A principal luta dos profissionais de odontologia no Brasil é pelo acesso da população ao atendimento odontológico, em diversos níveis de atenção, o que poderia contribuir para a melhoria da saúde bucal. O país concentra o maior número de dentistas, – aproximadamente 220 mil ou cerca de 20% entre os quase um milhão de profissionais da Odontologia do mundo. No entanto, a população em geral ainda apresenta índices epidemiológicos que denotam insuficiência no acesso à atenção odontológica.
Essa é a principal bandeira do setor que hoje, 25 de outubro, comemora o Dia do Dentista e o Dia Nacional da Saúde Bucal. “Não adianta o Brasil ser o país com o maior número de dentistas do mundo, se, este contingente profissional não atinge uma parcela importante da população”, explica a dentista Flávia Martão Flório, professora e coordenadora do Curso de Graduação em Odontologia da Faculdade São Leopoldo Mandic.
Os números foram divulgados pelo Ministério da Saúde e publicados no livro Perfil atual e tendências do cirurgião-dentista brasileiro, lançado em 2010 e, no relatório do último levantamento de abrangência nacional, finalizado em 2003. Este documento informa que no país, embora tenha-se atingido melhorias significativas no controle da cárie dentária de escolares, nas últimas décadas, ainda apresenta muito a se trabalhar para que a saúde bucal da população atinja um nível adequado e universal.
O Brasil forma, a cada ano, cerca de 9 mil profissionais, apenas dois mil profissionais a menos do que o contingente formado anualmente nos 26 países da Europa. Mesmo assim, o acesso da população ao dentista ainda é escasso. Dentre as pessoas de 15 a 19 anos de idade, por exemplo, 14% nunca foram ao dentista. Quanto a adultos e idosos, a percentagem de pessoas que foram ao dentista devido à presença de dor foi de cerca de 46% nessas faixas etárias.
Política públicas
A Política Nacional de Saúde Bucal, Brasil Sorridente, proposta em 2004, tem como eixo principal de ação a reorganização da atenção em saúde bucal, em todos os níveis de atenção, centrando-se não apenas na assistência aos doentes, mas, sobretudo, na promoção da boa qualidade de vida e intervenção nos fatores que a colocam em risco. Considerando os dados disponíveis no Sistema de Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde, 27% do total de cadastrados atua no SUS – Sistema Único de Saúde, trabalhando nas equipes da Estratégia Saúde da Família e nos centros de especialidades odontológicas.
Dez especialidades concentram 95% dos profissionais. As que apresentam mais profissionais com registro no Conselho são ortodontia e endodontia, com 11.778 e 9.120 profissionais, respectivamente. As que menos têm especialistas são as de saúde coletiva e implantologia, com 1.430 e 2.986 cadastrados, respectivamente.
A publicação traça um perfil da profissão e das perspectivas dos 219.575 profissionais que estão inseridos ou não no mercado de trabalho. Deste total, 59% concentram-se no Sudeste, sendo a maioria em São Paulo (33,08%), seguida de Minas Gerais (12,19%). A região Norte é a que apresenta a maior carência de especialistas em saúde bucal: 4%, ou um profissional para cada 1,8 mil habitantes.