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quarta-feira, dezembro 4, 2024

No terceiro trimestre, PIB do Brasil supera Estados Unidos e empata com a China

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PIB aumentou 0,9% no terceiro trimestre do ano, o que deve levar à revisão para cima das projeções para 2024. Segundo análise do Ministério da Fazenda, PIB do 3º trimestre é o quarto maior do G20

O Ministério da Fazenda divulgou nesta terça (3) uma análise sobre o resultado do PIB no terceiro trimestre de 2024. Segundo a publicação, o crescimento de 0,9% é o quarto maior entre os países do G20, empatando com a taxa registrada pela China e ultrapassando os Estados Unidos, que ficou em 0,7%.

A Fazenda sinaliza que o PIB deve crescer acima de 3,3% este ano, previsto inicialmente pelo próprio ministério. A nota destaca também a forte expansão dos investimentos em máquinas e equipamentos, a chamada Formação Bruta de Capital Fixo. Quando as empresas investem em capital fixo, sinalizam esperar expansão futura.

“A formação bruta de capital fixo cresceu 10,8% no terceiro trimestre, após expansão de 5,7% no segundo trimestre. O maior ritmo de crescimento interanual está relacionado à expansão da construção e ao aumento na produção e importação de bens de capital. O bom desempenho das captações no mercado de capitais e o mercado de trabalho aquecido tem impulsionado a expansão dos investimentos, até o terceiro trimestre pouco afetados pelo aumento nas taxas de juros”, analisa a nota da Fazenda.

O ritmo de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) continuou robusto no terceiro trimestre. O aumento de 0,9% é superior à projeção do Boletim Macrofiscal de novembro do Ministério da Fazenda, quando ainda não estavam disponíveis indicadores que mostraram aceleração da atividade. Esse fortalecimento deverá levar à revisão para cima da estimativa para o PIB brasileiro de 2024, atualmente em 3,3%, repercutindo perspectivas de maior crescimento para a indústria e para os serviços. As informações constam em Nota Informativa da Secretaria de Política Econômica (SPE) divulgada nesta terça-feira (3/12).

Segundo o documento, os resultados do PIB no terceiro trimestre “mostraram que a economia brasileira seguiu em ritmo robusto de expansão mesmo com menores impulsos fiscais”. O principal motivo do crescimento, de acordo com a nota da SPE, foi o bom desempenho da indústria de transformação e construção e o crescimento na prestação de serviços diversos, o que se refletiu, do ponto de vista da demanda, “em forte expansão do consumo das famílias e, principalmente, do investimento”.

A atividade econômica deve continuar a crescer no próximo trimestre, embora com desaceleração na margem, aponta o documento. A política monetária mais contracionista deverá restringir o ritmo de expansão das concessões de crédito e dos investimentos, mas, apesar disso, são esperados “impulsos positivos” do mercado de trabalho, “que deverá seguir resiliente, estimulando a produção e o consumo das famílias”. A nota informativa destaca, para 2025, “a boa perspectiva para setores menos cíclicos, como a agropecuária e a produção extrativa”. Na análise da SPE, o bom desempenho dessas atividades deve ajudar a mitigar a desaceleração esperada para as atividades cíclicas, mais impactadas pelo aumento dos juros e pelos menores estímulos fiscais.

Comparação trimestral

O crescimento do PIB em 0,9% na comparação trimestral com ajuste sazonal, divulgado nesta terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), veio acima da mediana das previsões de mercado (0,8%) e em linha com a projeção atualizada da SPE (0,9%). Em comparação às expectativas da SPE para o resultado na margem, ocorreu queda mais acentuada da atividade agropecuária e menor expansão da indústria, em consequência, sobretudo, do recuo na produção extrativa e da construção, ao contrário do esperado. Conforme a nota informativa, o resultado para o setor de serviços “surpreendeu positivamente, influenciado pelo forte desempenho de outras atividades de serviços”.

Do ponto de vista da demanda, “a absorção doméstica seguiu contribuindo positivamente para o crescimento, mais que compensando a contribuição negativa vinda do setor externo”. Pelo lado da oferta, na comparação com o trimestre anterior com ajuste sazonal, o setor agropecuário registrou recuo de 0,9%, ante queda de 1,3% no segundo trimestre. Na indústria, houve avanço de 0,6% na margem, frente a um crescimento de 1,6% no trimestre anterior. No setor de serviços, a atividade avançou 0,9% no terceiro trimestre, próximo do avanço registrado no segundo trimestre.

