O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem uma agenda repleta de encontros com empresários nesta segunda-feira (12), em Pequim, onde cumpre visita oficial nos próximos dias.
Segundo o Palácio do Planalto, Lula se encontrará com os CEOs (diretores executivos) de duas grandes empresas chinesas. A primeira reunião será com Lei Zhang, da Envision Energy, que produz turbinas de energia eólica. Em seguida, Lula recebe Cheng Fubo, da Norinco, corporação industrial que atua nos setores de defesa, automotivo, fabricação de máquinas, produtos químicos, eletrônicos, entre outros.
Essas reuniões ocorrerão ao longo da manhã, no hotel onde Lula está hospedado, noite de domingo no horário oficial de Brasília.
Na parte da tarde de segunda, ainda madrugada no Brasil, Lula prossegue a agenda empresarial participando de encontro com representantes de empresas do setor de saúde, seguido da assinatura de acordos. No fim do dia, o presidente brasileiro participa do encerramento do seminário Brasil-China, que reúne empreendedores de ambos os países.
Durante a estadia do presidente brasileiro na China, a programação inclui assinatura de atos nas áreas de agricultura, comércio, investimentos, infraestrutura, indústria, energia, mineração, finanças, ciência e tecnologia, comunicações, desenvolvimento sustentável, turismo, esportes, saúde, educação e cultura
As exportações brasileiras para a China são superiores às vendas para os Estados Unidos e para a União Europeia. O Brasil é o sétimo principal fornecedor da China, informa o Ministério das Relações Exteriores.
“São vários temas de interesse do Brasil, como economia digital, conectividade, gestão de riscos de desastres, mas também comércio e investimento, saúde, segurança alimentar e nutricional, ciência e tecnologia e transição energética. Então é um fórum ao qual o Brasil atribui enorme importância”, registrou a embaixadora Gisela Padovan, secretária de América Latina e Caribe do Itamaraty, em declaração à imprensa no início da semana passada.
Cúpula Celac-China
Na terça-feira (13), a visita oficial terá continuidade com a participação do presidente brasileiro na cúpula de chefes de Estado e de Governo da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac) com o governo chinês. A Celac é a única organização que reúne praticamente todos os países latino-americanos.
No mesmo dia, cumprindo visita de Estado, Lula terá encontros com as principais autoridades chinesas, entre os quais o presidente da Comissão Permanente da Assembleia Nacional Popular, Zhao Leji, e o primeiro-ministro da China, Li Qiang, e, finalmente, uma reunião ampliada com o presidente da China, Xi Jinping, no Grande Palácio do Povo. Ao menos 16 acordos entre os dois países devem ser assinados na ocasião.
Lula, a primeira-dama Janja da Silva e uma comitiva de diversos ministros chegaram à China na noite de sábado (10), depois de visita à Rússia, onde o chefe do governo brasileiro de encontrou com o presidente Vladimir Putin, e participou da cerimônia de 80 anos da vitória da União Soviética sobre a Alemanha nazista, pondo fim à Segunda Guerra Mundial na Europa.
Comércio entre os dois paises
A China é atualmente o principal parceiro comercial do Brasil, ocupando a liderança tanto nas exportações quanto nas importações. De janeiro a março de 2025, o intercâmbio comercial entre os países foi de cerca de US$ 38,8 bilhões. No período, o Brasil exportou US$ 19,8 bilhões e importou US$ 19 bilhões. Entre os principais produtos exportados pelo Brasil encontram-se óleos brutos de petróleo, soja e minério de ferro e concentrados. O Brasil, por sua vez, importa da China principalmente embarcações, equipamentos de telecomunicações, máquinas e aparelhos elétricos, válvulas e tubos termiônicos (válvulas).
Relações políticas
As relações bilaterais têm-se caracterizado pelo dinamismo. Desde 2009, a China é o principal parceiro comercial do Brasil e tem sido uma das principais fontes de investimento externo no país. O relacionamento vai além da esfera bilateral: Brasil e China têm mantido diálogo também em mecanismos como Brics, G20, OMC e Basic (articulação entre Brasil, África do Sul, Índia e China na área do meio ambiente).
Em abril de 2023, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva realizou sua terceira visita de Estado à China. A visita resultou na mais abrangente declaração conjunta emitida pelos dois países, tratando de cooperação em áreas variadas – desde assuntos econômico-comerciais, de segurança alimentar e de cooperação espacial até temas internacionais, como o conflito na Ucrânia –, demonstrando a multidimensionalidade dos interesses compartilhados. Foram assinados 15 atos governamentais e anunciados 32 acordos empresariais, em áreas como energias renováveis; indústria automotiva; agronegócio; linhas de crédito verde; tecnologia da informação; saúde; e infraestrutura.
Outros nove instrumentos foram celebrados entre Estados da Federação e outras entidades ou empresas brasileiras e chinesas. No campo do meio ambiente, foi adotada a Declaração Conjunta sobre o combate à mudança do clima e foi decidido criar, no âmbito da Cosban, subcomissão específica sobre a matéria. Cosban é a sigla para a Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação.
A China figura entre as principais fontes de investimento estrangeiro direto no Brasil, com crescente presença em setores de relevo da economia nacional. Destacam-se os investimentos nos setores de eletricidade e de extração de petróleo, bem como de transportes, telecomunicações, serviços financeiros e indústria.
Lula e o presidente chinês, Xi Jinping, encontraram-se também em novembro de 2024 no Brasil, após o líder chinês ter participado das reuniões do G-20 no Rio de Janeiro, sob presidência brasileira. Nos encontros bilaterais, em Brasília, foram assinados protocolos de entendimento e acordos comerciais.
A previsão é que o presidente volte ao Brasil na quarta-feira (14).