A presidenta do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), cobrou que a mídia corporativa mantenha a coerência com o seu histórico de apoio aos interesses do mercado financeiro. A parlamentar afirmou ser “muita cara de pau” os grandes jornais, que sempre defenderam a sabotagem praticada pelo Banco Central contra o país, agora responsabilizarem o presidente Lula pelo patamar extorsivo da taxa básica de juros (Selic) de 10,50% ao ano.
“O presidente bolsonarista do BC, os especuladores e a mídia passaram semanas pressionando pela manutenção da maior taxa de juros do planeta, inventando uma crise fiscal e um risco inflacionário que não existem. Aí o Copom faz o que eles queriam e os editoriais e colunistas põem a culpa… nas declarações de Lula. É muita cara de pau”, disse a parlamentar, na rede social X.
“Aliás, onde estavam os sábios da mídia quando o BC cruzou os braços diante da especulação com o dólar? Contando os ganhos? Onde estavam qdo o presidente do BC fez convescotes políticos com a oposição?!”, acrescentou.
Gleisi também manifestou apoio às críticas do presidente Lula aos setores que pregam cortes na saúde, na educação e em outras políticas públicas e, ao mesmo tempo, celebram os juros altos e ainda gozam dos benefícios da isenção fiscal.
“Continue falando as verdades que precisam ser ditas, presidente Lula. O Brasil é muito maior do que a ganância dessa gente que não quer pagar impostos e exige cortes no orçamento dos pobres. A verdade vai vencer, e o país também”, declarou a presidenta do PT.
Reféns do sistema financeiro”
No último dia 15, após participar da reunião do G7, na região italiana de Puglia, Lula foi enfático ao dizer que “não vamos fazer ajuste em cima dos pobres”. Afirmou também que “nós estamos cada vez mais reféns de um sistema financeiro que praticamente domina a imprensa brasileira”.
Já no dia 18, durante entrevista ao Jornal da CBN, o presidente declarou: “O que me deixa preocupado é que as mesmas pessoas que falam que tem que deixar de gastar, tem R$ 546 bilhões [na verdade, são R$ 646 bilhões] de isenção e desoneração de folha. São os ricos que se apoderam de uma parte do orçamento do país e eles se queixam do que está sendo gasto com o povo pobre. Por isso que eu disse que não me venham querer que se faça qualquer ajuste em cima das pessoas mais humildes do país”.
Gleisi também rebateu editorial da Folha de S. Paulo segundo o qual o Banco Central autônomo é uma proteção para Lula.
“Não, Folha, o BC “autônomo” não protege Lula. Protege os especuladores e as ricas elites que ganham muito, mas muito dinheiro, em cima da maior taxa de juros do planeta. Uma taxa mantida artificialmente, na marra mesmo, com apoio de editoriais como os de hoje e de uma cobertura econômica totalmente enviesada, que ignora os fatos econômicos para se manter fiel aos dogmas do neoliberalismo”, disse.
“O que vocês chamam de ‘autonomia’ do BC é a subserviência aos interesses do mercado, dos bancos e das corporações que a mídia representa”, acrescentou.