Polícia bloqueia bens milionários e investiga racha após troca na Segurança
A Polícia Civil de São Paulo desencadeou nesta quinta-feira (4) a Operação Falso Mercúrio para desmontar um esquema de lavagem de dinheiro atribuído a uma facção que opera no estado. A ação ocorre logo após a troca no comando da Secretaria de Segurança Pública, onde o ex-secretário Guilherme Derrite deixou o cargo e o delegado Osvaldo Nico Gonçalves assumiu a pasta.
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A Justiça autorizou o sequestro de 49 imóveis, 257 veículos e três embarcações, além do bloqueio de contas bancárias de 57 pessoas e empresas apontadas como participantes do esquema. Ao todo, foram cumpridos 54 mandados, sendo seis de prisão, em regiões da capital e da Grande São Paulo.

A 3ª Delegacia de Investigações Gerais apura uma engrenagem que teria crescido às sombras de atividades como tráfico de drogas, estelionato e jogos ilegais. Segundo a investigação, a estrutura era dividida em três frentes: coletores que recolhiam dinheiro vivo, intermediários que movimentavam os valores e beneficiários responsáveis por receber as quantias já “limpas”. A ofensiva mobilizou cerca de 100 agentes.
Rastro do dinheiro
A operação ocorre em meio à mudança de comando na Segurança Pública, o que levanta possíveis disputas internas e redirecionamento de estratégias no combate às facções. A nova gestão assume com a narrativa de descapitalizar o crime organizado, ponto considerado sensível no enfrentamento de grupos que, historicamente, sustentam poder com estrutura financeira sofisticada, utilizando empresas de fachada e bens em nome de terceiros.
A apreensão de quase 50 imóveis expõe que o núcleo investigado atuava com forte inserção no mercado imobiliário, setor tradicionalmente usado para dar aparência lícita a ganhos ilegais. O sequestro de embarcações sugere circulação em áreas de lazer de alto padrão, reforçando o padrão de vida ostentado por alguns suspeitos. Já o bloqueio de contas empresariais indica que o grupo pode manter rede de negócios simulados, possivelmente em ramos como serviços, transporte e comércio varejista, segmentos frequentemente utilizados por organizações criminosas.
A Justiça vem ampliando investigações patrimoniais após decisões que consolidaram o confisco de bens vinculados ao crime mesmo sem condenação definitiva, seguindo entendimentos aplicados pelo Supremo Tribunal Federal. A estratégia permite atingir o caixa das facções e coloca o patrimônio como alvo principal, e não apenas os executores.
Com a Falso Mercúrio, a Polícia Civil mira agora a origem e o destino final dos recursos. A análise contábil e o cruzamento de dados fiscais devem revelar os reais controladores das empresas e os nomes ainda não expostos publicamente.
Novas apurações
A operação busca beneficiar a nova gestão da pasta? A amplitude da ação sugere trabalho prévio já avançado, indicando que o momento de deflagração pode ter relação direta com a troca de comando. A investigação também deverá esclarecer se houve falhas anteriores de monitoramento que permitiram ao grupo acumular tantos bens.
Outro ponto a ser acompanhado é como empresas e laranjas serão enquadrados: intermediadores econômicos poderão responder por organização criminosa, lavagem e ocultação de patrimônio, abrindo espaço para delações e disputas internas.
O Jornal Local acompanhará os próximos passos, incluindo eventuais novos alvos, origem societária das empresas e possíveis impactos na estrutura financeira da facção. Se confirmadas novas ramificações, o caso pode se tornar o maior confisco patrimonial ligado ao crime organizado no estado.