O documento registra ainda que, pelo lado da demanda, na margem e com ajuste sazonal, o consumo das famílias cresceu 1,5%, acima da variação de 1,4% no segundo trimestre. O consumo do governo também acelerou na margem, passando de -0,3% para 0,8% do segundo para o terceiro trimestre. A formação bruta de capital fixo seguiu crescendo em ritmo expressivo pelo quarto trimestre consecutivo, com uma variação de 2,1%, levemente inferior à alta 2,2% no segundo trimestre. As exportações recuaram 0,6%, de alta de 1,5% no trimestre anterior, enquanto as importações desaceleraram, registrando expansão de 1,0% no terceiro trimestre, em comparação a uma alta de 7,3% no segundo trimestre.

Comparação interanual

Na comparação com o mesmo período de 2023, o PIB do terceiro trimestre de 2024 cresceu 4%, em uma aceleração frente à alta de 3,3% verificada no segundo trimestre. A variação ficou acima da mediana das expectativas de mercado (3,9%) e levemente abaixo da projeção atualizada da SPE (4,1%). Na comparação interanual, o recuo do PIB agropecuário no terceiro trimestre foi menos expressivo que o registrado no segundo trimestre. O PIB industrial apresentou menor ritmo de crescimento, enquanto o PIB de serviços acelerou.

O PIB agropecuário recuou 0,8% no terceiro trimestre, em comparação a uma queda de 3,3% no trimestre anterior. A diminuição menos acentuada da atividade na passagem entre trimestres repercute, principalmente, o peso menos expressivo das culturas de soja e milho no terceiro trimestre. O PIB da indústria desacelerou de 4% no segundo trimestre para 3,6% no terceiro, “repercutindo o recuo expressivo da indústria extrativa e o menor ritmo de expansão na produção de eletricidade e gás”. Em contrapartida – pontua o documento –, frente ao segundo trimestre, houve avanço da indústria de transformação e da construção.

No setor de serviços, o crescimento interanual do PIB avançou de 3,6% no segundo trimestre para 4,1% no terceiro. Por subsetor, apenas o PIB de atividades imobiliárias não acelerou nessa base de comparação. Em todos os demais subsetores, o ritmo de crescimento aumentou frente ao segundo trimestre mesmo com os menores estímulos fiscais, refletindo a queda no desemprego e o bom desempenho do mercado de crédito, imobiliário e de capitais, entre outros fatores.

Lado da demanda

Prosseguindo na comparação interanual, a nota assinala que, pela ótica da demanda, foi verificada aceleração do consumo, tanto das famílias quanto do governo, e dos investimentos do segundo para o terceiro trimestre. As importações registraram maior ritmo de crescimento no período, enquanto as exportações desaceleraram.

A variação interanual do consumo das famílias subiu de 5,1% para 5,5% do segundo para o terceiro trimestre, refletindo o ritmo robusto de crescimento da massa real de rendimentos e das concessões de crédito a pessoas físicas. Ainda na comparação interanual, do segundo para o terceiro trimestre, houve aceleração no consumo de serviços e de bens semiduráveis, mais que compensando a desaceleração no ritmo de expansão do consumo de produtos não duráveis e duráveis, sobretudo importados.

O consumo do governo também acelerou na comparação interanual, passando de 1,2% para 1,3% do segundo para o terceiro trimestre. A formação bruta de capital fixo cresceu 10,8% no terceiro trimestre, após expansão de 5,7% no segundo trimestre. O maior ritmo de crescimento interanual está relacionado à expansão da construção e ao aumento na produção e importação de bens de capital.

As exportações desaceleraram de 4,3% para 2,1% do segundo para o terceiro trimestre, enquanto as importações avançaram de 14,7% para 17,7%. A desaceleração das exportações na comparação interanual repercutiu o menor ritmo de vendas de produtos, agropecuários e extrativos, e de serviços, em contraposição à aceleração das vendas de bens de capital e de bens de consumo duráveis. No caso das importações, houve aumento no ritmo de crescimento de compras de produtos extrativos e industrializados e de serviços.

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