29.9 C
Campinas
segunda-feira, dezembro 15, 2025
spot_img

“Preço para retirar candidatura”: Flávio Bolsonaro afirma que desistência de 2026 depende de “anistia” a condenados

Data:

Declaração mobiliza direita, críticas e acusações de chantagem

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que havia anunciado sua pré-candidatura à Presidência da República, surpreendeu o país ao admitir neste domingo (7) que poderá desistir da disputa — mas alertou: há “um preço para isso”. A fala reacendeu debates sobre anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023, beneficiando inclusive seu pai.

>> Siga o canal do Jornal Local no WhatsApp

Flávio Bolsonaro declarou, após deixar um culto em Brasília, que considera “uma possibilidade de não ir até o fim” da corrida presidencial. Segundo ele, a retirada da pré-candidatura depende de “um preço” que deverá ser negociado com dirigentes do bloco político de apoio, em reunião marcada para a segunda-feira (8).

O anúncio e o recuo em menos de 48 horas provocaram reações imediatas no campo político. Foto Bruno Peres/Agencia Brasil

Questionado se a “moeda de troca” seria a aprovação de anistia aos condenados pelos atos golpistas de 2023 — o que beneficiaria seu pai, Jair Bolsonaro — o senador respondeu de forma ambígua: “Está quente”.

Em entrevista ao “Domingo Espetacular”, da Record, Flávio disse que seu “preço” seria ver o pai “livre, nas urnas”. Ou seja: a devolução da elegibilidade de Jair Bolsonaro para concorrer, hipótese criticada por adversários como Lindbergh Farias (PT-RJ). Para Lindbergh, a declaração revela “chantagem” e expõe a estratégia da família Bolsonaro de condicionar apoio político à impunidade.

O anúncio e o recuo em menos de 48 horas provocaram reações imediatas no campo político. Para o membro da mesma família, deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), a desistência não seria opção: numa rede social, ele escreveu que “desistir não é uma opção! Para trás nem para tomar impulso, somente para frente!”.

A estratégia de lançar uma pré-candidatura para depois condicioná-la a concessões políticas — como anistia — reacende alerta entre analistas. Do ponto de vista institucional, a medida visaria beneficiar condenados por sediar ou organizar atos considerados golpistas, o que implicaria intenso debate no Congresso sobre a constitucionalidade da proposta. A movimentação também reflete aritmética da direita e do “Centrão”: a pré-candidatura de Flávio funciona como barganha para reposicionar alianças conforme o interesse de obter apoio à anistia.

O “preço político”: riscos institucionais e tração da malha de impunidade

A possibilidade de amnistia para condenados por atos golpistas — condicionada pela desistência da candidatura de Flávio — representa um teste severo ao compromisso com o Estado Democrático de Direito. A concessão de anistia a crimes contra a ordem democrática envolveria violação de cláusulas pétreas, abrindo precedente perigoso para o uso da prerrogativa como moeda de negociação partidária.

Se a negociação avançar, o Legislativo poderá se ver pressionado a aprovar uma pauta que implicaria revisão de condenações, favorecendo não só o entorno da família Bolsonaro, mas cargas judiciais relacionadas a eventos de 2023. Em termos políticos, a estratégia busca reabilitar a imagem da facção bolsonarista e garantir protagonismo nas eleições de 2026 — mesmo com o principal nome do grupo preso e inelegível até 105 anos.

As reações imediatas indicam, porém, que a manobra pode gerar isolamentos: dentro da direita, a indecisão de Flávio pode levar parte dos partidos a buscar um candidato mais estável — como Tarcísio de Freitas — especialmente se o “preço” for interpretado como tentativa de barganha de impunidade. Por fim, o episódio expõe fragilidades éticas profundas: transformar candidatura em instrumento de negociação judicial arrisca submeter à chantagem o próprio processo eleitoral e a separação entre crime/punição e estratégia partidária.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Compartilhe esse Artigo:

spot_img

Últimas Notícias

Artigos Relacionados
Relacionados

Planalto endurece discurso e condiciona liberação de emendas a corte de benefícios fiscais

Base aposta em atalho regimental para garantir R$ 20...

PF investiga gravações clandestinas na Lava Jato e amplia cerco a Moro e Dallagnol

Aparelho teria registrado 30 mil ligações sem autorização judicial...

Carla Zambelli renuncia ao mandato após após STF dar prazo ao Congresso

Extrema direita tenta transformar saída em estratégia jurídica, mas...

Senador articula barrar PL da Dosimetria e expõe contradições da Câmara

Projeto que reduz penas do 8/1 pode beneficiar crimes...
Jornal Local
Política de Privacidade

A Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) já está em vigor no Brasil. Além de definir regras e deveres para quem usa dados pessoais, a LGPD também provê novos direitos para você, titular de dados pessoais.

O Blog Jornalocal tem o compromisso com a transparência, a privacidade e a segurança dos dados de seus clientes durante todo o processo de interação com nosso site.

Os dados cadastrais dos clientes não são divulgados para terceiros, exceto quando necessários para o processo de entrega, para cobrança ou participação em promoções solicitadas pelos clientes. Seus dados pessoais são peça fundamental para que o pedido chegue em segurança na sua casa, de acordo com o prazo de entrega estipulado.

O Blog Jornalocal usa cookies para que possamos oferecer a melhor experiência de usuário possível. As informações de cookies são armazenadas em seu navegador e executam funções como reconhecê-lo quando você retorna ao nosso site e ajudar nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.

Confira nossa política de privacidade: https://jornalocal.com.br/termos/#privacidade