde de água fria.

Com informações do El País

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