Depoimento surge durante apuração sobre supostos abusos na 13ª Vara de Curitiba
A nova frente de investigações contra a antiga estrutura da Lava Jato ganhou um capítulo inesperado. Uma ex-magistrada que atuou na Justiça Federal de Curitiba afirma ter sido agredida fisicamente pelo então juiz Sergio Moro dentro de um elevador restrito, após questionar o descumprimento de um habeas corpus. O relato foi revelado após a Polícia Federal deflagrar operação relacionada a denúncias do empresário Tony Garcia, que acusa Moro e procuradores de práticas ilegais e pressões clandestinas na 13ª Vara Federal.
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Segundo a jurista, a agressão teria ocorrido depois de confronto com servidoras que, segundo ela, teriam suprimido uma ordem de soltura. Dentro do elevador, o juiz a teria segurado pelo pescoço e exigido silêncio. O episódio teria resultado em abalo físico imediato, com reflexos no período pós-gestação. Sem confiança em canais internos da Justiça, a magistrada buscou diretamente um ministro do Supremo Tribunal Federal, a quem revelou o episódio, sem registrar denúncia formal na época.
Ela afirma ainda que passou a se sentir monitorada, mencionando a frequência diária de uma viatura policial circulando próximo à sua residência. Temendo riscos, comprou um carro blindado e decidiu abandonar a carreira anos depois.
A defesa de Moro não se pronunciou sobre o caso até o fechamento da reportagem.
Estrutura da Lava Jato volta à mira da PF
O depoimento da ex-juíza coincide com uma apuração da Polícia Federal sobre práticas atribuídas à 13ª Vara Federal de Curitiba e a relacionamentos extrajudiciais entre agentes públicos e investigados. As denúncias incluem supostas pressões ilegais, violações de sigilo e acordos informais que teriam extrapolado prerrogativas da Justiça. Cruzamentos de depoimentos, documentos e movimentações financeiras estão sendo analisados para verificar eventual atuação paralela, com suspeita de formação de rede organizada dentro do sistema judicial.
O caso reacende questionamentos sobre a preservação de provas, decisões tomadas fora dos autos e uso de instrumentos do Estado para fins de intimidação. A investigação da PF deve seguir com coleta de novos depoimentos, incluindo de ex-integrantes do Judiciário que atuaram naquele período.




