Qualidade de vida atrai, mas região sofre com a urbanização
Dados da Secretária de Planejamento e Desenvolvimento Urbano de Campinas mostram uma população jovem e de alta renda nos distritos de Sousas e Joaquim Egídio. Perto dos 30 mil habitantes, a região ganha em qualidade de vida, mas sofre com o processo de urbanização imobiliária e turística.
As informações ainda revelam que 40% dos responsáveis pelos domicílios, principalmente nas regiões do São Conrado e do Jardim Botânico, tem uma renda superior a 20 salários mínimos.
A região é valorizada devido à quantidade de paisagens naturais, atraindo pessoas com maior poder aquisitivo, em busca de uma boa qualidade de vida. Com isso novos empreendimentos imobiliários e turísticos de alto padrão surgem para atender a demanda elitizada.
Por outro lado, 28% dos responsáveis pelos domicílios da região central têm uma renda entre um até três salários mínimos.
“A maior desigualdade é retratada dentro dos próprios distritos, uma vez que a população local, nascida e criada em Sousas e Joaquim Egidio não tem condições de utilizar bosques, praças e até mesmo caminhos, que ficaram dentro dos domínios dos loteamentos que foram fechados” explica a Mestra em Geografia Urbana, Ana Maria Fernandes.
A faixa etária da população da região é muito equilibrada, o número de crianças e jovens chega a 33,5% do total dos habitantes. Mas a maior parte é formada por pessoas de 20 até 40 anos, chegando a 35%. Entre os idosos, com mais de 70 anos, o maior número está em Joaquim Egídio, com 7%.
A condição de moradia na região é uma das melhores da cidade, apenas 0,4% das casas estão em condições improvisadas, os restantes são construções permanentes. A rede de distribuição de água abrage 75% das moradias, os outros 25% são poços e nascentes, atendendo principalmente as áreas rurais dos distritos.
Os distritos estão livres do processo de verticalização urbana, que ocorre em por toda a cidade de Campinas, com a construção de edifícios. Sem empreendimentos verticais, a região é marcada pelo grande número de loteamentos e mesmo sendo Área de Proteção Ambiental, a degradação acaba ocorrendo.
“A grande quantidade de entulho da construção civil muitas vezes é descartada em áreas de várzeas, o que provoca o assoreamento dos rios Atibaia e Jaguari e muitas enchentes nos meses de chuva. Além disso, há desmatamento para a construção desses condomínios, o que contribui para a expulsão de muitos animais nativos, que ficam sem o seu habitat natural e frequentemente são atropelados nas redondezas”, completa Ana Maria Fernandes.
Luciano Claudino